Maze

176 14 11
                                    

Clarke e eu não demoramos para pegar no sono. Ela foi mais rápida do que eu, deixando que o cansaço relaxasse seus músculos e lhe levasse para seu sono profundo e pacífico enquanto eu sequer podia fechar os olhos sem me lembrar da conversa de pouco mais de uma hora atrás.

Eu estava cansada, com toda certeza exausta, com raiva por não poder fazer algo simples como dormir, mas também me sentia pronta para qualquer coisa. E eu queria me sentir assim, alguém estava nos observando afinal.

Dever ser por isso que chamam de Hipervigilância.

O visor do meu celular se ascendeu na cabeceira a minha esquerda e eu encarei o teto por um segundo. Me virei, observando o sono profundo de Clarke a minha direita e alcancei o aparelho com um suspiro.

A mensagem de Anya se resumia a um "🖒", mas era o suficiente para que eu entendesse.

Me levantei com cuidado para não acordar minha noiva e coloquei meus tênis all star deixados ao lado da porta. Enfiei o celular no bolso da calça enquanto observava meu reflexo no espelho, um sorriso surgiu no meu rosto quando me lembrei da maneira como Clarke me chamou de Batman antes de dormir. Se referindo ao fato de que cada peça de roupa em meu corpo era preta.

Caminhei para a janela com cuidado. Abrindo a passagem sem barulho e me pendurando para fora. Fechei a abertura depois de alcançar um apoio seguro nos detalhes acima e escalei até o topo com pressa.

Anya me esperava na borda, me estendendo a mão.

- Por que demorou tanto? - Cochichou enquanto me puxava.

- Eu levei literalmente cinco minutos, Anya. - Bati a poeira das mãos, me mantendo abaixada enquanto a mulher guiava o caminho até o concreto firme no centro do telhado.

Não demorou sequer um minuto até que alcançaremos a estabilidade do concreto. Anya parou, me deixando passar na frente enquanto alcançava algo no bolso da calça jeans preta, como o restante das suas roupas.

- Aqui. - Me entregou a butterfly que havia ganhado de Kane.

- Você entrou no meu quarto?! - Cochichei com raiva.

- Eu não tive escolha depois que Echo me expulsou do quarto dela. - Levantei as sobrancelhas. - Longa história... De qualquer maneira, eu não ia dormir no corredor.

- Vocês duas tem discutido muito últimamente. - Ela concordou com um suspiro. - Espera, por que não foi para o seu quarto?

- Preguiça. - Deu de ombros. Revirei os olhos. - E que bom que não fui. Assim eu não de cobriria todo seu projeto Sherlock Holmes. - Prensei os lábios contendo um insulto. - Ia me contar ou pensou em manter em segredo também?

Eu não queria discutir. Já tivemos nossa dose de exclamações e insultos momentos antes, quando lhe falei sobre Indra. Não estava muito segura quanto a aquela decisão, mas o juiz disse que ela estava limpa.

E desde quando a opinião dele interessa para você?

- Agora não é uma boa hora para falar sobre isso... - Ela bufou.

- De qualquer maneira, você precisa de um colchão novo. Aquele está rasgado. - Não dei muita importância ao que dizia, me concentrando no caminho.

Paramos na beirada do centro de todo o telhado, encarando o labirinto e sua escuridão sinistra na calada da noite. Me abaixe, segurando a borda do telhado e encarei o longo caminho até o chão.

- Você trouxe ou se esqueceu enquanto vasculhava meu quarto? - Perguntei com um tom um tanto azedo. A falta de descanso já afetava meu humor.

- Claro que trouxe. - Ela bufou tirando um par de toucas do bolso de trás. Me empurrou uma delas, me fazendo inclinar para frente o suficiente para que um punhado de poeira caísse em direção ao gramado metros abaixo.

IMPERIUMOnde histórias criam vida. Descubra agora