Capítulo Nove

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Sentada na enorme cama da casal na casa de campo da família de Roberts, pude ouvir o som das risadas no piso inferior e os latidos dos seus cachorros Ray não tinha escolhido momento pior para tentar uma festa de noivado. Mordi o lábio inferior encarando minhas malas que estava no canto próxima a cama, oh Deus, por que me sentia tão nervosa. Uma batida de leve na porta e a cabeça da minha amiga apareceu por uma fresta, só de olhar para Ray percebi o quanto estava ansiosa e inquieta. Fiz um gesto para que entrasse, ela fechou a porta atrás de si se mantendo nela por um breve muito, ela usava um macacão preto até o tornozelo que combinava perfeitamente com seu tênis branco e o coque bagunçado no alto da cabeça.

— Algum problema?

— Não, bem, sim... quer ajuda para desfazer as malas?

— Ray, o que está acontecendo? — fiz um gesto para ela se sentar ao meu lado, ela veio rapidamente se sentando ao meu lado segurando em minha mão.

— Prometa-se que não irá surtar — encarei seu rosto desconfiada.

— O que você fez?

— Eu disse acidentalmente para Donna que você e o Roberts tem um caso. — ela mordeu o lábio inferior esperando meu surto — Bom, ela perguntou o que houve com você, aí comecei a contar, disse como ele ficou quando você estava desacordada e acidentalmente eu citei que vocês transaram.

— VOCÊ FEZ O QUE?! — Gritei me levantando de uma vez, tive que me equilibrar para não cair — Meu Deus Ray! Por que você falou isso? — andei de um lado para o outro — É agora? Como vou encarar sua família, como vou olhar para sua irmã depois da sua língua grande?

— Me perdoa — ela choramingou tampando o rosto — Ela me disse que vocês dois formam um casal tão lindo, e tenho que admitir Kate vocês foram feitos um para outro.

Encarei aqueles olhos cor de âmbar, ela parecia realmente arrependida pelo o que disse, mas algo cintilou em seus olhos uma determinação que só vi uma vez. Meu peito se apertou pelo o que estava a suspeitar.

— Pelo amor de tudo que é mais sagrado, Ray! Não!

— Só nesse final de semana, vai. Seus parentes estão para chegar e sempre pergunta por que ele não está com alguém, agora pode ajudá-lo. — ela fez aquela carinha de cachorro sem dono — Por favor, por favor por favoooorzinho.

— Eu não sei mentir, ainda mais um relacionamento. — fechei os olhos apertando — Ele sabe...

A porta do quarto se abriu de uma vez, o rosto de Roberts estava retorcido em raiva e vermelho, dei um passo para trás encarando aquele verde tão penetrante. Pelo jeito ele já deve ter descoberto o plano de sua mãe e Ray. Com um movimento rápido e ágil ela desviou da sua ira saindo pela porta a fechando. Traidora.Fez a merda e me deixa para enfrentar a fera.

— Roberts, eu...

— Isso tudo tem dedo seu não é! — ele apontou para mim — Está se vingando pelo que fiz com o doutorzinho.

— Meu Deus Roberts! De onde tirou isso? — fuzilei Roberts com os olhos cruzando os braços — Sou tão vítima dessa historinha ridícula quanto você.

— Vítima?

— Sim, claro, sou eu quem devera fingir para sua família que somos um casal — apontei o dedo — Você mais que ninguém está satisfeito com isso não é mesmo "Querido"

Roberts passou as mãos pelos cabelos irritado, andando como um animal enjaulado pelo quarto. Não entendia por que de tanta raiva. Continuei com os braços cruzando sem esboçar qualquer reação, minha máscara impassível, escondia a aflição que também sentia dentro de mim, acho que era isso que estava o irritando ainda mais. Finalmente ele parou de andar me encarando.

— Minha avó está para vir, ela espera que — ele soltou um suspiro — ela espera que eu esteja comprometido. Esse é o sonho dela, ver todos os seus netos casados.

