VII

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tanto tempo passo assim, sem saber como agir. meus amigos já não entendem,
nem nunca compreenderam
tamanha dor.
recosto minha cabeça na janela
a espera da volta daquele
que partiu
contando os segundos e perguntando
a minha amiga confidente, a lua,
se em alguma noite qualquer
ela o viu.
a luz prateada cobre meu corpo e
imagino que o vento açoitando
meus cabelos são suas mãos,
e no abrigo da escuridão da
noite penso que estou
no esconderijo dos seus braços.
suspiro mais uma vez, tentando
de alguma forma capturar
seu cheiro no ar,
mesmo que há muito tempo
ele já não esteja mais presente.
converso com as estrelas.
pergunto em que parte do extenso
universo estará meu grande
e único amor.
faço isso porque dói.
faço isso porque a falta me corrói.
divago sobre como tem sido sem
sua suave voz, ou sem sua própria
maneira de contar as mais
loucas histórias.
revelo que são tempos nublados e
sombrios demais desde então e
que o colorido do seu olhar tem
seu próprio e
inesperado valor.
além do mais
essa janela já se faz velha e
feia
as persianas, desnecessárias
a cama vazia e fria,
fazendo jus à dona.
não pertenço mais a este lugar
nem ao círculo de amigos
ou a vida que levo.
estou completamente desajustada
a esse mundo horrível,
do qual você não faz mais parte.
e parece que eu também não.

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