When All Cames Down

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Lexa rolou sobre as rochas afiadas e caiu de costas na água gelada e turbulenta do mar. A ardência de seus cortes e arranhões frescos queimando em sua pele enquanto uma onda do dobro de seu tamanho a arrastava sem direção dentro da água.

A morena sentiu seus olhos arderem, o coração disparar e os cortes sangrarem enquanto a correnteza lhe empurrava contra a parede de pedras, a espancando da mesma maneira que seu fantasma fez por diversas vezes antes de a puxar para o fundo. A cada golpe um flash de memória que se iluminava na sua mente, a cada gole de água que invadia sua boca a sensação em seu peito aumentava. Até que tudo parasse lentamente e seu corpo afundasse aos poucos, ela podia ver as pedras no paredão a esquerda e as ondas quebrando na superfície. Braços e pernas fracos e lentos, cabeça pressionada com tanta força que parecia estar prestes a explodir.

Isso não é real, ela pensou. Eu vou morrer mais uma vez e acordar na beirada das pedras como antes.

Lexa fechou os olhos sentindo tudo o que podia naquele momento. De repente ela foi tomada por paz, observando o caos acima de sua cabeça e suas últimas bolhas escapando por nariz e boca, subindo em direção a superfície. O cansaço que sempre sentiu por toda sua vida e a tristeza por seus erros pareciam desaparecer com seu fôlego, deixando apenas a sensação mortal de paz profunda e calma.

Ela não lutou mais, soltou o restante do ar que tinha guardado e esperou que a alucinação acabasse. Olhos observando a imensidão sem fim de tom azul clara a sua frente, os raios do sol atravessando a superfície cristalina de maneira tão simples e tão bonita. A beleza mórbida e o presságio de algo que ela não poderia fugir sozinha, não sem que algo abrisse seus olhos para a verdade.

Não era um sonho, Lexa estava mesmo se afogando. Mas como ela poderia imaginar que pela primeira vez uma de suas alucinações era real?

Enquanto isso, no lado de dentro da casa, Clarke era atingida por uma sensação agoniante e desesperadora. Echo franziu o cenho para a mulher, a observando agarrar a grade com força desnecessária e suspirar com olhos para o horizonte azulado como quem tenta resolver um enigma interno.

- O que foi? - Echo observou a mulher colocar as mãos na cintura e começar a caminhar.

- Eu não sei, só... - Correu os dedos pelo cabelo e respirou fundo. - Só estou me sentindo estranha.

- Da última vez que isso aconteceu nós encontramos você e Lexa na barreira de Mount Wheather. - Anya comentou, descendo os degraus da pequena varanda e gesticulando para Echo com naturalidade. Decidida a não fugir de sua presença como Indra "pediu" que fizesse.

- Lexa chama de Sensor Aranha. - Clarke sorriu rapidamente, mas os lábios murcharam outra vez. O coração estava apertado demais para manter um gesto de felicidade genuína. - Por falar nisso, onde ela está?

- Disse que precisava de ar. Eu a vi caminhando na lateral da casa, mas sumiu no meio do declive. - Anya deu de ombros antes de sorrir. Levou a mão direita para o bolso da calça. - Vamos testar o rastreador dessa coisa.

- Quer mesmo rastrear Lexa? - Echo questionou. - Sabe que ela odeia invasão de privacidade.

- Então ela pode tentar me acertar depois. - Ela respondeu. - Além do mais é melhor tentar isso agora e descobrir que não funciona do que precisar usa-lo em missão e não ajudar em nada.

- Como um teste. - Clarke concordou, estava tão curiosa quanto Anya, mas com certeza muito mais inquieta.

Echo sacudiu a cabeça achando aquilo uma péssima ideia e Anya tocou na tela do celular por algumas vezes. Bastou apenas digitar "Comandante" na barra de pesquisa entre os aparelhos próximos para que um mapa tridimensional surgisse na tela, a morena adaptou o modo de Visão em Tempo Real para "via satélite" com poucos toques e trouxe o ângulo para mais perto de sua localização. As silhuetas das três surgiram em azul, vistas de apenas vinte metros acima da casa. O restante de grupo estava do lado de dentro, em posições aleatórias entre suas conversas.

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