XVI

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quis ruir.
mais e mais, até destroçar
todo o castelo...
mais muralhas cobriram os olhos
de quem já não
enxergava.
a chuva caiu e não entendi a
razão disto...
nem do clarão no céu, nem
do ribombar dos
trovões,
nem dessa tempestade fazendo
cair o mundo em
minhas costas.
oh, Deus!
que falta de vontade...
tenho esses ossos e não quero
usá-los,
deixando-me cair na cama,
resignada.
e a comodidade dos travesseiros
de seda me embala...
na minha bolha.
minha tão exclusiva bolha...
proteção fajuta, essa!
que me mantém resguardada
do mundo, mas não detém
os olhares curiosos
a observar.
bolha safada!
bolha ingrata!
estou entregue a ti,
como ousa me expôr?
sou sua prisioneira, sua prisão...
somos conectadas na mais pura
vontade de rolar buraco
adentro e alcançar
o núcleo da Terra...
queima!
queima são!
queima insano!
que sensação é essa de fervor?
a pele desfaz conforme o
calor do núcleo
congela no tempo e esfria
na própria frieza da serpente
e como cobra, muda.
troca de corpo...
permanece a alma vazia.
as perguntas rondam a razão
do vazio, do oco, da lacuna...
é a falta
daquele ser divino?
é a presença
daquele que não deve ser nomeado?
são gazes?
provavelmente o mais tóxico
de todos,
que torna inanimado o mais
imortal dos seres...
essa risada incontida que
exala mentiras, pois o
humor é doloroso e
esconde o fel...
prenda o cabelo!
solte o cabelo!
fique na ponta do pé e dance
como manda a melodia
que toca...
você se sente tocado?
não...
você se sente violado?
não pode dizer que sim...
então diga que não
e se molde nos
parâmetros.
porque ouso escrever o que
minha insanidade diz e
isso é mais do que a
completa loucura.

isso é morte certa!
e eu estou
certa, morte é isso!

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