IX

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você está se esvaindo e
caindo das minhas mãos como
em um jogo que perco. onde foram parar as palavras
que derramou em mim
e me fez transbordar?
você parece tão belo nesse
poço de indiferença
e pede um espaço do universo
entre nós, porque suas
promessas não deixaram chance
a uma ponte tão incerta
como eu. por favor, volte!
eu peço enquanto danço
aquela música que sei que te
faz me odiar cada vez mais
e talvez da próxima vez
você venha apenas para
dizer o quanto não gosta do
jeito que respiro. mas a verdade
é que ultimamente não consigo
respirar. estou caindo fácil
nesse jogo de sofrer sozinha,
porque sou esse céu escuro
com chuvas de meteoros prestes
a destruir tudo. vou aquecer do
núcleo até a superfície mais fina
do meu ser.
não quis se queimar?
os mesmos gostos. as mesmas
noites sem fim e os dias sem
tempero algum. foi embora e nem
teve coragem de deixar um pouco
do seu sabor para mim não morrer
nessa abstinência.
você é uma droga idiota.
eu preciso ficar alta, baby.
e nenhuma dessas bebidas vão
conseguir me deixar assim
porque sabemos que você era
o único que me fazia voar.
como dizem, quanto maior o salto,
maior a queda. como eu digo, esse
chão frio me mostra o quanto
é doloroso não estar mais
no topo do seu mundo.

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