Chang... ops, Chance

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Changkyun suspira, levando minha mão até seus lábios, onde deposita um beijo em minha pele.

— Meu pai é dono de algumas empresas de tecnologia e criação, não entendo muito disso, mas ele precisava de um sucessor, e Jooheon é o mais velho. Antes dos meus pais se divorciarem, Jooheon chegou a sair do armário, meu pai não teve uma reação negativa logo de cara, depois descobrimos o porque. Na cabeça dele, ele podia "curar" — faz aspas com os dedos — Jooheon

— Cura Gay. — murmuro

—Exato. Jooheon ficou indignado, mas teve que aceitar ir pra outra cidade. Ou ele negaria e seria mandado pra Austrália, sem possibilidade de retorno

— Só por ele ser gay?

— Meus pais são cristãos, Kihyun. Pra eles, só quem vive dentro da igreja tradicional é feliz.

— Mas eles que são divorciados não foram… — penso alto

— Ironico, não? — sorri desgostoso — Eu até podia dizer que houve momentos felizes entre eles, mas se realmente teve, eu não presenciei

— Ele se divorciaram por causa das brigas?

— Não. Minha mãe estava tendo um caso com o atual marido, meu pai descobriu tudo e… foi o fim.

— Sinto muito por isso, Chang, de verdade

— Eu não. Se tivesse sido um bom casamento, eu sentiria, mas foi um tormento. Ouvimos coisas, vimos muitas coisas… foi difícil passar por tudo isso e não ter pra onde correr

— Hey — me aproximo dele e o abraço — seja qual tenha sido seu passado, agora você pode contar com a gente. Ainda temos nossas diferenças, mas saiba que nós não vamos te deixar.

— Eu sei que não. Eu pretendo continuar na sua vida. — em um ato repentino, sou puxado pro colo dele, bem como aconteceu em algum momento posterior que não me recordo direito

— Chang...!

— Relaxa. A essa hora, já fecharam a secretaria pro almoço

— Se pagarem a gente… — me afasto

— Não vão, Kihyun. Relaxa

— Eu não quero problemas com esse povo, não com tão pouco para sair dessa escola

— E você acha que eu deixaria algo de ruim te acontecer? — Chang trás a destra até meu rosto, onde acaricia suavemente. Não dispenso o contato, ele é bom — Você é lindo.

— Esse tipo de frase não combina com você — rio baixo

— O que? Um garoto de 19 anos não pode dizer coisas bonitas pro pretendente?

— Mas é claro que pode, só que... Não combina com você, não estou acostumado com essa versão sua.

Ele para de falar, apenas para me olhar, algo que me deixa desconfortável, mas parece pensativo também, e só não interrompo, por sua fala voltar novamente.

— Vamos lá pra casa mais tarde? — convida. É óbvio que a idéia não me agrada.

Eu sou virgem, e não pretendo perder com ele, e nem é implicância, mas ainda não confio nele. E mesmo que eu confiasse, Changkyun não merece esse tipo de confiança.

— Não, Changkyun. Não é uma ideia boa.

— Por que você acha que eu quero seu corpo nú na minha cama?

— Hahahahaha por que será, né? — forço discaradamente o riso

— Ok, alguma vez já te desrespeitei? Agi com maldade? Abusei de você? O fato de estar apaixonado por você, não permite ou possibilita que eu use desse sentimento, para tal ato. E mesmo que eu quisesse transar com você, você seria o primeiro a ouvir da minha boca

— E o que você quer que eu faça na sua casa?

— Quero te mostrar uma coisa. Mas respeito que não queira ir. — ele me tira do colo dele, é até um pouco injusto da parte dele.

Até ontem, ele estava todo bravo por ter que ficar perto de mim, e, só porque ele se declarou pra mim, não significa que as coisas que ele me disse por todo esse tempo, foram esquecidas. Porque não foram. Nem se eu quisesse, eu não iria conseguir esquecer da noite pro dia. Só que, não me agrada deixá-lo chateado, seguro o pulso dele, e o viro pra mim. Changkyun me olha, ele está magoado, e nem vou citar quantas vezes eu já fiquei assim por palavras dele.

— Desculpa. Como eu disse, está difícil pra mim lidar com essa sua versão…

— Enquanto você ficar me odiando por dentro, eu nunca vou conseguir te mostrar que não sou esse monstro que você acha que eu sou

— É difícil pra mim, Changkyun. Olha quantas merdas tive que ouvir de você, tantas coisas que você aprontou. O que me garante que você não vai me machucar de novo? Eu não quero me envolver com você, sabendo que a qualquer momento você pode sabotar esse momento, me entenda!

— Kihyun, se eu realmente quisesse te sacanear, já teria saído alguém de trás de algum lugar, filmando a nós dois aqui. Mas aí, eu teria que ter coragem pra me sabotar também, porque espalhar um vídeo nosso perante a escola inteira, até que chegue no meu pai, é pra ter coragem. Eu não iria te convidar pra ir à minha casa, eu nem teria te beijado. Pensa um pouco.

Ele está certo, né? Não sei. Mas vou dar essa chance a ele, mesmo sem saber, se estou ou não, certo em fazer isso. Por um lado, até concordo com ele, Changkyun teria que enfrentar os pais para me sacanear.

— Eu vou.

— Não quero que fique desconfortável apenas para me deixar menos pior

— Eu já disse que vou, peste. — ele ri, até penso em me levantar, mas não contava em ser beijado atrás da arquibancada. Changkyun enlouqueceu, mas não sou capaz de negar o beijo, que por algum milagre, não é prolongado — Você é louco, só pode ser isso.

— Loucamente apaixonado por você. — se aproxima novamente, me deixando um beijinho na bochecha, mas dessa vez, empurro ele pelo peito

— Você realmente perdeu a noção do perigo. — me levanto, preciso ir pra casa

— Já disse que não tem ninguém na escola, pra que tanto desespero? — ele me segue

— Homofobia, o nome.

— Ki…

— Você não se preocupa com a sua reputação?

— De galinha pegador de todas? Não, prefiro passar o posto pro Jackson

Paro no corredor

— Jackson é hétero?

— É. Mais ou menos… eu só sei que ele gosta de pepecas — abre um sorriso brincalhão. Changkyun é um idiota

— E você? Gosta de que?

— De você.

Reviro os olhos, voltando a andar, mas não consigo reprimir o sorriso que as palavras dele me fizeram abrir. Não há sensação melhor, do que ouvir exatamente aquilo que você espera. E, numa ação nada suspeita, Changkyun envolve o braço em meu pescoço.

Quem vê de fora, somos apenas amigos de colegial. Eu vejo como uma chance.

You Think - ChangKiOnde histórias criam vida. Descubra agora