Deliver yourself of pleasure - Sequência de Ensina-Me

Prólogo

Quando minha antiga vida morreu, não foi bem um calmante para o sono. Ela levou um tiro. Para ser honesta, foi eu mesma que apertou o gatilho. Em uma semana, coloquei minha casa para alugar, vendi meu carro, e terminei com o filho da puta do meu namorado. E, embora eu tivesse dito a mim mesma e a minha tia superprotetora que teria juízo, foi só quando estava no aeroporto que liguei para minha melhor amiga para contar que estava me mudando.

Foi nesse instante em que a ficha caiu, num instante de lucidez. Eu estava pronta para começar de novo.

— Ray? Sou eu — minha voz estava trêmula quando olhava ao redor do terminal— Estou indo para Nova York. E espero que tenha uma sala preparada para mim.

Ela gritou, deixou o telefone cair, e ao fundo, pude ouvir que ela tentava tranquilizar alguém dizendo que estava tudo bem.

— A Kate está vindo — ela explicou, e meu coração se apertou só de pensar em estar lá com eles nessa nova aventura — Ela mudou de ideia Bruce!

Ouvi um som de celebração, como se alguém estivesse batendo palmas, e ele logo disse algo que não consegui entender direito.

— O que ele disse?

— Perguntou se Bryan vem com você.

— Não — parei um pouco para controlar a sensação ruim em minha garganta. Fiquei com Bryan por quatros anos, vivemos nosso vai e volta, e, por mais que estivesse feliz por ter terminado tudo, essa virada dramática em minha vida ainda parecia surreal. — Agora é definitivo, eu terminei com ele.

Ouvir Ray engasgar.

— Você está bem?

— Me sinto leve, me sinto bem — e estava mesmo. Acho que não tinha percebido o quão bem estava exatamente até aquele momento.

— Acho que foi a melhor decisão que você já tomou. — Ela disse antes de fazer uma pausa para ouvir o que Bruce disse ao fundo. — Bruce disse que você vai cruzar o país como um cometa.

Mordi o lábio, segurando um sorriso.

— Quase isso. Estou no aeroporto.

Ray soltou um gritinho entusiasmado me prometendo me encontrar no aeroporto LaGuardia. Eu sorri desliguei o telefone. Entreguei minha passagem no balcão de embarque. Eu parecia mais uma velha estrela, queimando minhas últimas energias, com a minha própria gravidade me puxando para dentro, quase me esmagando. Eu não tinha forças para minha antiga vida perfeitinha, meu emprego previsível, meu relacionamento sem amor. Estava exausta com apenas vinte sete anos.

Como uma estrela, minha vida no Brasil desabou debaixo do seu próprio peso. Então decidi ir embora. Grandes estrelas deixam buracos negros para trás. Pequenas estrelas deixam anãs brancas. Eu mal estava deixando uma sombra. Toda minha luz estava indo comigo.

Eu estava pronta para começar de novo como um cometa: me reabastecendo, reacendendo e

queimando através do céu.