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nada do que fizesse, ou quaisquer métodos que usasse, poderia me acudir.
eu estava em queda livre e qualquer um que me estendesse a mão, de uma forma ou de outra, cairia.
quis me afastar.
disse que me deixasse, que eu me virava com meus
pedaços distorcidos e com o alto teor de álcool fazendo efeito na
minha mente.
o mandei fazer suas malas e disse
para fugir o mais rápido possível
de mim.
porque algumas pessoas são tão
frágeis que se toca com cuidado,
como uma bela flor em um
magnífico jardim.
porém, de mim, deve-se manter
distância e jamais chegar perto
o suficiente de algo tão
frágil, pois diferente das outras,
sou uma bomba
prestes a explodir e arruinar tudo ao seu redor.
sua alma, ainda tão limpa, não merecia ser desintegrada na
minha própria deformação.
seu sorriso era puro.
o meu, cheio de dor e sentimentos obscuros por trás dos dentes expostos.
eu simplesmente não estava apta a estragar sua vida.
não seria responsável por romper, nem dizimar, seu corpo como
tantos outros fizeram com
o meu.
você não merecia o gosto salgado das lágrimas, sequer mensurar o tamanho do vazio
que a vida abre em nosso peito.
não tinha direito a um buraco oco lhe transpassando o coração.
eu fiz o que fiz.
deixei uma ferida ao partir, e ao mandá-lo sumir.
abandonei o único bem que me fez imaginar o quão bom seria ficar
e permanecer em sua vida.
rompi um ínfimo pedaço da mais bela alma que me deparei
em toda a vida.
mas a salvei.
eu sei.
a poupei de estar do lado de uma
doença contagiosa,
que o consumiria até o fim.

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