Você não é humano para sentir

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Att dupla porque amo vocês :)



Viro pro lado, viro pro outro, me encolho, me estico, fico de quatro, de bruços, de ponta-cabeça… mas no final só me resta o triste fato de levantar cedo EM PLENO DOMINGO!

Eu até entendo que papai do Céu tenha uma bronca séria comigo, as vezes sou meio rebelde, sou grosso, me estresso fácil, perco a paciência com pessoas idiotas, briguei com meu melhor amigo por causa de macho, entre outras coisas… Mas não é justo Deus me olhar lá de cima, e simplesmente arrancar meu sono de mim, em pleno domingo, que ele também usou apenas para descanso. Qual é a necessidade de me fazer acordar cedo logo hoje?! Não sei. Como se não bastasse levantar todos os dias, às 05h da manhã.

Levanto da cama chutando a coberta que estava enroscada no pé e quase caio de cara na porta, mas passo bem. Desço as escadas, e quase vou à óbito imediato.

Como se não bastasse Deus tirando um sarro ridículo da minha cara, Lúcifer ficou com inveja e resolveu mandar um dos seus servos para tirar a paciência que eu perdi junto com o sono. SÓ PODE SER ISSO!

Ao menos consigo dar um passo em direção aos risos, parece que meus pés fincam no chão e se fundem um com o outro. E detalhe! Estou no meio da sala.

— Você é adorável, querido. Não sei o porque Kihyun não te trouxe antes

— Nós temos nossas diferenças, Hyunki

— Todos temos. Seria chato se todos tivéssemos algo incomum.

— Seu filho não pensa assim

— É tudo uma questão de diálogo. Filho?

Desperto do transe com minha mãe me chamando e o Sid se virando para me olhar

— O que você está fazendo aqui? — me ouço perguntar

— Vim fazer o trabalho. — responde com simplicidade

— Às 8 da manhã?

— Prefere à noite?

— Filho.

Eu só não quero ver a cara de ninguém hoje! Será possível?! Que inferno!

Volto pro meu quarto e tranco a porta pra não correr o risco de ser incomodado. Volto pra cama e me aquieto para o retorno do sono. Já não basta ter que conviver por esse maldito trabalho de escola, tenho que conviver também pela amizade deles. Não foi boa idéia trazer Changkyun pra casa.

                           •×•

Kihyun?

— Vai embora.

Eu quero conversar com você

Não temos nada à dizer, vai…

Você vai abrir a porra da porta, ou vou ter que dar uma de maluco como se eu estivesse conversando com ela?!

Bufo. Garoto insuportável!

Levanto da cama e destranco a porta e volto pra janela, é bom ver o sol se pondo.

— Não combinamos uma trégua?

— Isso não significa que você tenha que se mudar para minha casa.

— Minha amizade com a sua mãe te incomoda?

— Me incomoda o fato de você sempre estar aqui. Você tem casa, tem sua família. Por que está aqui?

— Eu gosto daqui. E sua mãe parece não se importar

— Está afim da minha mãe? — olho pra ele. Changkyun arregala os olhos e ri

— Eu não sei que tipo de droga você está usando, mas é melhor parar antes que ela coma seu cérebro.

— Eu não estou brincando…!

— Eu também não! Sua mãe tem a idade da minha, tenha senso do ridículo e não diga estupidez!

— Ok, agora pode ir embora.

— Eu não vou a lugar algum.

— Além de psicopata, é teimoso. Que merda

— Hyunki está preocupada com você, Kihyun

— Vou esperar ela vir falar comigo, e não mandar uma criança que apostou a minha vida. Estamos em trégua por causa desse maldito trabalho, mas ele não me causou amnésia

— Está com raiva. — afirma

— Eu não sei se você merece minha raiva, Changkyun, você é digno de pena. Sabe por que? Porque você é fraco, é covarde, não sabe ser um ser humano quando está no seu bando ridículo. Você usa máscaras, é tão falso quanto seu irmão, que ainda teve coragem do olhar nos olhos de Hyunwoo, depois de dormir com Minhyuk, e chamar ele de amigo

— E o seu amigo, onde está?

— Meu amigo precisou de um tempo, e eu dei

— Eu não sabia que chamavam briga de "tempo" — debocha

— A gente se desentendeu, não brigamos. Mas eu nunca ficaria contra ele e à favor de outro, assim como eu não seria capaz de negar ele, não sou covarde em virar as costas pra alguém que precisa de mim, menos ainda em tirar proveito da desgraça dela

— Isso tudo serve pra que, afinal?

— Pra te mostrar que sou melhor do que você, com tão pouco. Pra mostrar que tenho caráter, que sou humano, ao contrário de você.

— Você é melhor do que eu só por pensar que está me humilhando? No final, você é igual a mim

— Humilhar? Minha intenção não é te humilhar, Changkyun, minha intenção é não me abalar com pessoas como você. Não é nada por você, isso é por mim. Eu não sou mais sua chacota. Faça o que quiser, mas não mexa com quem eu amo, você não me conhece.

— Nem você. Eu não vim pra te ameaçar, e eu não quero me sentir ameaçado.

— Não te ameacei, estou te dando um aviso.

— Por que tem tanta raiva de mim?

Rio sem acreditar na pergunta. Ele realmente me perguntou isso? Acho que esse garoto é louco!

— Changkyun, você apostou a minha vida! Isso não é o suficiente? Você tira sarro de mim desde a primeira série.

— Eu brinco com você, só que você nunca me deu atenção, nunca se importou

— Você só pode brincar com alguém, se esse alguém deixar você brincar com ele. Caso contrário, isso se chama bullying. Você não respeitou nem o momento em que eu quase morri afogado, me deixo diante à um refeitório inteiro rindo de mim. Você agrediu Minhyuk, e ainda se achou no direito de exigir coisas que você ao menos sabia o fundamento! E ainda tem coragem de vir até o meu quarto, e perguntar o porque tenho raiva de você?! — vejo ele desarmar, mas não me incomodo com isso, assim como não vou usar isso à meu favor

— Kihyun, eu...

— Sai do meu quarto.

— Eu só quero…

— Sai! Você não tem que querer nada aqui, o quarto é meu e você não é mais bem-vindo aqui. Fora!
O garoto concorda lentamente e se direciona para a porta do meu quarto, cabisbaixo. Eu não consigo sentir pena de alguém como ele, não dá, assim como não acredito que ele se sinta mal pelo que fez. Espero mudança de qualquer um, menos dele.

You Think - ChangKiOnde histórias criam vida. Descubra agora