Sexta-feira... mas não é a 13

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Minhyuk caminha calado ao meu lado até em casa, não faço questão de quebrar o silêncio agradável e incomodo, mas ele sim, visto que não consegue aguentar o silêncio de que "está tudo bem". Não está tudo bem.

— Vê se não fala mais merda pro Changkyun.

Mais merda?!!! Eu não vou brigar com você por causa de macho

— Você se meteu em uma coisa pessoal, você não tinha esse direito!

— Não? Ok, Minhyuk. Então se fode sozinho, ok? Não vou me meter mais em nada, mas não vou te receber caso você quebre a cara. Coisa que vai acontecer.

— Você é um idiota, Kihyun!

— Não mais do que você! — sigo o caminho o oposto ao dele, para entrar na minha casa. Nós brigamos por ele preferir os machos dele à mim, se é assim que ele quer, assim será.

Minha casa está silenciosa, o que me deixa pensativo sobre as saídas diárias da minha mãe. Ela não trabalha, vivemos da mesada que ela ganha do meu avô, uma mesada bem gorda, por sinal. E não é possível que Hyunki se encontre todos os dias com as amigas.

Subo para tomar outro banho e aproveito para dar uma arrumada na casa. Preparo um miojo rápido e como antes de escutar batidas na porta. Minhyuk não tem esse nível de timidez, a menos que tenha sido algo grave e, com o orgulho ativo, prefere manter distância.

Lavo a tigela, panela e talher, para só então abrir a porta. Changkyun têm os cabelos jogados pro lado, veste uma blusa branca meio larga e uma bermuda. Trazendo a mochila pendurada no ombro.

Ele se vira após a abertura da porta e me olha de baixo pra cima

— Prefere fazer isso aqui fora?

— Entra. — abro mais a porta dando espaço pro garoto entrar. Ele não disfarça ao reparar na casa, o que me deixa um pouco nervoso. Eu sei que o padrão de vida deles são altos, sou quase um bolsista naquela escola. Mas não preciso de um casarão para me exibir para alguém. Não preciso de luxo para mostrar que sou melhor.

— Prefere fazer aqui ou no meu quarto?

— Aqui. — Changkyun se senta no sofá, e mexe na mochila. Deixo ele sozinho, apenas para pegar os papéis e as canetas.

Não falamos mais do que o necessário. E as vezes nem falávamos, apenas indicavamos o que queriamos, mas o silêncio que fazíamos de agradável, se tornou tenso pra mim. Eu não sabia ao certo se estava certo o que eu estava fazendo, estou acostumado a pedir auxílio de Minhyuk. Mas Minhyuk não está aqui e Changkyun está visivelmente puto por estar perto de mim. Eu não esqueci do que ele me fez, menos ainda, dele ser um dos culpados por eu deixar de falar com meu melhor amigo, mas somos, querendo ou não, parceiros de trabalho. E já que estamos fazendo essa porra juntos, não custa nada caprichar para ter a melhor nota, não só da sala, mas da escola. Mas não falo nada, apenas deixo rolar por puro nervosismo. Talvez eu quebre esse silêncio amanhã e sugira uma pausa, só para concluir esse trabalho com excelência. Sou perfeccionista em relação a escola, por mais que eu deteste.

Concluímos a primeira parte que foi culinária Brasileira, obtendo cinco páginas com explicações. Changkyun fecha o notebook e guarda as próprias coisas na mochila, em silêncio. Espero que termine de se ajeitar para que eu possa subir pro meu quarto, mas a porta é aberta, atraíndo nossa atenção.

Minha mãe surge sorridente, e o sorriso só aumenta ao ver que temos visita

— Oh, olá!

— Olá, boa noite sra...

— Yoo Hyunki, mas só Hyunki — minha mãe se aproxima após fechar a porta e aperta a mão de Lim. O que me deixa pasmo, é a capacidade de Changkyun ser educado, jurava que esse ser nunca tivesse aprendido o significado de educação.

E o mais assustador! Usar a educação com a minha mãe!

Eu realmente devia ter um celular para gravar cenas como essa e mostrar a todos como Changkyun é de verdade, mas creio que terei outras oportunidades. Mas agora, minha única meta é ir pro meu quarto e dormir.

— Eu já estou de saída…

— Não querido! Você fica para jantar com a gente, trouxe frango assado e vou amar ter você como convidado.

Oi? Eu devia ter desconfiado desde o princípio que minha mãe não está em seu perfeito juízo, porque essa é a única explicação óbvia para essa loucura!

— Mãe, Changkyun tem que ir pra casa, ele tem compromissos amanhã cedo.

— Tenho não, estou de boa. — arregalo os olhos com a resposta e olho pro moleque sorrindo. Até um momento atrás ele estava todo emburrado, feito uma criança quando lhe negam um doce, agora essa peste está toda sorridente por um convite ridículo?! E por que minha mãe inventou de chamar esse garoto para jantar aqui logo hoje?! Que só quero minha cama! E por que ela trouxe frango assado? Sim, porque só temos costumes de comprar frango assado em ocasiões especiais. E, que eu me lembre, hoje é um dia normal de sexta-feira.

O que está acontecendo??!!

— Que ótimo! Filho, vem me ajudar

— Estou cansado mãe.

— Deixa que eu ajudo a senhora — o garoto se disponibiliza a pegar as sacolas dos braços da minha mãe e segue para cozinha junto com ela. Eu realmente não posso acreditar no que está acontecendo. Por que esse desespero todo em tentar agradar e parecer todo certinho pra minha mãe? Eu espero que isso não seja um ato ridículo para comprá-la com sua ações e se desculpar com ela pelas babaquices que fez comigo. Talvez eu devesse mesmo contar a ela, tudo o que ele fez -só hoje. E que o principal motivo de Minhyuk não estar presente, é, em partes, culpa desse filho da puta! Mas vou deixar a cena rolar até onde eu quiser.

Cruzo os braços, encostando no portal da porta da cozinha, apenas para observar Lim Changkyun colocar os pratos na mesa e me lançar um olhar sério. Não é como das outras vezes, não há implicâncias, mas suas íris brilham. O que me tira completamente o foco anterior: chantagear Changkyun. Simplesmente me perco.

You Think - ChangKiOnde histórias criam vida. Descubra agora