Just Another Problem - Parte 1

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- Tudo bem, tudo bem... Que tal isso... – Ela falou entre as risadas. – Por que os bebês respiram assim que nascem?

- Um reflexo. – Respondeu. – O fluído da placenta e tudo mais. – Uma risada momentânea interrompeu a conversa rapidamente. - Não tem mais nada no caminho, então tudo o que resta a fazer é respirar.

- Isso não faz nenhum sentido! – Ela riu alto, a mão esquerda segurando seu milk-shake enquanto a direita se balançava suavemente junto a de Lexa.

- Tudo bem, eu admito que não é a melhor explicação. Mas é uma mais simples.

Elas estavam a pelo menos trinta minutos discutindo sobre os grandes e inexplicáveis casos da ciência que ninguém se atrevia a tentar explicar por não querer um nó em seu cérebro ou alguns passos a mais na direção da loucura. Costia vinha listando fatores que nem mesmo Lexa em toda sua sagacidade podia explicar, o que lhe deixava apenas uma resposta.

- Você acredita mesmo em milagres, não acredita? – Lexa questionou, seus pés parando alguns passos para deixar que Costia seguisse na frente e escolhesse um entre a porção de bancos logo à frente daquela calçada de praça.

- Você fala como se fosse algo ruim. – A loira sugou mais alguns goles de sua mistura gelada antes de se atirar contra o banco de madeira mais próximo dos balanços do grande tanque de areia e observar a outra metade daquele relacionamento de apenas um mês caminhar calmamente na sua direção.

- Não, com toda certeza não é algo ruim. – Lexa garantiu, se sentando ao seu lado. Costia foi rápida em deitar sua cabeça em seu ombro e passar suas pernas sobre as suas de maneira confortável. A morena riu, usou seus joelhos como apoio aos braços e começou a observar as duas crianças gargalharem e correrem de um lado para o outro entre os brinquedos logo a frente.

- E então? – Ela murmurou com um pequeno sorriso no rosto. Sabia que aquele seria mais um dos vários momentos filosóficos da namorada, não havia apenas um até aquele momento que não lhe fez enxergar tudo ao redor por uma nova perspectiva.

- É só que... Como você sabe que um milagre é um milagre? – Questionou, Costia não pareceu entender a pergunta. Lexa sorriu lhe dando um beijo no topo da cabeça antes de continuar. – Vamos supor que você é de uma família humilde, não tem carro, muito menos dinheiro para pagar o aluguel ou comprar comida. – A loira observou seu rosto, atenta à onde aquilo levaria. – Um dia você está caminhando pela rua e encontra um saco de dinheiro, escondido entre os vários outros recheados de lixo do seu vizinho muito mal-encarado. – Costia riu. – Chamaria isso de um milagre?

- Ahn... Com toda certeza o vizinho deve ter algo com isso, mas talvez. – Respondeu. – Apareceu em um momento de necessidade e sem nenhuma explicação, então...

- E se eu te dissesse que esse mesmo saco de lixo tivesse sido apenas um dos vários que foram produto de um assalto à banco algumas horas mais cedo. – Costia tomou mais um gole de seu milk-shake. – E que neste mesmo banco, uma jovem mãe de dezenove anos sem família ou marido depositou suas economias e boa parte do salário de garçonete, desde o primeiro dia que descobriu a gestação, para dar um futuro ao seu filho. Que o seguro que havia contratado não cobria a perda de seu dinheiro como muitos dos verdadeiros ladrões nessa cidade, o que a deixou sem dinheiro algum. Ainda chamaria de milagre?

Costia não sabia como responder agora, seu rosto havia congelado a alguns minutos e seus olhos pararam no rosto de Lexa. Focada na paisagem a sua frente com o conhecido brilho em seus olhos, algo que sempre acontecia quando tinha o mínimo contato com a natureza.

- Ahn... Eu não sei...? – Falou em incerteza. – Quer dizer, eu não esperava toda essa história atrás de um simples milagre. – Riu rapidamente.

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