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o que farei, quando mais uma vez
me deixar?
sei que somos outras pessoas,
e que o tempo é outro e
o cenário é outro
mas e se a história se repetir?
temo que minhas mãos estejam
calejadas demais para te
tocar devidamente
mas, ainda assim, sou cheia
desse desejo ávido de provar cada
pedaço de pele e minha boca
simplesmente não consegue
deixar de experimentar,
porque estou desesperadamente faminta, e sabemos que
somente você é capaz de suprir
as mais obscuras e loucas necessidades.
mas se fosse só isso, seria fácil,
não é?
o problema é que você preenche
mais vazios do que pensa,
e é mais presente em mim
do que eu mesma.
honestamente, estou tão cheia de
você, e de tudo o que representa,
que comecei a me perder
no seu corpo, no seu cheiro, no
seu sorriso e nos milhares de
pequenos detalhes que o compõe.
não sou mais eu, mas sou você
e eu, na nossa melhor versão
de nós mesmos
e essa nem é a incógnita em questão.
se há uma certeza nessa vida
que costumo viver, é que
eu o amo.
mas, se há duas certezas
nessa mesma e inconstante vida,
é que o amo e tenho medo.
temo todas as espadas que estão
erguidas na minha direção,
prestes a despontar em
meu peito e
temo também cada pedaço da
minha alma que pode ser
abruptamente dilacerado,
sem me restar tempo para preparar
o psicológico ou
avisar quem estiver ao meu redor.
está se tornando o meu mundo,
cada vez mais intenso aqui
dentro de mim e
é esse o meu receio.
porque se estiver mesmo no
interior do meu ser,
o que fará, quando mais uma vez eu implodir?

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