DE VOLTA AO COMEÇO

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O voo foi longo, porém tranquilo, eu dormi a maior parte do tempo e não tive sonhos estranhos. Faltando alguns minutos para a aterrizagem, eu olhei pela janela e vi o meu Rio de Janeiro, cheio de curvas, montes, praias e prédios, eu sentia saudades de tudo aquilo e meu coração começou a disparar ao saber que em breve eu sentiria todo o seu calor novamente.

Eu sempre odiei passar pela alfândega, mas até isso me animava dessa vez. Fiz tudo o que devia ser feito, passei em uma lojinha e comprei os chocolates que sei que meu irmão gosta, peguei minhas muitas malas, as colocando em um carrinho e segui direto, finalmente, para o portão.

Cruzar aquele portão era como cruzar o limite entre o passado e o presente e foi exatamente assim que me senti, entrando por um portal direto para o meu passado e talvez, para o meu futuro.

— Cat, Catarina! — Eu ouvi gritos. Mamãe estava segurando flores e não parecia muito bem, mas se esforçava para sorrir, meu irmão, seu namorado Bernardo e minha prima Samantha seguravam um cartaz de "bem-vinda ao lar" e papai, por sua vez, segurava as lágrimas.

Eu larguei o carrinho e corri em direção a eles, abracei cada um individualmente enquanto papai recuperava a minha bagagem esquecida.

— Eu não acredito que você está aqui! Mais um dia longe e eu iria te sequestrar. Como você abandona os amigos desse jeito? — As palavras de Bernardo, por mais que fossem uma brincadeira (pelo menos em seu tom), tinham um fundo de verdade. Ninguém me ajudou tanto quanto ele quando eu precisei, somente talvez Hugo e Samantha e mesmo assim eu o abandonei, indo embora sem nem me despedir direito.

— Eu senti tanto a sua falta, tanto...

Samantha era sensível, uma manteiga derretida como costumávamos dizer e já estava chorando desde o momento que meu voo chegou no Rio, segundo mamãe.

— Mamãe, o que eu posso fazer por você agora? Eu nem imagino a dor que esteja sentindo...

— Nada, minha filha, somente esteja comigo e com o seu primo, ele está sofrendo muito com a morte da mãe.

Alberto era meu único primo por lado materno e era o filho único da minha tia, às vezes eu achava que ela nunca deixara de vê-lo como uma criança, só conseguia pensar em como ele devia estar se sentindo sozinho, sem o pai que já se fora e agora sem a mãe.

— Aonde ele está?

— Em casa, se recusa a sair do quarto, já tentamos de tudo, mas quem sabe no velório amanhã você possa acalmá-lo, sempre foi a prima preferida afinal de contas.

— Claro, mamãe, eu vou sim tentar.

Fomos embora em dois carros. Bernardo me contava sobre os planos para o casamento com Hugo e de como agora eu finalmente poderia provar meu vestido de madrinha, tudo para me distrair do fato triste que estava acontecendo com a minha família, eu sabia.

Dos teus lírios Onde histórias criam vida. Descubra agora