3- (3) Days Without Sun

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Dias Sem Sol, dia 7.

  Harry foi ao trabalho nesse dia pois não havia mais desculpas. Passou toda sua manhã falando bom dia e atendendo a todos com um sorriso no rosto.

Eles não mereciam ter seus próprios dias estragados por causa de Harry e seu luto.

É claro que todo mundo iria compreender se dissesse que estava triste pois seu amigo morreu, mas Louis foi tão mais que isso, ele foi seu mundo por todo o tempo em que se conheceram, sim, Harry se sentia vazio e incompleto mas parecia que Louis não o tinha deixado de verdade. Ele sentia como se a qualquer momento fosse o encontrar virando a esquina ou o trombaria em um bar. Mas não iria.

  Saiu de seu expediente de óculos escuros, ainda que não estivesse muito sol, ele não queria ver a luz de qualquer maneira.

Ao parar na esquina para atravessar, Harry se lembrou de quando descobriu que Louis era Sun e Sun era Louis, bem aqui, nesse lugar.

Lembrou das fotos e lembrou de seu amor trancado no banheiro por não poder ser quem era, por se sentir preso, julgado e um fantoche e em como ele se abriu todo o seu coração para tentar tira-lo de lá. Mas agora não importava, ele o havia deixado.

  Harry chegou em sua casa, tirou os sapatos e os jogou num canto, ouvindo um barulho de papel sendo amassado.

Foi até seus sapatos e viu que era uma carta. Uma carta de Louis. O cacheado não sabia o que fazer, era como se aquela sensação de que seu parceiro nunca o tinha deixado tivesse voltado, como se ele nunca o fosse abandonar, ainda que já tivesse o feito.

Mas não, Harry achava que não deveria ler aquilo, ele estava se sentindo impotente por ter deixado Louis ir e não devia ficar achando que ele tinha se importado com seu bem estar... Se bem que em todos suicídios haviam bilhetes não é? Talvez aquilo fosse uma despedida e Harry não queria se despedir de Louis jamais.

  Jogou a carta na cama e foi colocar seu celular pra carregar, pela primeira vez desde aquela noite.

Assim que abriu havia diversas mensagens de Niall perguntando como ele estava. Perguntando sobre o trabalho, perguntando se ele estava respirando, comendo, andando ou sequer se movendo. Harry sorriu com a última mensagem do amigo, que havia sido enviada fazia 5 minutos.

  "Harry, espero que você esteja vegetando numa cama de hospital após ter sido tragicamente atropelado POR MIM. Me responde cara, eu só quero saber como está".

Ele decidiu responder, não querendo deixar Niall muito preocupado, afinal ele sabia como era achar que seu amigo poderia tentar se matar a qualquer momento, ainda que mesmo depois de Louis, isso não tivesse passado pela cabeça de Harry. Ainda.

   "Eu to bem, Niall, calma" a resposta veio quase imediatamente:

   "HARRY! GRAÇAS A DEUS! Eu tava quase ligando pra polícia!"

   "Você me viu saindo do trabalho, Niall e isso faz apenas uma hora."

   "É, infelizmente você vai ter que aguentar falar comigo a cada segundo do seu dia, então acostume-se".

Niall sempre havia sido tão bom amigo para Harry, ainda que eles não fossem grudados. Harry ponderou se devia contar para Niall sobre a carta, se deveria le-la ou não, se isso significaria o fim de Lou e Harry, Sun e Moon.

   "Niall?"

"Sim querida?"

   "Posso te ligar? Preciso de um conselho."

"Não precisa nem perguntar Harry"

  E ele ligou. Contou para Niall tudo o que sentiu por Louis, as aventuras, a adrenalina, que no começo tudo era sobre como mostrar a Louis que a vida era diversão, mas no final foi Harry que saiu apaixonado pela vida.

E ai contou sobre a carta e que ele temia que aquilo realmente significasse o fim de tudo, então não queria abri-la. Depois de segundos de silencio, Niall disse:

   – Apenas abra, Harry.

   – O que? Não é tão simples!!

   – Na verdade é sim. O que quer que Louis tenha escrito na carta vai te ajudar. Você não pode continuar assim, achando que vai se esquecer dele assim que ler uma carta. Quem controla o que lembra, é você e apenas você. Aliás o próprio Harry disse isso para mim uma vez, que nós fazemos nossas escolhas e que destino é uma merda.

   – É. É verdade.- ponderou

   – Então abra e leia. Ligue para mim quando achar que precisa, e lidaremos com isso juntos.

   – Tudo bem Niall. Obrigada por tudo

   – Sabe que eu te amo né?

   – Sim, sim eu também.

  E eles desligaram. Harry pegou a carta de cima da cama e ficou olhando a parte de fora.

    "De: Louis     
Para: Harry, minha lua."

  Abriu o envelope e encarou a caligrafia de forma de Louis. Era corrida, como se tivesse sido escrita de forma apressada e nervosa. É lógico, era uma carta de suicídio, não é? Ele mesmo já havia feito uma, sabia como era. Desenrolou o papel dobrado e uma nota caiu.

   "Essa escolha é sua Harry, você pode mostrar a carta para quem quiser mas eu a fiz para você. Meu amor. Minha lua"

  Harry não sabia o que significava, mas sentia seu Louis mais próximo, como se fosse um tipo de saudade presencial, como se ele estivesse em sua frente falando. Antes de ler a carta em si, Harry olhou a parte de trás escrita com caneta vermelha. 

"Você começa aqui, Harry"

1 8 8 [revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora