CAPÍTULO 10

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EULALIA SIMPLESMENTE não conseguia acreditar no que ele estava dizendo. Casar-se com ele? Aquilo era mesmo sério. Sentindo a cabeça dar voltas, Eulalia teve de repetir a pergunta a ele.

- Você não está falando sério. - Rebateu ela. - Por acaso, bebeu?

- Ele deu uma gargalhada e olhou para ela.

- Não. Eu não bebi. E sim, estou falando muito sério. - Ele gesticulou com as mãos. - Não será um casamento real. Será apenas de fachada.

- Se é um casamento de conveniência, por que está me pedindo em casamento? Não pode pedir uma de suas amantes para ser sua esposa?

- Vou explicar melhor, Eulalia. Meu pai criou os escritórios Dujardins Law Offices, juntamente com a minha mãe e com muito trabalho. Por conta deles, tenho esse império que temos hoje. Ele está saindo das empresas porque quer descansar, e minha mãe também.

- E aonde eu entro nessa história? - Perguntou ela, confusa.

- Acontece que ele me deu um ultimato. Se eu não me casar em dois meses e meio, perderei não toda, mas boa parte da herança que tenho direito. Afinal, desde que me formei em Direito, também trabalhei e consegui muitos clientes para os escritórios. Enfim, para evitar isso, eu preciso me casar e meu pai é inteligente e perspicaz e dessa maneira, logo perceberá que se eu me casar com uma qualquer, foi algo planejado e não por amor.

- E por isso não pode casar com uma de suas amantes?

- Exatamente. Eles não são mulheres para se casar e sim, são para apenas uma noite. Você é perfeita para o papel de "esposa perfeita", uma vez que é bailarina, fala alguns idiomas e apesar de não ter faculdade, como mencionou, é culta. - Explicou ele.

Ela passou a mão pelo cabelo longo e andou até a janela, ficando de costas para ele. Sinceramente, não era seu desejo casar-se com alguém que não amava, embora sentisse uma forte atração por Christophe.

Ela desejava casar-se com alguém que amasse e tivesse o mesmo desejo que ela, de vê-la prosperar profissionalmente como bailarina e que pudesse ter filhos mais tarde, embora já tivesse Noelle. Eulalia ainda estava se recuperando do beijo ardente que ele havia lhe dado, que queimava sua pele e a fazia ansiar em estar novamente em sua cama. Mas ela teria que pensar com a cabeça e não com desejo, porque casar-se com Christophe mudaria sua vida radicalmente.

- Em que eu teria benefício ao me casar com você? - Indagou ela.

- Benefícios? - Ele gargalhou sedutoramente - Teria um belo amante à sua disposição!

- Isso é sério. Se eu me casar com você, não haverá sexo até a oficialização do casamento, seja na igreja ou de maneira civil.

Eulalia viu o rosto de Christophe fechar-se e ele começar a andar na direção dela. De certo, ele não estava acostumado a ser rejeitado. De repente, ele estava ao seu lado e de modo sensual, falou no ouvido dela:

- Acha que não sei que se lembra da nossa noite? Ou de que sempre que chega perto de mim, seu coração acelera e sua pele arrepia? - Christophe provocou.

Ela fitou os olhos verdes dele ficarem escuros. Então, se afastou dele com um repelão.

- A questão não é essa. Quero saber no que beneficiaria, de fato?

- Já tem a guarda de Noelle? - Rebateu ele.

Então, ela lembrou-se do que a assistente social havia lhe avisado há mais de dez dias. Se ela não apresentasse um companheiro, fosse namorado ou marido, teria poucas chances de provar às autoridades da Justiça Francesa que seria uma boa mãe para a criança.

