O caminho de volta não foi fácil. Tive de contornar o grande paredão de calcário até finalmente encontrar um declive de grama e pedras, mais escorregadio do que sabão. A chuva fez de tudo ainda pior, minhas roupas pesavam pelo menos o triplo e a dor em meus músculos era pura brasa. Mas nada se comparava a quietude de meus pensamentos, a falta de ar e o vácuo que parecia tomar meus arredores.
Sempre que meus olhos caiam sobre o rosto de Ilian em meus braços eu sentia o peso do mundo sobre mim e minhas pernas se dobravam.
O princípio da noite caiu sobre a floresta, a chuva diminuiu, mas a névoa continuou a cobrir os arredores. Quase lhe derrubei no chão por pelo menos cinco vezes antes de finalmente encontrar a beirada do aeroporto, seguindo para a esquina que daria a estrada com pernas amolecidas.
O sangue manchava minhas roupas e braços, a umidade em meu corpo apenas espalhava a grande pintura avermelhada por todo tecido possível. Os trovões se resumiam a sussurros em meus ouvidos e o frio era mais como um abraço em minha pele.
Quando finalmente alcancei o arco de pedras eu pude ver algumas silhuetas em frente a mansão e espalhadas pelo gramado, mas não podia distinguir quem. O medo em encontrar Vinson mais uma vez me fazendo parar por um breve instante.
Desci as escadas, pernas se dobrando e corpo tremendo poucos metros a frente. Meu joelho direito se dobrou e eu pendi para frente, Ilian apoiado sobre a perna esquerda. A mão caída no solo. Por um momento pendei tê-lo visto se mexer, mas não passou de mais uma falsa esperança.
- Aqui! - Alguém gritou assim que sua lanterna quebrou a escuridão ao meu redor. - Oh Deus... MÉDICO!!! - Era Harper, correndo na minha direção. Pés pisando sobre as poças com pressa enquanto as outras lanternas se viravam na nossa direção.
Ela se atirou no chão a minha frente, checando os batimentos de Ilian pouco depois de o colocar no pedaço de estrada entre nós. A loira disse algo, mas não pude entender o que era. Perdida na maneira como o corpo de Ilian se movia suavemente enquanto massageava seu peito. Não havia vapor escapando de seus lábios, não havia calor em seu corpo. Só a fria e cálida morte.
O próximo a chegar foi Murphy. Me encarando antes de se ajoelhar ao lado de Harper e lhe ajudar no processo inútil enquanto Jackson corria com sua lanterna em mãos e a mochila de primeiros socorros sacudindo na lateral do corpo. Emori e Monty em seu encalço.
- Lexa, o que aconteceu? - Monty se abaixou a minha frente. Cai sentada para trás, segurando os joelhos como uma criança assustada. - Lexa! - Monty chamou mais uma vez. Mãos segurando meus braços e os sacudindo.
- A mão dela. - Emori apontou para minha esquerda, tomada em uma mancha escura.
Murphy foi rápido em pegar um rolo de gaze, algodão e tesoura. Passando para a namorada que enfaixou minha mão com cuidado. Primeiro o algodão, cobrindo todo o ferimento depois a gaze. Pressionando a ferida aberta enquanto me olhava, como se esperasse que eu dissesse algo.
- Você não sentiu nada? - Perguntou, um tando assustada. Encarou Monty quando não respondi.
- Lexa, hey! - Estalou os dedos a minha frente, mas meus olhos ainda estavam em Ilian.
Jackson sacudiu a cabeça em negação suavemente e Harper caiu sobre o chão. Respiração ofegante, olhos brilhantes. Emori e Murphy não estavam diferentes, se perdendo no corpo imóvel de meu irmão morto. Monty se virou para Jackson.
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IMPERIUM
FanfictionDepois que Lexa e sua família são forçados a se unir a divisão de serviços secretos, Black Badge, e trabalhar com Wynnona Earp e seus aliados sua vidas mudam completamente. Tudo o que Lexa pensou ter deixado para trás quando finalmente conquistou su...