Eles acham que eu sou bom porque sou empático, por os entender como ninguém, mas eu os entendo porque vivo todo tipo de inferno em minha mente. Isso eles não sabem. Algo em mim identifica o que se passa no submundo deles. É como se eu me reconheces...
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Toda vez que o sofrimento de viver está me sufocando, é exatamente nessa hora que o onipresente enfia mais merda e dor em minha vida.
É uma provocação do desgraçado, como quem diz; "Vai bonitão, tu não disse que tinha coragem de se matar, que precisava só de um motivo... Pois estão ai vários!".
Estou na escuridão abafada na porra desse elevador, apertando, desesperado, o botão de abrir as portas, mesmo sabendo que está sem energia, mas não ligo para racionalidade agora. Minha cabeça está explodindo. Preciso sair daqui. Não só daqui, preciso sair dessa vida...
- Max, me escuta, por favor! Grita o delírio atrás de mim, travestido de Daniel.
- "Não é real" – Falo dentro de mim.
- Eu não me matei! Você sabe disso! – Continua o delírio.
- Você não é real!!!!!! Viro gritando para o espectro de Daniel. Não quero mais dar as costas para o desgraçado. Ilumino com a luz do celular e o vejo. Ainda com a mesma roupa. O maldito boné e tudo mais.
- Não, não, não... – Repito para mim mesmo, tapando os ouvidos. Estou muito perto de um surto. Dark está assistindo a cena de camarote comendo pipocas. – Eu te disse – Diz ele – Eu nunca erro – Completa. Eu conheço esse último refrão.
- Ele não é real, porra!!! Você sabe disso! – Grito pra Dark.
- Max, cara, estou apavorado com tudo isso. Eu não sei o que está acontecendo. Sei lá, de repente eu estava em uma festa, daí vou no banheiro, tudo se apaga e, quando acordo, vejo meu corpo esmagado no asfalto...
- "Não é real! Não é real!" – Continuo o mantra interno
- ABRAM ESSA PORRA!!!!! – Grito esmurrando o elevador, dando as costas para o delírio.
- Olha aqui! – Diz o amaldiçoado atrás de mim, me viro, instantaneamente, pressionando as portas do elevador com as costas – Eu não me matei! Não sei quem me matou, e temo pela vida de meu filho, de Janaina, da minha... minha irmã – Diz muito próximo de mim, quase consigo sentir o bafo (alucinação olfativa?).
- Não!! VOCÊ NÃO É REAL!!!!!! – Grito dessa vez com toda força que tinha nos pulmões. De repente, perco o apoio das portas nas costas, caio de bunda no chão, tudo fica claro novamente, percebo que agora estou no Hall do edifício. A maldita energia deve ter voltado. Por muito pouco não caí nos pés de uma velhinha que me olhava assustada, sem saber o que fazer ou o que falar. Levantei a cabeça e vi um aglomerado de pessoas que aguardava, junto com a senhorinha os elevadores voltarem a funcionar, ou talvez saber quem era o cara que estava morrendo preso ali dentro, surtando.
Olhei, ainda caído, para dentro do elevador, agora iluminado, não tinha ninguém. Notei todo mundo assombrado. Olhando para mim, olhando para dentro do elevador.