Eles acham que eu sou bom porque sou empático, por os entender como ninguém, mas eu os entendo porque vivo todo tipo de inferno em minha mente. Isso eles não sabem. Algo em mim identifica o que se passa no submundo deles. É como se eu me reconheces...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
A dança
Nada mais perigoso para o bicho homem do que ter poder sobre alguém. É tentador demais dilacerar em pedaços o outro. É a nossa parte primitiva tomando conta, a lei do mais forte, segundo Darwin. É preciso ter muito autocontrole ou amor, para não ferir o outro. No meu caso, sempre foi autocontrole.
Nesse momento, Livia está na minha frente, feito um robô, pronta para receber minhas ordens. Hipnose foi algo que eu me policiei para não aprender. Enquanto minha vó/mãe tinham medo de eu aprender artes marciais, meu maior temor era aprender a hipnotizar alguém. Eu sabia que poderia fazer coisas cruéis. Ter poder total sobre outra pessoa, sem sequer ela se dar conta disso... é um convite a perversidade pra mim. É o mesmo que colocar um copo de wisk na frente de um alcoólatra e ele poder beber sem ninguém pra ver, sem consequências...
Para o azar da sociedade, fiz amizade com um hipnólogo, e eu juro por Deus que eu não sabia que ele era hipnólogo até ele fazer uns truques de circo ao meu lado com colegas, sabe como é, do tipo de fazer alguém esquecer do próprio nome, comer cebola, essas coisas...
Tony quis me hipnotizar e eu topei, mas acabou que eu não era "hipnotizável", de acordo com ele. Nossa mano! Você tem uma resistência psíquica! Disse ele depois de várias tentativas. A questão não era essa. Eu não era "hipnotizável" porque eu não tinha emoções para ser sugestionável. Na verdade, eu tinha receio era dele descobrir Dark dentro de mim. Quer dizer, parte de mim queria que ele desnudasse Dark para o mundo, mas outra parte tinha receio de trazer Dark de vez ao mundo e ele tomar conta de mim pra sempre...
Bom, em resumo, ele quis me ensinar tudo que sabia... Ele era um dos melhores do Brasil. Aquele convite foi o copo de Uísque que não resisti. De toda forma, em meu favor, eu não fui atrás de um curso desses e, se tem alguém culpado aqui, esse culpado será Deus. Ponho isso na conta do criador, afinal foi ele que decidiu colocar Tony no meu caminho, não?
- Livia, todas as vezes que você escutar a seguinte frase "Dark é um filha da puta", você ficará ao meu comando, ok? - Digo olhando para ela, com olhos de zumbi, sem piscar.
- Sim.
- Ha ha ha, muito engraçado, Max!! – Diz Dark. Ele nunca teve senso de humor. Está na hora de aprender.
- Livia, quando você escutar qualquer barulho de sirene, você irá acordar e não vai lembrar de absolutamente nada, ok? – Digo me preparando para tirar ela do transe, mas o PABX toca. Eu dei um pulo de um susto. Dark morreu de rir. PQP! Olhei pra ela, ela ainda estava no transe, ainda bem! Detesto perder a porra do meu tempo.
- Oi Jane!
- Doutor, mil perdões, mas é que o marido da Livia está aqui na recepção, disse que está com pressa que se ela não sair logo, ele...
- Ele o que, Jane?
- Ele vai tirar ela da sala a força – Disse bem baixinho, com som abafado. Pelo jeito, o filha da puta estava la na recepção coagindo Jane. Não tem problema, melhor assim, é mais um sinal do divino.