Ainda havia a crença de que uma família completa influenciaria de maneira mais adequada uma criança, e ainda por cima, ela não tinha condições de pagar honorários advocatícios ao um defensor, a fim de ajudá-la. Então, Eulalia estava contra a parede. Ou aceitava a proposta dele, tendo como recompensa a guarda de Noelle e ainda teria de aguentar as investidas dele a fim de levá-la para cama, senão, perderia sua querida filha e viveria com remorso para sempre. Havia apenas uma escolha e então, ela disse:

- A assistente social me disse que, como estou solteira, as minhas condições de adotar Noelle são menores, uma vez que eles prezam pela "família completa". Além disso, comunicou-me que dentro de pouco meses, se eu não tomar uma atitude, Noelle será tirada de mim e será levada a um lar adotivo ou orfanato.

- Que coisa ridícula. Já vi muitas mulheres cuidarem sozinhas dos filhos. Essa é nova agora! - Falou Christophe. - Então, se ela disse isso, vocês podem contar comigo, caso aceite se casar. Eu mesmo me encarregarei de entrar com a ação de adoção da criança.

- No entanto, a assistente social não pensa dessa maneira. Sendo assim, eu aceito as condições do casamento. Eu faria qualquer coisa por Noelle. – Comprometeu-se Eulalia.

- Ama tanto a criança assim?

- Sim. Como se fosse tivesse saído do meu ventre.

- Sendo assim, que chegamos a essa conclusão e acordamos conforme as necessidades de cada um, eu me encarregarei de fazer um contrato a fim de oficializar nosso relacionamento. – Explicou ele, com as mãos nos bolsos da calça.

- Combinado. E depois, como procederemos? – Quis saber ela.

- A nossa tarefa será mentir e atuar na frente de todos. Será necessário, senão, não dará certo. - Explicou ele.

- Teremos que fingir até para os nossos amigos?

- Sim. Para Leon, Felippa, Thomas, Sarah, Marcollo, Nìcolla, Trevor, Clarissa e Antoine.

- E também na frente dos seus pais?

- Ninguém poderá saber que o que está acontecendo entre nós é falso.

- Entendo. E quanto tempo durará esse casamento?

- Um ano. Acredito que esse seja um tempo bom, afinal, até lá, meu pai pode desistir dessa ideia maluca de eu ter que permanecer casado.

- Tudo bem. – Ele ajeitou o cabelo escuro e longo na frente dos ombros. – Quando fará o contrato?

- À tarde. Essa situação tem de ser resolvida imediatamente. Enquanto isso, eu levarei você e Noelle ao meu apartamento, para que já nos habituemos com a convivência um do outro.

- Eu terei que me mudar para sua casa? Isso é sério?

- É claro que sim, meu bem. Não queremos levantar suspeitas. Teremos de conviver durante um ano juntos.

- Você tem quarto de hóspedes na sua casa, não tem. Eu lembro de tê-lo limpado um dia. – Inquiriu ela, com o rosto vermelho.

- É claro que há. No entanto, você dormirá na minha cama. – Ele deu um sorriso matreiro. – Como você será minha esposa, teremos de contratar alguns empregados e eu não quero que meus funcionários pensem que eu tenho uma esposa que me rejeita na cama.

- Isso só pode ser brincadeira. – Reclamou ela.

- A ideia de partilhar os lençóis comigo é tão repugnante assim? - Desafiou ele.

Ela não respondeu. Apenas o observava com os olhos arregalados, o rosto vermelho como tomate e com uma certa fraqueza nas pernas. E é claro que isso não passaria despercebido por ele.

- Já que você não me responde, eu a ajudarei a pegar mais itens necessários aqui desse apartamento, como os itens da bebê e algumas roupas, e mais tarde, eu pedirei a alguém do meu staff para mandar o restante dos seus pertences ao meu apartamento. – Ele virou o corpo e depois, virou-se para ela novamente. – Ah, nós também teremos de comprar roupas novas para você.

- Qual o problema com as minhas roupas?

- Se vai se casar comigo, tem que andar mais... elegante.

- Elegante?

- Você vai me acompanhar em eventos sociais e terá de estar vestida à altura.

- Isso é um pesadelo.

- Não reclame tão cedo. Afinal, essa é apenas o começo do tanto de mudanças que temos pela frente.

O Direito de Amar - Série Apaixonados e Poderosos - Livro 5 (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora