5

1.6K 198 55
                                    



Pandora


─ Onde podemos comer? ─ Esmery questionou assim que guardamos as compras no porta mala do carro.

Em contradição ao que eu pensei, Esmery levou o modelo escolhido para o jantar e escolheu para meu visual, sapatos e bolsa nudes assim como uma calcinha maravilhosa.

─ Há um restaurante de comida caseira italiana perfeito próximo ao campus. Nós poderíamos ir até lá e almoçar no terraço. É tranquilo e aconchegante.

Esmery aceitou a sugestão e seguiu minhas instruções sobre a rota. Em dez minutos estavamos acomodadas e com os pedidos encaminhados.

─ E como vão os preparativos para o casamento? ─ questionei de forma aleatória no intuito de preencher o silêncio entre nós.

Esmery fisga a isca e desenrola todos os dramas de noiva que Sônia e ela vêm enfrentando.

─ A verdade é que não preciso de tanta pompa para me casar com Otavian. Se pudesse, teria fugido para Las Vegas e pronto.

─ Você está bem ansiosa para mudar o sobrenome Atwood para Harris, não?

O comentário estava repleto de acidez e vê-la se mexer de forma desconfortável antes de me encarar mostrou que ela sabia bem da intenção de magoá-la.

─ Voltarei a usar meu sobrenome de solteira, já que tocou no assunto. Dei entrada semana passada na papelada e não mudarei após o casamento.

─ E o todo poderoso Otavian Harris aceitou o ato imponderado? ─ zombei mesmo sentindo-me péssima por ver seus olhos tão tristes.

─ Ele não ficou muito satisfeito, porém entendeu a necessidade de não atrelar minhas conquistas a um sobrenome.

─ Um homem muito evoluído, ele. ─ continuei caçoando. ─ Chad tinha razão quando me disse que nunca teve chance contra o que você sentia por esse cara. Quem ganha da perfeição?

Esmery suspirou, exausta por estarmos seguindo para uma briga que começou quando descobri sua desastrosa história com Otavian, muitos anos antes de pensar conhecer Adam.

─ Evangeline, por favor. ─ ela pediu, derrotada e eu achei melhor não continuar porque aquele jogo de acusações já havia perdido o foco, porém precisava extravasar meus sentimentos.

─ Engraçado que, até onde me lembro, você nunca se opôs aos benefícios que o nome Atwood proporcionou.

A mágoa em vê-la cuspir no prato que comeu por tantos anos me fazia vomitar toda aquela merda, mas se eu pensasse com sensatez, entenderia que ela queria caminhar com as próprias pernas e a incentivaria. Pena que tal faculdade mental foi embora há tempos e não deixou endereço.

─ Reconheço que a fama de Chad me foi conveniente durante e após o casamento, mas ceder às facilidades me custou a autoestima e a segurança sobre meu intelecto. Sinto como se não fosse capaz de construir nada por minha própria conta e não quero mais me sentir assim.

─ Isso é besteira. ─ assumi vendo o garçom servir-lhe o prato de lasanha. Esmery amava lasanha. ─ Você é talentosa pra cacete e a galeria está aí para provar.

─ Mas o quanto de esforço meu levou a Passione ao topo? Qual realmente foi minha parcela de contribuição?

Fitei sua expressão desmotivada e finalmente entendi o quanto o assunto a incomodava. Esmery lutou com afinco para alcançar seus objetivos e, se atualmente a Passione Gallery estava entre as galerias mais renomadas, devia ao seu suor e não a um sobrenome, mas as pessoas eram cruéis assim como o preconceito que carregavam.

PANDORA ||Livro 2||Onde histórias criam vida. Descubra agora