You Think - ChangKi

Purgatório inicial - We Think

Eu tenho ciência de que hoje seja segunda-feira e que também tem aula, as desgraças de todo começo de semana é ter alguma merda diferente ou igual, para te tirar de casa. É um inferno. Em pensar que eu poderia ter seguido a profissão de vagabundo, poderia ter seguido um caminho totalmente diferente desse, tantas coisas poderiam ter acontecido...

— Ki. — A piranha me chama de dentro do banheiro, com alguma coisa na boca, espero que seja a escova de dente. — Kihyun, a gente vai perder a aula, acorda!

É muito difícil se conseguir paz durante o ensino médio, as coisas pioram muito quando se está na faculdade, em um nível absurdo, a cada vez que isso acontece, é como se fizesse minha vitalidade e paciência de elástico, esticando, até que se torne esgarsa. Agora é uma situação diferente, mais responsabilidade, mais maturidade, mais...

—... Boy lixo pra foder com meu psicológico. — Minhyuk completa meu pensamento, falando consigo mesmo, provavelmente de frente pro espelho. É uma idiotice que me faz rir com a cara enfiada no travesseiro.

É uma realidade completamente diferente da qual eu vivia, não tenho mais minha mãe por perto pra me controlar, pra me dar colo ou sermão. Somos apenas nós decidindo o melhor caminho pra seguir, caminhando com os próprios pés sem auxílio de alguém. A vida meio que se encarrega de dar suas responsabilidades, mesmo que você não as queira, de uma forma ou outra, elas serão suas. Não há escapatória.

— Kihyun!!!

— Caralho, tô acordado, inferno!

— Pra te acordar, só com uma bomba nuclear!

— Só a sua voz basta.

— Babaca!

Irritar Lee Minhyuk a essa hora da manhã é algo que só eu consigo fazer, felizmente. Mas, como tudo tem seus dois lados, ele também sabe meus pontos-fracos, e um deles não demora a surgir, a piranha me espirra água. Estou embaixo dos edredons, com o corpo quente e esse filho de uma cachorra molha meu corpinho todo encolhido.

— LEE MINHYUK! — Berro até achar que minhas cordas vão falhar e posso ouvir a risada dele.

— Vamos, Ki, a gente vai se atrasar... !

— Minhyuk, ainda temos uma hora pela frente, aquieta o cú e me deixe acordar primeiro, sem esse desespero!

— Não é você quem vai ter que enfrentar uma fila gigante pro café da manhã...

— Ou, é por causa daquele cara todo bombado, da cantina?

— Quem? Taeyang? As vezes você viaja tão longe, que se torna impossível te puxar de volta...

— Vai dizer que não ficou de olho nele?

— Não faz o meu tipo, Kiu...

— Como é? — Sou obrigado a me virar, mas encontro Minhyuk nú, ainda escolhendo o que vestir. — Desfile de moda?

— Um tapa na tua fuça. — Resmunga e me faz rir. Reparo no corpo dele porque é algo que sempre me chamou atenção. Minhyuk não é do tipo que malha, mas tem as costas largas e... Um volume razoável de bunda. Mais à baixo, as coxas brancas finas que se encontram com a ajuda robótica que ele precisa para andar. Não é uma perna mecânica, é um suporte ligado aos nervos do cérebro que o permite andar quando quiser. Como se fosse por si mesmo.

— O que está procurando?

— Meu casaco branco, de gola alta.

— Está na gaveta.

Minhyuk se vira, exibindo a frente desnuda e eu coro na hora, metendo a cara no travesseiro novamente. A gente já se viu sem roupa, já tomamos banho juntos, mas... Sei lá, é diferente agora, não sei porque.