Be Myself

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A brisa da possível chuva que cairia pouco mais do final da tarde sacudia os galhos do lado de fora da janela da mansão. As folhas da árvore mais próxima do vidro batiam suavemente no cristal transparente na ponta superior direita, logo acima da mesa de computadores daquele lado da biblioteca.

Lexa não precisava estar ali naquele momento, tudo o que ela fazia era esperar que o homem do lado de dentro da sala de vigilância na última porta do canto esquerdo saísse para seu horário de almoço. Ela esteve sentada naquela poltrona a pelo menos vinte minutos, olhos revezando sua atenção entre um exemplar de A Arte da Guerra e a maldita porta de alumínio que já deveria ter se movido a pelo menos dez.

A morena umedeceu os lábios e voltou a encarar o livro, os olhos firmes sobre as páginas, mas a visão periférica analisando o bibliotecário do outro lado do ambiente. Um homem interessado demais na sua existência, aparentemente.

Ela virou a página e respirou fundo, se fazendo confortável na poltrona. Virou mais uma página e o homem ainda a observava, mais uma página e o maldito ruído das folhas no lado de fora da janela se misturaram ao relógio. O homem não abriu a porta e o bibliotecário não deixo de lhe encarar, ela umedeceu os lábios mais uma vez e perdeu a paciência. Assoprou com raiva, batendo as páginas do livro de propósito e o segurou com a mão esquerda, passou pela porta e pós a mão direita no bolso da calça. Escondendo o repentino tremer de seus dedos, os nós de sua outra mão estavam brancos em apertar a capa contra palma.

Ela seguiu, passando por entre um grupo de três e assentindo em um comprimento de fachada. Os homens fizeram o mesmo passando para o final do corredor e virando a esquina, deixando a mulher completamente sozinha a caminho da porta. Ela parou em frente a passagem e bateu no alumínio duas vezes com a mão direita.

Os olhos encontraram a câmera pouco acima do quadro cinco metros atrás. As lentes viradas para sua exata posição, suspirou em desânimo e bateu mais duas vezes na porta. A maçaneta rangeu e um fardado com boné da Black Badge abriu a porta. Rosto pálido de quem passa muito tempo naquela sala minúscula sem ver a luz do sol, expressão entediada e um tanto mal humorada e olheiras de quem não dorme a um mês.

- Pois não? - Ele não queria que ela estivesse ali. Chegou a suspirar em derrota.

- Eu trago ordens. - Lexa falou com mesmo tom, ele levantou as sobrancelhas. A encarando dos pés a cabeça.

- Você não tem credências?

- Olha, eu posso falar aqui mesmo se quiser, Lucado é problema seu se alguém escutar-

- Não, não... Tudo bem. - Interrompeu. Ele abriu a porta, ainda não confiava na mulher, mas resolveu evitar problemas.

Era uma sala ainda menor do que a Arquivos da outra mansão. No máximo cinco metros de cumprimento, um frigobar no canto direito logo ao lado da impressora e um armário de lanches um tanto vazio. No canto esquerdo estavam as mesmas telas que Lexa viu na outra sala, várias delas espalhadas pelo centro da parede e três computadores sobre a mesa logo abaixo. Uma porção de documentos disputavam o espaço com as manchas de café sobre a madeira e a caneca de café do Dart Vader pela metade.

Luzes apagadas, toda a atenção eram dos monitores naquele lugar. Mas Lexa ainda pode pegar a pequena câmera no canto superior direito da sala, o pequeno Led piscando em vermelho igual as outras pelos corredores.

- E então? - O homem cruzou os braços.

- Lucado acha que algo pode ter escapado dos olhos da segurança entre a noite de Terça e o fim da Quarta feira. - Ela se recostou na parede, disposta a deixar o homem fazer todo o trabalho.

- E por que ela não mandou um alerta de nível 1 pelo rádio? - Ele respondeu em desconfiança.

- Você é surdo por acaso? - Lexa revidou, cansada de suas perguntas inconvenientes. Ele franziu o cenho. - Acabei de lhe dizer que houve um problema na segurança e a sua resposta é perguntar sobre o sistema de segurança?

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