彡 chapter twelve

1.5K 255 71
                                    

Taehyung

Fui fraco e medroso todo esse tempo, extremamente burro ao deixar Jimin ir. Eu deveria ter o impedido, deveria ter ido naquele maldito aeroporto e o feito ficar, mas eu não o fiz.

Não o fiz pois a vida inteira eu neguei aquilo à mim mesmo. Eu não podia tê-lo, não podia submetê-lo à alguém como eu.

Toda vez que eu via Jimin, meu coração doía, doía pois ele era a pessoa que eu mais amava na vida.

Era ele, sempre foi ele.

Mas então, a voz da minha mãe dizendo que eu era nojento, ecoava, a lembrança dos açoites, arranhões, tapas, os castigos de tantas maneiras diferentes, sempre voltavam em minha mente e me perturbavam.

Tudo piorou quando ela descobriu que eu gostava de Jimin. Eu era apenas um garoto, eu mal sabia o que estava falando ou sentindo de fato. Apenas inocentemente disse que gostava de Jimin como ela gostou do papai quando ele era vivo, então ela surtou. Eu nunca esqueci daquele dia.

Disse que eu nunca havia de dizer uma coisa dessas, que não havia posto um filho no mundo para ser um viadinho de merda e que eu era anormal, nojento, um estorvo. Ela já me achava um fardo que havia de carregar então aquilo só a enfureceu mais. Achou que eu havia ido para casa de Jimin não para brincar, mas para fazer coisas que eu, como criança, nem possuía no meu vocabulário. Ela era doente.

Com a mesma garrafa que bebia, me bateu, bateu tanto que a mesma quebrou em mim e eu desmaiei. Faltei aula por semanas para me recuperar. Quando minha tia descobriu, pôs na justiça na hora, então eu soube que não veria mais a minha mãe tão cedo. Ela também iria para clínica logo depois.

Depois de dois anos, achei que não sentiria mais nada por Jimin, a princípio era verdade, mas conforme nos aproximamos de novo, era como se tudo voltasse sem o meu consentimento.

Então comecei a ficar com várias garotas, na esperança de esquecer aquilo que fui ensinado na marra de que era errado, mas eu só enganava a mim mesmo, quando tudo acabava eu apenas queria chorar.

Cheguei a de fato gostar de Denise, nada como Jimin, mas gostava, porém, por que ele tinha que dificultar tudo dizendo que também gostava de garotos? E pior, dizendo que gostava de mim?

Eu não sabia o que fazer. Só tentei o afastar, protegê-lo de alguém tão mal resolvido e problemático como eu.

Quando minha mãe morreu tudo veio à tona. Foi de repente, eu achei que ela estava melhorando na clínica mas ela teve uma overdose de remédios, intencional. Eu não acreditava que ela tinha feito aquilo consigo mesma, fiquei triste mas não tanto quanto seria considerado comum, talvez seja por que eu não sabia direito como amor materno funcionava, o pouco que tive contato foi quando via minha tia cuidar dos meus primos.

Veio à tona que ela não estava mais viva para me julgar, um pensamento meio egoísta talvez, mas não deixando de ser verdadeiro, mesmo assim, por que eu não conseguia me desprender daquilo? Era como se eu estivesse acorrentado em invisíveis correntes as quais eu não conseguia me desprender, apenas me debatia.

Mas quando beijei Jimin fora como um segundo de liberdade, um segundo no paraíso. Mesmo que um segundo pudesse ser considerado tão pouco, era imensamente satisfatório para alguém que viveu preso.

Me senti péssimo quando encarei seus olhinhos tristes, tão péssimo quanto no dia em que ele se declarou pra mim e eu o deixei. Mas dessa vez eu não sentia que havia o deixado, sentia que ele havia me deixado, que eu estava fora de vez da sua vida, e a culpa era totalmente minha.

dear best friend ➹ vminOnde histórias criam vida. Descubra agora