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PANDORA

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Segunda-feira chegou e com ela, a certeza de que não poderia mais me esconder da realidade. Estava na hora de encarar os fatos e tomar algumas resoluções, por isso, assim que minha última aula terminou, fui ao encontro de Moira. Ela seria a primeira pendência a ser encarada.

Seu rosto cansado se iluminou assim que me viu chegar e logo me encontrei presa em um abraço forte e cheio de alívio.

─ Pensei que você não voltaria depois de tudo o que houve. ─ Moira confessou entre as lágrimas profusas em pleno refeitório.

─ Nós sabemos que eu jamais faria isso. ─ respondi ao nos separar para acarinhar sua barriga. ─ Você foi vítima tanto quanto Lianne e o bebê.

Moira recuou o olhar por alguns instantes, mas logo voltou a me abraçar aflita.

─ Você é maravilhosa, Eve e sou uma pessoa muito grata por tê-la. ─ ela falou fazendo meu peito doer de emoção. ─ Espero que esteja sempre por perto para amar Tyler com todo o seu coração, pois se algo de ruim acontecer comigo sei que ele ficará seguro.

Franzi o cenho em confusão ao tentar compreender aquela fala e assim que o fiz, um medo terrível me abateu.

─ Moira, há algo de errado?

─ Não. Quer dizer.... Eu me sinto fraca e sonolenta a maior parte do tempo e tem essas medicações para a hipertensão, porém não há nada de tão grave fisicamente. Só ando tendo pesadelos bem reais com muito sangue, convulsões e toda a coisa da eclampsia.

─ Você assistiu aos vídeos no youtube, não foi? ─ questionei entendendo a situação.

No estado hipersensível em que ela se encontrava, qualquer imagem forte acarretaria vibrações ruins e traria consequências emocionais. No caso de Moira, tais consequências vieram em forma de pesadelos. Caramba, eu teria que realmente assinar aquela revista de saúde. Estava se mostrando muito útil.

─ Eu estava curiosa, agora, no entanto, estou apavorada.

─ Então vamos esclarecer as coisas com a médica. A que horas é sua consulta?

─ Às quatorze horas, mas preciso estar lá meia hora antes para resolver a documentação e as formas de pagamento.

Eu já havia resolvido tudo isso, mas achei melhor tocar no assunto quando estivéssemos lá, pois se ela souber que não arcaria com nenhum valor sem estar no consultório, certamente não iria.

─ Você já está pronta, então? ─ questionei olhando no relógio.

─ Sim. Iria pegar o trem mais cedo já que não sabia se você viria...

Ela soou tão desamparada que por um momento ficou difícil associar àquela menina à minha frente com a garota forte e resoluta tão cheia de planos que conheci em uma livraria em Nova York.

Sorri para mascarar a compaixão que havia escapado do meu peito e enlacei meu braço no dela como se fossemos crianças antes de caminharmos em direção ao estacionamento. A viagem foi tranquila com Moira dormindo quase o tempo todo. Sua exaustão era preocupante mesmo que o quadro fosse comum à algumas gestações. Havia algo mais ali. Algo de fundo emocional, provavelmente.

O medo de Adam sobre um possível quadro depressivo veio à mente e fiz uma anotação para pedir indicações à obstetra. Moira teria todo o suporte necessário para levar a gravidez da forma mais saudável possível e isso era uma promessa.

PANDORA ||Livro 2||Onde histórias criam vida. Descubra agora