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Pandora

─ É inadmissível termos que ficar caladas frente a esse tipo de comportamento. Nossa irmandade possui um código e ninguém deveria estar acima das leis. ─ a voz insuportável de Kasey discursou quase aos sussurros à mesa do café da manhã quando me aproximei.

─ Mas o que podemos fazer? ─ questionou Katrina no mesmo tom fazendo-me parar por um momento para escutar mais do motim.

Sabia que depois de ontem, havia ganhado mais uma inimiga no seio da Gama Phi Beta, mas não imaginava que as duas víboras tramariam minha derrocada logo cedo da manhã.

─ Ela não pode com todas nós. Se juntarmos vozes o suficiente e exigirmos a expulsão, não haverá muito a ser feito. ─ a mosca de padaria replicou entusiasmada.

─ Acontece que há garotas aqui que morrem de medo e que jamais iriam se comprometer. ─ outra garota apontou.

─ Não precisamos de todas, Loren. ─ mais alguém se intrometeu. ─ A maioria já está de bom tamanho e posso afirmar que temos esse número.

─ Perfeito! ─ a cascavel que Adam criava comemorou. ─ Vamos começar a agir. Conversem com todas as descontentes sobre nosso plano e assim que possuirmos um bom número, reclamo uma reunião.

Katrina sorriu entusiasmada batendo palminhas como uma criança feliz.

─ Vamos dar uma lição nela. Quem sabe assim aquele sorrisinho arrogante desmorona.

─ Você sabe que se conseguirmos isso, a chance de...

─ O que você está fazendo grudada na parede? ─ Sam questionou à minhas costas levando-me às alturas.

─ Que diabos, Sam! Precisa chegar de forma tão sorrateira? ─ reclamei baixo, cuidando para não ser descoberta.

─ Não fiz silêncio algum, querida. Você é que estava bastante concentrada na conversa do coven em volta da mesa.

Voltei o olhar para a sala em busca de alguma movimentação que tivesse me denunciado, mas a conversa continuava a toda velocidade.

─ O que é tão interessante a ponto de lhe fazer bancar a espiã?

─ Kasey e Katrina estão reunindo reforços para pedir minha expulsão. ─ comentei me inclinando para voltar a ouvir.

─ Eu falei para i com calma porque Kasey sabe ser uma vaca quando quer.

Sorri para Sam com superioridade por saber que a mosquinha morta não chegaria a sequer me arranhar com suas manobras infantis. Kasey jogava dentro das regras, mas eu amava um golpe baixo.

─ Devo preparar o funeral em massa? ─ a loira questionou cansada. Seus olhos estavam vermelhos e inchados e havia orelhas profundas corrompendo o rosto sempre perfeito. Passei os olhos por seu visual amarrotado e totalmente inapropriado para o dia concluindo que ela havia acabado de chegar.

─ Noite agitada? ─ questionei arqueando uma sobrancelha em divertimento.

─ Não lembro muito bem, mas pela dor na cabeça deve ter sido fantástica.

O sorriso ofuscante contava uma história diferente do olhar ferido. Sam estava se afogando em distrações agressivas e um sentimento de pura empatia dominou meu peito.

─ Não preciso da sua piedade, portanto guarde para o bastardo que a filha da amante do meu pai carrega no ventre. Eles irão precisar de toda a caridade possível quando Liza descobrir que será vovó. ─ ela atacou com os olhos em chamas pela dor exposta e eu totalmente compreendi.

PANDORA ||Livro 2||Onde histórias criam vida. Descubra agora