Atitudes impulsivas...

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Ki?

Kihyun? Abre abre a porta pra gente — Hyunwoo pede do outro lado da porta. Eles conversam baixo entre sí, mas ouço os sons de passos se distanciando da porta

Kihyun, deixa eu entrar. É apenas eu

Jogo a chave da porta no chão e lanço ela por debaixo da mesma, para que Minhyuk abra por fora. Viro de costas, abraçado ao meu travesseiro. É inevitável me sentir desprotegido, mas logo sinto o corpo magro de Minhyuk me abraçando por trás. Não precisamos dizer nada, o silêncio é agradável, até o momento em que palavras são necessárias

— O que disseram? — pergunto baixo

— Eu não deixei que dissessem nada, não se preocupe com isso

— Nem Changkyun?

— Changkyun também não. Não se preocupe com ele. Nós vamos fazer o trabalho juntos

— Min — viro de frente pra ele — eu vou fazer o trabalho com ele. É apenas um garoto idiota, certo?

— Você não tem que fazer isso

— Eu não quero viver na eterna dúvida do que aconteceria se eu tivesse aceitado. Se Jungsu fez isso, algum próposito deve ter, e eu não posso evitar essa criança pra sempre

— Tem certeza?

— Eu vou arriscar.

— Eu tenho muito orgulho de você Kihyunnie, mesmo sem saber o que vai enfrentar, você persiste em ser forte. Sabe que se der algo errado, pelo menos você deu o seu melhor. Eu amo você. — Minhyuk me abraça apertado, mas um abraço reconfortante, e mesmo que eu não seja o tipo de pessoa que disse em voz alta aquilo que sente, ele sabe que eu o amo.

Com muito sacrifício e insistência, Minhyuk e Hyunwoo me tiram do quarto. Son Hyunwoo é, basicamente, uma criança grande. Um pouco desajeitado e tímido, mas com um ótimo coração. Passamos a tarde de quinta-feira no melhor estilo que se pode imaginar. Largados no sofá da minha casa, assistindo filmes e programas de fofocas, comendo pipoca ou outros aperitivos, e rindo de coisas bobas. O trio ternura: eu, Minhyuk e Hyunwoo.

E acredite, nem Hyunwoo escapou de dar umas gargalhadas.

Mas no final do dia, os dois me deixaram á sós, afinal, eles também precisam de um momento sozinhos. Eu não me sinto tão mal quanto cheguei, mas não me sinto tão bem quanto Minhyuk e Hyunwoo me deixaram. As malditas memórias sempre voltam para assombrar minha noite e levar meu sono embora, mas pelo menos tenho uma desculpa para usar o remédio contra insônia, da minha mãe.

                               •×•

Minha consciência retorna aos poucos, mas ainda sinto meu corpo pesado pelo efeito do remédio

Kihyun? Querido, você vai se atrasar para escola — minha mãe me chama do outro lado da porta do meu quarto. O que fazer quando se quer xumbar seu corpo ao chão do quarto, mas não ter forças nem para se levantar? Me sinto impotente. Talvez seja o medo.

Me levanto da cama e vou para um banho, já não sei o que é isso há dois dias. Eu não sou porco, mas eu realmente não me sinto capaz de nada. Só de deitar e dormir.

Visto o uniforme da escola, e com a mochila no ombro, saio do quarto. Dou um beijo na minha mãe, que está na cozinha, e antes de sair, pego o dinheiro do lanche, ao lado da porta, na mesinha. Encontro Minhyuk saindo afobado de casa e correndo até mim, que já estou na calçada

— Bom dia Ki

— Bom dia Minnie — Minhyuk ofega e eu espero seu tempo para se recompor até que possamos voltar a caminhar para escola.

— Então? 

— A gente ficou lá no meu quarto, meus pais saíram ontem e ficou um clima muito agradável. Assistimos uns filmes até que meus hormonios decidiram brincar um pouco… — faz uma pausa para respirar — a gente brincou um pouco antes de transar. Teria sido uma noite não típica de reconsiliação. Você sabe que pra mim, o sexo tem que ser muito bom pra eu gamar no cara, e de fato foi foda

— Mas…?

— Jooheon me ligou quando eu ainda estava no banheiro e Hyunwoo atendeu

— Mas ele não podia ter feito isso! E sua privacidade, onde ficou?

— Enfiei ela no cú e ele se trancou, não passou nem o sinal do wifi do vizinho.

— E o que aconteceu?

— Eu e Hyunwoo discutimos, dissemos umas coisas um pro outro e mandei ele embora. — ele começa a roer as próprias unhas, visivelmente nervoso

— Mas ele chegou a atender o telefonema?

— Sim, ele falou com Jooheon. Perguntou o porque ele estava me ligando e como descobriu meu número

— Eu já disse pra você terminar com um deles, você não tem direito nenhum de enganar duas pessoas ao mesmo tempo, por mais babaca que uma delas seja!

— Eu gosto deles…

— Não, Minhyuk. Você só está acostumado com a presença do Hyunwoo na sua vida, e com medo que Jooheon mude, caso vocês comecem a namorar. Mas você precisa se decidir e ser feliz, e deixar eles serem felizes também.

— Eu vou pensar sobre isso e tomar uma decisão.

Agora eu sei que ele, de fato, vai tomar uma decisão a respeito. Minhyuk quando quer algo, ele não enrola, não como fez até agora. Sei que ele vai tomar a decisão certa, Minhyuk é esperto.
Entro no prédio em que estudamos e vamos direto pra sala de aula, enquanto ainda tempo tempo para entrar e sentar sem sermos vistos ou motivos de piadinhas. É preciso alguns minutos de espera até que todos estejam dentro de sala. Avisto Changkyun na porta, aos beijos com uma outra garota, que não é a mesma das outras últimas vezes em que o vi beijando alguém, são sempre garotas diferentes. Ele é posto contra a parede ao lado oposto da porta e o vejo apertar a bunda da garota. Desvio os olhos para o quadro branco, não quero ser flagrado olhando o sexo alheio.

Jungsu não demora a entrar na sala após o sinal tocar, assim como o outro garoto, que desocupou a boca depois de quase engolir a menina.

Imbecil!

Os dois primeiros tempos são tranquilos, o terceiro tempo é livre porque o professor de física se sentiu mal. Nós aproveitamos o tempo vago para irmos á quadra e assistir os meninos treinarem. Claro que Minhyuk se escondeu ao máximo dos dois garotos, e quase rolou uma briga entre Hyunwoo e Jooheon porque um esbarrou no outro, mas foram tranquilizados pelos demais jogadores. Meu bichinho ficou tão mal, que precisamos ir para o lado de fora da quadra. Mas pude ver Changkyun puxando o irmão para uma conversa, Jooheon fala nervoso e aponta em direção a porta, e como nós estamos na porta, Changkyun me vê.

Meu coração para por segundos ao vê-lo caminhar em nossa direção, raivoso. É preciso que eu relembre a mim mesmo que sou um homem e não um rato, para me manter em pé e espantar minha queda. O garoto se aproxima o suficiente para que Minhyuk se afasta do abraço que lhe dou e se vira para Changkyun, apenas para receber o punho do moleque, inesperadamente, no maxilar.

You Think - ChangKiOnde histórias criam vida. Descubra agora