彡 chapter six

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2008

somos feitos de poeira de estrelas

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Minha mãe sempre fora uma mulher batalhadora e muito compreensiva. Ela sempre me ouvira, quase como uma psicóloga particular. Quando papai morrera quando eu era muito pequeno e ela decidiu que não queria mais nenhum homem em sua vida além de mim, ela me perguntou como eu me sentia. Ela perguntava como eu me sentia para tudo, até mesmo para as decisões que cabiam somente à si, ela sempre me colocava em primeiro lugar e se importava com meus sentimentos apesar de eu ser melhor em demonstra-los escrevendo.

Então eu não deveria estar com tanto medo de contar, mas estava. E se para ela aquilo fosse o fim? E se eu não fosse mais seu filho? E se para ela eu me tornasse algo nojento que não merecesse nada de bom na vida? Eram muitos medos.

Passei alguns minutos desabafando meus conflitos com Chim-ssi, e apesar de saber que ele é apenas um urso de pelúcia, me confortava.

Então, contei da forma mais simples possível. Enquanto ela cozinhava algo, simplesmente soltei um "mãe, eu gosto de garotos". Eu sabia que se eu rebuscasse demais ou pensasse muito em como eu iria dizer eu apenas enrolaria como em todos esses dois anos.

— Eu já sabia meu filho. — ela dissera como se não fosse nada, e voltou sua atenção para as panelas.

Fiquei, obviamente, imóvel. Como assim ela já sabia? E não deu importância? Aquilo era bom, não era?

— Digamos que a gente conhece o filho que tem, Jimin. Acho que no fundo sempre sabemos, mas há aqueles que preferem negar a si mesmos do que aceitar da melhor forma. — ela voltou a dizer, acredito que ao perceber que eu havia ficado atônito. — e também você não é muito bom em apagar o histórico de pornô gay.

— Mãe! — fiquei vermelho como um tomate, morrendo de vergonha, mas ela somente riu. — E-Então 'tá tudo bem para você? Você aprova?

— Eu não acho que isso deva alguma aprovação. Isso é o que você é e pronto, não há nada de errado. Meu medo é de fazerem algo contigo, sabe? Isso me deixa apavorada, mas eu sei que você vai ter que viver e eu não vou poder te proteger de tudo para sempre. Você é uma pessoa maravilhosa e continua sendo o mesmo Jimin para mim, o meu Jimin, e nada mudou e nunca vai mudar. — ela dissera recebendo-me em seus braços com um abraço caloroso e algumas lágrimas que não pude conter.

✿彡

Quando uma aluna intercambista chegou, tive que aturar Taehyung falando sobre a tal o dia inteirinho, todos os dias. Eu estava me acostumando e também estava tão bem comigo mesmo depois de me assumir para minha mãe que nada poderia me abalar tão cedo, quer dizer, assim eu achava.

A garota chamava-se Denise, Diana... algo que não fiz a menor questão de gravar.

— Hyung, acho que estou apaixonado... — dissera enquanto caminhávamos até o colégio. — ela é perfeita! Você viu aqueles olhinhos, o rostinho e o jeito que ela fala? — falou quase babando em meu ombro.

Tentei parecer entusiasmado mas tudo que eu conseguia era dar risos de nervoso. Eu já havia suportado Taehyung me contando sobre cada garota que ele ficava por dia, mas apaixonado era ainda mais doloroso.

— Eu já conversei com ela algumas vezes, ela é incrível! Jimin, não vou desistir até ela ser minha. — minha saliva mal engolida provocou-me um engasgo, seguido de repetidas tosses. — Você 'tá bem Jimin? — indagou-me e eu assenti que sim, logo após a tosse cessar.

✩ 彡

Taehyung e a garota estavam cada vez mais próximos. De fato, cair nos encantos do moreno era algo extremamente fácil, visto que eu mesmo já tinha era despencado.

— Jimin-ah, soube que terá uma chuva de meteoros hoje à noite e que vai dar pra ver bem de lá do bairro, o que acha de acamparmos e assistirmos juntos? — Convidara-me Taehyung e eu obviamente aceitei.

Fomos para sua casa assim que a noite caiu, levando uma barraca velha que eu havia encontrado no sótão de casa, lanternas e demais coisas que podíamos precisar. Arrumamos a barraca no quintal, fincando bem os parafusos no chão.

— Começa em alguns minutos — proferiu o maior, olhando para o visor de seu relógio. Ajeitei-me nos edredons onde posteriormente dormiríamos e deitei de bruços, ao seu lado, virado para porta da barraca onde veríamos o fenômeno acontecer.

— Está com frio? — perguntou-me o moreno e eu assenti, afinal, estávamos do lado de fora e a noite estava com muito sereno. O vento gélido soprava os fios dos meus cabelos recém-pintados de loiro, me dando alguns arrepios, que, ao invés de cessarem, se intensificaram ainda mais ao sentir o braço do maior envolta do meu corpo, cobrindo-me com seu moletom. Ficamos tão perto que temi que ele pudesse escutar meus batimentos e perceber o quão acelerados estavam.

Não sei se fora devaneio meu, mas senti ele aproximar sutilmente o rosto ao meu, ao ponto de eu sentir sua respiração se misturar à minha, seus olhos se fecharam e eu tive uma das melhores visões da minha vida.

Nunca pude saber de fato o que aconteceria pois o toque do alarme do relógio de Tae nos fez ter um sobressalto e provavelmente o fizera retomar a consciência - a que ele era hétero e eu, seu melhor amigo.

— Está na hora. —  dissera mesmo que minha mente agora mal se recordava do motivo o qual eu estava ali.

Então, estrela pós estrela, o espetáculo no céu se iniciava. Ficamos observando a chuva dos belos astros, numa que foi uma das melhores noites da minha vida e que com certeza, não sairiam tão cedo de minha memória.

dear best friend ➹ vminOnde histórias criam vida. Descubra agora