O JANTAR

150 30 6
                                    


Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


O almoço com a minha família regenerou em mim uma saudade que às vezes fica esquecida e sempre que isso acontece, eu sofro muito. Sofro com vontade de ir para a minha casa, sofro para ficar, eu não sei o que quero quando se trata da minha saudade falando em meu peito, por isso é perigoso tomar as minhas decisões baseadas apenas nela.

— O almoço foi bom ou foi ruim? Porque sinceramente pelo seu rosto não dá para saber e é uma das coisas que eu detesto em você — Lia estava sorrindo e me esperando sentada na minha cadeira com as pernas em minha mesa, de um jeito que ela sabia que eu odiava que ela fizesse.

— Foi maravilhoso, por incrível que pareça. Eu fiz as pazes com o meu irmão e ele me abraçou tão forte..., como eu sinto falta daquele idiota!

— Mas o que ele fez de tão grave afinal?

— Ele escondeu algo de mim que eu não queria que tivesse.

— E você não vai me contar o que é, né?

— Na hora certa, minha pequena Lia...

Eu fiquei algumas horas sentada em minha mesa, pesquisando sobre os assassinatos, lendo cada detalhe que eu consegui descobrir. O relatório do legista foi conseguido graças a minha amizade com um velho colega de faculdade e isso me dava a vantagem que alguns jornalistas não tinham.

— Envenanada, esganada e depois teve seu coração retirado..., mas por que envenenar alguém e esganar a pessoa logo depois de morta? Ela já não estava respirando mesmo! Isso não faz sentido nenhum, eu ainda acredito que seja um ritual... — Eu murmurava sozinha e baixinho para ninguém ouvir.

Essa obsessão pela teoria das seitas me chamara atenção desde o começo. Eu li muito sobre Charles Manson, sobre a seita "a família" e eu sei o que um psicopata com uma boa lábia era capaz de convencer os outros a fazerem.

Essa pesquisa sobre seita me levou a o lugar aonde os novos loucos e mal intencionados podiam conseguir toda a atenção que eles queriam, as mídias sociais. Foram horas olhando vídeos, posts, mensagens, até chegar a um que me chamou mais atenção, era um canal chamado "Pureza entre nós". Um homem bem afeiçoado, com um olhar delicado, doce e até mesmo romântico falava em várias línguas sobre a importância de se manter a pureza no mundo, que ele fora corrompido pelo dinheiro, pela malícia e pela futilidade e acusando nós, as mulheres, de serem as principais perpetuadoras desse mal. Eu senti um misto de raiva, descrença e choque ao ver como palavras tão bem ditas, porque ele era extremamente bem articulado podiam ter sentidos tão maldosos e também de ver a quantidade de mulheres e homens que o apoiava. Ele tinha mais de trinta mil inscritos no canal e um website aonde era mostrado o sítio aonde ele morava com alguns seguidores..., NO BRASIL!

Meu celular começou a tocar incessantemente, quebrando completamente a minha atenção e me fazendo querer jogá-lo em uma parede.

"Que é?" eu atendi com um pouco de grosseria sem nem ver quem era.

Dos teus lírios Onde histórias criam vida. Descubra agora