XX

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pare de podar o coração que quis florescer e pouco a pouco
murchou...
esqueceram de regar as raízes do
meu peito e ele esqueceu de
inspirar
e expirar.
não diga a este passarinho verde que ele é amarelo,
porque  diante do espelho ele vê
um horripilante
azul...
não mande que eu engula minhas
palavras, nem meu choro ou
as farpas que cuspo, pois
devoro cacos de vidros
a cada segundo do dia!
silencie o ego e escute o silêncio.
e que silêncio...
faz mudar o que há aqui dentro,
mesmo na multidão cheia de
vazio.
ele é tão singelo, tão sincero,
tão cruel.
ganhou meus beijos, me viciou
em seu cheiro e me atingiu
com a mais amarga das
espadas...
estou,
lenta e dolorosamente,
sangrando.
pedindo por mais:
dê-me mais!
dê-me mais da dor!
que mesmo cheia de escuridão,
me lembrou o que é ter cor,
ainda que
preto.
ainda que
cinza.
ainda que triste e sem graça...
dê-me mais de você!
pois ainda estou viciada
e não há dilúvio que preencha
meus poços vazios.
não há manto que me cubra
nesses dias sombrios e
frios,
nem sorriso que ilumine as
sombras das minhas
lágrimas...
estou suplicando por um
pouco mais,
nem que seja muito pouco
mesmo,
pois, caso contrário,
será necessário achar uma
luz no fim do túnel!
e eu?
estou cega.

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