Mensagem

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Houve uma época, não muito longe dos anos atuais, que para se comunicar com o seu peguete e/ou pretendente, você usava da tecnologia de SMS. 

Não era tão fácil mandar essas mensagens, já que cada mensagem era adeus alguns bons centavos dos seus créditos - plano de celular? Nunca nem vi. Receber um SMS era muita ostentação.

Eu fiquei afim de um menino e a minha amiga conseguiu o número dele.

Passei a tarde inteira pensando na mensagem que eu ia mandar pra ele, escrevi e reescrevi a mensagem váááááárias vezes até estar satisfeita com o conteúdo e o dedo chega tremia antes mesmo de apertar o botão de enviar.

Não lembro exatamente da mensagem que eu escrevi, mas era uma coisa mais ou menos assim: - nomes usados não fictícios.

"Oi Rodrigo, aqui é a Camila, fazemos laboratório de química juntos. O pessoal das nossas salas, no próximo lab, vai no Benfica assistir um filme, quer ir?"

Ah, e Benfica é o nome de um shopping que ficava relativamente perto do colégio onde estudava.

A coragem que eu tive que criar pra mandar essa mensagem foi quase tão grande quanto a vergonha que eu tive ao receber a resposta.

Também não lembro exatamente da resposta, mas era mais ou menos assim:

"Oi Camila. Muito simpática sua mensagem, aqui é a mãe do Rodrigo. Vou passar o seu recado pra ele."

Sim, a mãe dele.

Acho que eu tive um pequeno derrame quando vi isso. Apaguei o número da minha agenda e bloqueei o numero dele - sim, fiquei nesse nível de desespero na hora. Mais uma vez tive que me fazer de doida e fingir que nunca nem tinha mandado uma mensagem na minha vida.

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E sim, fomos ao cinema na outra semana, o Rodrigo foi, e ele me disse que tinha trocado há poucos dias de número com a mãe dele, mas que ela tinha dado o recado. Um sorriso amarelo foi o melhor que eu pude fazer por ele.

Alguém disse, vergonha alheia?Onde histórias criam vida. Descubra agora