Capítulo Dezesseis

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Nunca fui uma pessoa corajosa, acho que meu medo de cachorros grandes e baratas define isso muito bem. Mas quando você está na frente do homem cujo os últimos três dias você tem transando e seus olhos dizem que existe algo mais além de desejo físico. Engoli em seco quando na parte em que Michael Bublé diz Love You, os olhos de Roberts brilharam e ele segurou em meu rosto aproximando nossos lábios em um beijo lento e delicado, não se importando com quem quer estivesse naquela pista de dança, algo chamuscou dentro de mim, uma dor maçante tomou conta do meu peito o fazendo apertar em agonia. Oh Deus, eu queria correr, fugir daquela situação, sua declaração silenciosa.

Segurei em seus pulsos abaixando a cabeça, sua testa tocou a minha ele soltou um suspiro forte.

— Você entendeu, Kate? —sussurrou Roberts beijando minha testa,

— Sim, Roberts... eu... eu não estou pronta para isso —levanto os olhos encarando aquelas esmeraldas — Não estou pronta para dar esse passo.

— Por que? Somos tão bons juntos.

— Sim, somos, mas... somos bons assim —separo meu corpo do dele — eu sinto muito. Não posso.

Me viro saindo ainda mais apressada do que podia com essa maldita bota ortopédica. Essa de que a razão não se dá bem com coração e a mais pura verdade, e nesse exato momento estava odiando meu coração por quase aceitar algo que minha razão gritava para correr e desaparecer o mais rápido possível, mas como não conseguia ir muito longe apenas cheguei no bar onde se concentrava as bebidas.

— O que vai querer senhorita? — perguntou o garçom barrigudinho.

— O que você tem de mais forte?

O garçom colocou na minha frente com copo com um líquido branco, aproximei do nariz, vodca pura, perfeito era o que precisava para tentar abaixar o zumbindo na minha cabeça. Virei todo de uma vez sentindo queimar minha garganta pedir mais uma dose virando a segunda.

— Melhor você ir com calma. — Disse Jane retirando o copo da minha mão.

— Roberts se declarou.

Ainda era difícil de acreditar, mas a realidade batia a cada vez que repetia essas mesmas palavras ou quando fechava meus olhos e via o olhar apaixonado e as promessas de amor em Roberts. Eu tinha desacreditado no amor, desacreditado que um dia tudo poderia ser lindo e cheio de flores como nos contos de fadas, mas os contos de fadas não existem né. Essa de felizes para sempre e só mais uma forma das empresas ganharem dinheiro com felicidade falsa.

— Mas tipo? Se declarou declarando?

— Tem outra forma de se declarar Jane? — fiz uma careta confusa.

— Bem, ele pode ter declarado o imposto de renda ou se declarado culpado.

— Oh Deus Jane, ele disse que me amava — encolhi os ombros — E eu fugi, corri dela ou ao menos tentei correr né.

— Oh Kate... — ela tocou meu ombro.

***

O restante da noite tentei ao máximo ignorar o fato de que Roberts estava ao meu lado, como ainda passávamos, sua mão em minha cintura a forma tão próxima que ele estava de mim me incomodava um pouco. Na hora do pedido tão lindo de casamento no qual Bruce se ajoelhou na frente de Ray lhe entregando um belo diamante quando a música deles tocavam ao fundo, ele fez o voto de ama-la incondicionalmente e respeitá-la além de lhe proporcionar o prazer até o final de suas vidas, bom podem imaginar a cara de Gregory Mitchell nesse momento. E por fim Ray aceitou o pedido e finalmente e oficialmente ficando noiva de Bruce.

— Parabéns minha amiga — eu a abracei sorrindo — Logo será a nova senhora Mitchell Evans.

— Não acredito que fiz isso — ela riu colocando a mão no rosto — Ele me pegou direitinho.

— Mas que certo Ray, vocês vivem esse amor por dois anos — riu beijando a bochecha dela — Você será muito feliz.

***

Domingo, hora de ir para casa, mas como a vida é mesmo uma cadela afim de foder minha vida. Voltarei para Nova York com Roberts. Uma batida de leve na porta e a cabeça da senhora Isabel Evans apareceu, ela trazia uma vasilhinha cheia de biscoitos caseiros.

— Podemos conversar menina?

— Claro, entre.

Ela entrou caminhou se sentado a beira da cama colocou a vasilhinha entre nós duas tomando a minha mão, dois tapinhas foram dados.

— Sei que não estão juntos — ela solta — Mas vejo amor nele, amor por você.

— Senhora...

— Roberts foi muito magoado no passado Kate, não magoe meu menino, não lhe der esperanças.

— Eu não dei esperanças, fui bem específica no que queria e ele aceitou — engulo seco olhando — Também fui muito ferida senhora Isabel.

Ela me deu um aperto na mãozinha e logo se aproximou beijando minha bochecha, por fim saiu deixando a vasilha com biscoitos. Solto um longo suspiro juntando minhas coisas, não queria sair como vilã dessa história mas não tinha outro jeito, seria a vilã por não corresponder aos sentimentos do querido Roberts, o que me deixava com raiva pois ninguém entendia a minha situação nesse momento, ninguém entendia como eu me sentia em relação a tudo isso.

Ninguém entendia. 

Deliver yourself of pleasure - Sequência de Ensina-MeOnde histórias criam vida. Descubra agora