2007
olá ensino médio e olá revelações
Determinadas sementes conseguem resistir meses, ou até mesmo anos, longe dos solos e mesmo assim, quando plantadas, germinarem.
Eu me sentia basicamente assim em relação à gostar de Taehyung: como se eu convivesse com aquele sentimento em mim, estando adormecido, e ele pudesse florescer a qualquer momento.
Com o tempo, acabei me acostumando. Eu sabia que havia uma parte do meu coração que palpitava por ele, mas tentava deixar aquilo para mim, afinal, coisa boa não podia dar sendo que ele era hétero.
Era uma tarefa meio difícil, ainda mais quando ele era meu melhor amigo, vivia me abraçando, fazendo-me carinho e passávamos horas à fio conversando por mensagem ou pessoalmente sobre basicamente tudo. Eu sentia que ninguém poderia me entender como ele. Tudo era leve. Eu me iludia na maior parte do tempo.
Achei que nada poderia ser pior do que aguentar aquilo tudo em mim, contido, até Taehyung entrar na fase de querer pegar geral, ai sim as coisas pioraram.
Ser popularzinho o ajudava a não lhe faltar festas e garotas dando em cima de si. Toda semana era um caso diferente que ele me contava, isso quando não era mais de um. Eu me sentia péssimo, com ciúmes claro, mas não havia nada que eu podia fazer, certo?
— E você Jimin? Não o vejo pegar e nem falar de nenhuma garota... — ponderou-me certa vez. — Se quiser, posso arranjar uma para você, você está precisando dar uns beijinhos — ele sorriu, olhando para o teto do meu quarto enquanto estava jogado em minha cama. Senti a comida quase voltar após ouvir aquilo.
Não sabia se deveria mas, se ele era meu melhor amigo, eu deveria confiar em si minimamente para revelar certas coisas sobre mim, e eu não conseguiria segurar por muito mais tempo.
— Você não me vê com garotas porque não gosto delas. Não desse jeito. — Falei, por dentro surtando de nervoso, enquanto Tae levantou abruptamente, sentando-se na cama e me encarando com aquelas sobrancelhas grossas franzidas.
— Você quer dizer que...
— Eu sou gay — falei e minha voz saiu um pouco falha, devido ao nervosismo.
Um silêncio constrangedor tomou o ambiente de repente. Fiquei um pouco receioso do que iria por vir.
— Há quanto tempo você sabe? — voltou a falar, um pouco sério.
— Faz um tempinho na verdade. — respondi envergonhado. — uns 2 anos talvez? — dei de ombros.
— E por que não me contou antes?
— Não é uma coisa tão simples Taehyung. Não é uma coisa que se fala assim, como se eu fosse ali comprar pão. — murmurei. — Eu tive medo de isso abalar nossa amizade, de você ficar estranho comigo, sei lá! Muitos héteros são assim.
— Escuta aqui Jimin — disse, se aproximando e pondo uma mão em cada lado das minhas bochechas. — Isso nunca, nunquinha vai mudar nossa amizade. Eu amo você, não importa de quem você goste.
Xinguei Taehyung mentalmente por ser tão compreensivo, por me fazer apaixonar por ele ainda mais e por me colocar ainda mais na friendzone.
— Na verdade uma coisa vai mudar sim. — ele dissera e eu arqueei as sobrancelhas em curiosidade. — enquanto falarei de garotas, você falará de garotos, apenas — Assenti que sim. — Inclusive, tem algum garoto que você está gostando Jimin-ssi?... — perguntou-me com um sorriso malicioso.
Tem sim, e ele tá bem na minha frente, seu tapado.
— N-Não, não... — proferi dando um riso sem graça.
— De qualquer forma não se preocupe Jimin, uma hora o cara certo irá chegar. Ah, eu sei que o Hobi hyung é bi, sabia? — Implorei mentalmente para que ele não me empurrasse para tal. Por que algumas pessoas tem essa mania de empurrar as pessoas lgbt para outras? Não é como se a gente não soubesse chegar ou não tivesse um tipo. — E se assim preferir, não contarei nada para ninguém sobre sua sexualidade.
Não que fosse um segredo horrível, não é como se eu houvesse cometido um crime, mas é que o único garoto que já gostei na vida era Taehyung, então tudo aquilo ainda era confuso pra mim.
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dear best friend ➹ vmin
FanfictionA descoberta da sexualidade, a dificuldade em contar isso para as pessoas as quais se ama e uma paixão platônica pelo melhor amigo. Tudo isso com uma pitada de juventude, imprevisibilidade, drama, um velho diário e um ursinho de pelúcia chamado Chim...