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Pandora


Dois dias se passaram desde que eu me tornei parte da Gama Phi Beta e não houve sinal de Sam. Ela simplesmente desapareceu depois de nossa conversa e nem mesmo Kasey conhecia o seu paradeiro.

Sabia que era minha culpa e até estava me sentindo mal pela forma como lhe dei a notícia, mas o sentimento logo desapareceu quando descobri que, como sucessora da presidente, deveria tratar da iniciação deste ano e comparecer à reunião dos presidentes das casas universitárias para a organização da parada 'Quão Berkeley Você É' deste ano. Reunião que contaria com a presença de Adam, o mais novo presidente da Sigma Alfa Elipson.

Não estava preparada para esse encontro apesar de ansiá-lo. Queria saber como meu corpo reagiria à sua presença e se todos aqueles sentimentos do passado ainda estariam lá, mas não estava pronta para a resposta. Me apaixonei por Adam há alguns meses, mas parecia ter se passado anos e foi em meio a tantas mentiras que às vezes chegava a pensar que nada do que vivemos foi real e que todo aquele amor realmente nunca existiu. Como se fosse lembranças de uma vida roubada.

Isso não deveria está acontecendo. Eu não estava preparada para aquilo e a ideia de recusar o fardo de Sam me pareceu tentadora, mas diante o estardalhaço que aconteceu em minha chegada e a campanha ferina de Kasey para me expulsar da casa, tive que assumir o papel da abelha rainha.

─ Droga de menina mimada. Droga de ideia brilhante de vir para essa irmandade e droga de Draft que levou James, Liam e Jason. ─ era o que eu reclamava de forma rabugenta enquanto me aproximava do polo administrativo do campus.

Ao menos resolveria dois problemas de uma única vez: Extinguiria a ansiedade por reencontrar Adam e faria minha rematrícula. Esmery vinha me deixando louca por conta da minha total falta de interesse na renovação do curso e me fez prometer resolver a situação assim que findasse a mudança do apartamento e, para não ver o seu desapontamento, menti ao afirmar que tudo estava resolvido.

Nossa relação havia dado alguns bons passos antes de eu retornar à minha antiga rotina. Agora, tudo o que temos são decepções e lágrimas. Esmery não pode evitar se sentir péssima da mesma forma que eu não posso mais voltar a ser uma farsa. Teríamos que viver em eterna frustração.

Levantei o olhar para a enorme placa de sinalização que havia na recepção do prédio em busca do andar da sede do Conselho Estudantil e acabei trombando com um corpo grande e bem forte. Minha bunda beijou o chão com fervor e foi impossível não gemer.

─ Ah Meu Deus! Me perdoe. ─ a voz da pedreira na qual colidi lamentou enquanto uma mão apareceu no meu campo de visão.

─ Haverá um dia em que eu consiga vir a este prédio sem acabar no chão? ─ questionei a mim mesma após segurar a mão estendida e me por de pé para enfim conhecer meu atropelador.

Porra!

Bonito nem de perto seria a palavra que eu usaria para adjetivar o cara. Arrebatador seria um começo promissor... Alto, longos cabelos negros com alguns fios dourados pelo sol, olhos risonhos, cuja íris, de um tom escuro e profundo de castanho, quase se aproximavam do preto total, rosto sereno, apesar das características nativo-americanas ressaltarem força e bravura e lábios cheios na medida certa para serem considerados atraentes além do permitido para minha saúde mental. Lábios que, agora, desenharam um sorriso tímido de elevar pressão.

Meu bom Deus. Essa fôrma foi das boas!

─ Eu sou um desastrado. Não passo um dia sem que não promova um acidente. ─ o carinha gotoso confessou constrangido, o que o tornou ainda mais cativante.

PANDORA ||Livro 2||Onde histórias criam vida. Descubra agora