SANGUE

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— Não, não, mestre, por favor, volte, mestre! — Olivier se desesperava conforme o corpo de Breno caia em seu colo, ele deixou a faca ensanguentada cair no chão.

Eu fui me arrastando para perto da porta, a dor na costela era muito grande, mas o pânico que sentia era ainda mais insuportável.

— É tudo culpa minha, como eu fiz isso? Como? — Olivier gritava muito alto, eu torcia para que alguém ouvisse e viesse ao meu socorro.

A chave da sala caira no chão quando Olivier me puxou, eu não conseguia encontrar, estava ficando mais desesperada do que antes, pensava tanto em Pedro, tanto em como ele receberia a notícia da minha morte, se ele seria forte, se mamãe e papai aguentariam...

— Por favor mestre, por favor, volte! Volte!

Olivier segurou o corpo já sem vida de Breno no colo, o sangue escorria pelo chão e em sua roupa, seja aonde for que ele tenha o atingido, foi em cheio, ele morrera no mesmo segundo que caira no chão, ou quem sabe até antes, havia um monstro a menos na sala, mas nem nos meus piores desejos, eu quis vê-lo assim, queria levá-lo para a justiça, não nas mãos de outro monstro.

Olivier colocou o corpo de Breno delicadamente no chão, achei que ele iria me matar, terminar o que ele começou, mas ele parecia nem me ver ali, talvez tenha esquecido, tomado pela dor da perda de quem de alguma forma, ele amava.

— Com o teu sangue eu peço perdão.

Meu estômago se revirou, ele pegara o sangue do corpo de Breno, ensopara os seus dedos e colocara em sua boca e rosto, me segurei para não gritar, queria que ele continuasse me esquecendo, queria ser invisível para aquele lunático.

— Eu peço que me perdoe, que veja o meu amor verdadeiro e que me receba aonde você está.

— Olivier, não!

Foi tudo muito rápido, ele pegou a faca no chã ensanguentado, gritar foi um instinto, ele era uma pessoa que convivi por meses afinal. Com a mesma faca que ele findara a vida de Breno, ele cortou o seu pescoço, jorrando mais sangue no chão, caindo por cima de seu mestre, me fazendo soltar um grito de horror.

Nem em meus piores pesadelos eu vi uma cena tão grotesca, era um filme de terror no qual eu fazia parte. A vida de Olivier jorrava para fora de seu pescoço, eu chorava e gritava, queria saber como escapar dali, como esquecer aquela cena tão horrível, tão dolorosa, tão violenta da minha mente.

Comecei a procurar desesperadamente pela chave, não sei como tive força para levantar, mas eu consegui, morrendo de dor, fraca, mas consegui. A chave estava perto de uma das poças de sangue que se formara da carnificina, um ponto prateado de esperança no meio do mar de vermelho vivo. Eu a segurei com força, me segurei a vida que ela poderia representar.

O lado de fora do escritório realmente ainda estava vazio e escuro, fui até a cozinha e achei meu celular, estava sem sinal, eu precisava sair da casa.

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