Ergui minhas sobrancelhas até quase chegar a altura da minha franja. Como assim? Por um segundo tentei segurar a minha risada, a situação era mais cômica do que eu imaginava, como uma senhorinha de idade estava tentando ditar a vida amorosa de seus netos. Observando o homem à minha frente, andando de um lado para o outro tentando manter a calma, mas era evidente que estava nervoso, mas sentia que algo estava errado por que ele estava tão preocupado assim em fingir algo comigo?

— Por que está tão nervoso? É só um final de semana.

— É, e só um final de semana.

— Tudo bem Roberts, eu finjo ser sua namorada — disse tranquilamente — Só tem a ver condições.

— Quais?

— Sem beijo de língua, sem mão boba, sem piadas de segundas intenções — estendi a mão para ele — De acordo?

Ele parou me encarando por alguns segundos, até que por fim estendeu a mão apertando a minha.

— De acordo.

Ele se abaixou para pegar as minhas malas.

— O que está fazendo?

— Você vai para o meu quarto, precisamos ser convincente.

— Claro.

Me abaixei para pegar minha bolsa e minha mala de mão, e caminhando lentamente sai do quarto com Roberts. Devo ter batido a cabeça com bastante força para ter as sequelas só agora, estava me enfiando em uma situação que normalmente sempre acaba mal. Fingir um relacionamento que não existia. No final do corredor Roberts abriu uma porta revelando seu quarto tão masculino, as paredes pintadas em um verde musgo e preto, vários quadros de fotografias em preto e branco e pinturas, uma escrivaninha próximo a janela com vários papéis, livros um abajur ao lado, um laptop, em cima dela continha uma prateleira com troféus de beisebol,futebol e rugby, fotos de Roberts e Bruce muito jovem, e uma outra com ele segurando o que supôs ser Amy no colo. Mais parecia um quarto de memórias, ao lado da enorme cama de casal um poster do The Beatles e Pearl Jam.

— Ai meu Deus. — segue uma prateleira de CDs, continha de tudo, de pop rock ao heavy metal — Amo Tears For Fears, eu escutava com a minha mãe todas as noites de domingo.

Mordi o lábio com um sorriso enquanto passava o dedo pela pontinha do CD, era uma relíquia.

— Quer ouvir?

Balancei a cabeça sorrindo, Roberts colocou minhas malas em seu closet e pegou o CD da minha mão colocando em um Home Theater, então Head Over Heels começou a tocar alto, fazendo meus ossos vibrarem, fechei os olhos ouvindo o delicioso som do piano e a batida da música.

Eu queria ficar sozinho com você

E conversar sobre o clima

Mas as tradições que eu posso traçar

Contra a criança no seu rosto

Não escaparão da minha atenção

Você mantém seu medo distante

Do sistema de toque

E gentil persuasão

Eu estou perdido em admiração

De que eu preciso tanto assim de você

Oh, você está desperdiçando meu tempo

Você está apenas, apenas, apenas desperdiçando tempo

Senti meu corpo se mover sozinho, e uma ponta de nostalgia percorrendo pelo meu sangue, comecei a dançar sem me importar com Roberts no quarto ou que ele pensaria, só estava sentindo a música entrar em minha pele me causando arrepios. Cantava alto e dançava igual a menininha que eu era, senti mãos segurando em minha cintura abri os olhos rapidamente enquanto aquelas duas esmeraldas brilhantes focadas em mim, sem pedir permissão Roberts segurou em minha nuca me puxando para um beijo intenso e arrebatador, sua língua invadiu minha boca a procura da minha. Meu corpo correspondeu ao seu toque passei os braços em volta do seu pescoço intensificando o beijo, uma fome e um desejo tomou conta de mim querendo mais dele, mais dos seus beijos mais do seu toque, mais de Roberts.

Deliver yourself of pleasure - Sequência de Ensina-MeOnde histórias criam vida. Descubra agora