Eles acham que eu sou bom porque sou empático, por os entender como ninguém, mas eu os entendo porque vivo todo tipo de inferno em minha mente. Isso eles não sabem. Algo em mim identifica o que se passa no submundo deles. É como se eu me reconheces...
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Nada pode ser tão ruim que não possa piorar.
Sim, essa é a regra de minha vida.
Não foi um sonho!!!! Já disse!! - Este sou eu, deixando o calango me controlar, surtando no consultório de Lennown, o qual acabei de praticamente invadir. Se vou me arrepender amanhã? Óbvio que não. Irei me arrepender é daqui alguns minutos, essa é a única certeza que tenho, pois, toda vez que cedo aos meus impulsos, o resultado sempre é péssimo.
Calma Max, pede Lennown com sua voz mansa, vamos repassar tudo de novo, deixa ver se entendi, ok? Diz sentado no outro lado da mesa, imponente, sinto ele me olhando como se eu fosse um animal exótico. Não tem problema. É isso que eu sou, um animal exótico. Uma experiência mal sucedida de Deus. Ele olha para a tela do seu notebook o qual acabou de anotar e deixar registrado para sempre meu surto, isso não me agrada nenhum pouco, e começa;
Então um paciente seu, Daniel, tira a própria vida (porque não fala suicidou-se? Ele também deve achar que isso remete a minha incompetência, só pode!) dai você cancela todas as consultas (não falei para ele da aparição de Daniel em meu consultório. Obvio que ali foi uma alucinação, mas se eu falo isso, ele tenderia a achar que tudo era uma grande merda de um delírio. Então omiti essa parte) e então foi pescar (sim, falei para ele a verdade, que fui pescar. Só não falei para ele da minha metodologia de pesca) para tentar aliviar os pensamentos obsessivos que começaram a se intensificar querendo saber onde você falhou com seu paciente (contei para ele apenas parte de minha obsessão, claro. A outra parte que seria o comando obsessivo de olhar nos olhos do assassino do filha da puta que não morreu, eu não contei), e enquanto você está pescando, Daniel surge, te dá uma gravata, você bate a cabeça (ele diz procurando o ferimento em minha cabeça, mas já tirei o curativo. Está imperceptível. Espero que ele também não ache que o ferimento é fruto de minha imaginação.), e desmaia, continua ele;
Dai acorda, minutos depois, vai no hospital, toma medicação. Opa! Não cheguei a tomar nenhuma medicação. Contestei. Mas você falou que o médico lhe deu uma injeção, certo? Ah, ok, (o maldito açougueiro de tpm).Confirmo. Então, a injeção, certamente, deve ter sido alguma anestesia. Diz ele olhando pra mim. Sim. Concordo. Anestesia, de qualquer tipo, mexe, mesmo indiretamente, no sistema nervoso central . Completa Lennown. E eu não digo nada, ele está certo.
Bom, aí você vai para casa, depois de todo o estresse, depois de todo desgaste - diz me fitando nos olhos, procurando alguma concordância em minha expressão - e depois de receber medicação, vira um copo de quase 300 ml de Wisk. Diz virando seu olhar para janela do seu luxuoso consultório, a beira da praia, eu e ele temos o mesmo trejeito de pensar, ambos olhamos para fora do consultório para concluir o que se passa dentro dele. Lennown continuou pensando em silêncio. A essa altura estou um pouco mais calmo. Coçou o queixo e continuou; Max você comeu ontem? Almoçou? Perguntou voltando o olhar pra mim. (Puta que pariu, a comida, esqueci). Não. Tudo que comi ontem foi uma tapioca com queijo (comer virou uma obrigação, eu não disse isso a ele, nem vou dizer agora, não quero que ele perca o foco do atendimento e comece a descobrir que sou também depressivo, suicida, psicopata... enfim um fodido da cabeça). Certo, certo. Diz enquanto digita mais algumas coisas no seu note, suas impressões, hipóteses, funcionamento de minha mente e raciocínios do atendimento. Queria muito invadir o computador dele e ler meu prontuário. Deve ser recheado de todo tipo de loucura, afinal, o cara me atende desde os meus 14 anos. Ele retorna atenção para a tela brilhante e dá seguimento;