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Brave

  Estavam novamente no carro e Harry dirigia já por quase 6 horas. Estava rigido e cansado, mas Louis dormia tão pacificamente que ele não queria acorda-lo. Depois de sairem de New Vegas, decidiram ir para perto de Cambridge simplesmente porque lá haviam coisas historicas para ver e Louis disse que queria que deixassem sua marca em cada lugar que passassem.

  Eles não falaram muito sobre o que fizeram no hotel em new vegas, mas ambos estavem bem mais confortaveis um com o outro, sentindo-se conectados com mente e corpo, ainda que Harry tivesse achado um pouco estranho quando Louis disse que ia ir ao banheiro mas o viu deixando uma carta com uma idosa no barzinho da recepção do hotel. Vai saber.

   - Você vai acabar nos matando se não dormir, Hazz- louis disse assustando harry que não percebera que ele estava acordado

   - Droga, que susto Louis- se ajeitou no banco- e Hazz?

   - É, eu acho- deu uma risadinha- vai, para o carro vamos trocar

  Harry parou o carro no acostamento e trocaram de lugar.

   - Harry, como foi quando você tentou se matar?- louis perguntou simplesmente e harry pego de surpresa o olhou mas ele parecia imparcial, como se isso fosse uma pergunta comum como ''como foi quando quebrou o braço?''

   - Por que está perguntando, Lou?

   - Você sempre diz que quer entender minha cabeça, mas não é o unico- olhou para Harry- eu quero te entender também, Moon

  Naquele momento Harry sentiu um aperto no coração e perdeu o ar. O modo como Louis disse aquilo, como se entender Harry fosse a unica coisa que importava no mundo, como se ele não existisse ali e aquele momento fosse de Harry.

   - Tudo bem.- disse por fim, sentindo que talvez aquilo fosse mais intimo que qualquer noite de sexo que pudessem compartilhar- o que quer saber exatamente?

   - Bom, quando falavamos no CVV você me contou que o ensino médio era uma droga e que só tinha um amigo e que se sentia distante da sua familia- olhou para Harry que assentiu para que continuasse- mas quando você decidiu que ia se matar mesmo?

  Harry pensou um pouco, tentando escolher as palavras certas

   - Acho que no meu penúltimo ano inteiro pensei nisso. Mas as vezes eu saia com Josh e isso era bom então nunca cheguei a fazer nada. Mas pensava. Todos os dias.

   - E o que mudou quando você tentou?- Louis perguntou de um jeito que deixou Harry extremamente desconfortável, como se ele estivesse perguntando de um jeito instrucional, como se fosse repetir o que Harry falasse

   - Eu só cansei de apenas pensar, planejar mas saber que nunca faria nada. Me senti covarde por não tomar uma atitude e eu só queria que o tempo parasse, mas a cada dia que eu só passava pensando em me matar, era mais um dia que eu vivia- Harry respirou fundo dando enfase na próxima frase- hoje vejo que isso é bom, e que fui forte e não covarde. Viver é a maior demonstração de coragem, acho.

  Louis assentiu e sorriu para Harry com empatia, mas Harry sentia algo muito errado. Só não sabia dizer o que.

   - E como foi no dia em que você tentou?

   - Louis?- Harry estava preocupado

   - Está tudo bem, eu só quero saber, te conhecer

   - Tudo bem, ok- ainda não relaxado, decidiu contar, afinal nas conversas do CVV Louis compartilhava muito e harry se sentia em débito- naquele dia eu já havia faltado da escola por 2 dias. Ninguém havia me ligado e meu melhor amigo estava numa viagem de formatura já que ele era mais velho. Eu acordei e senti uma urgencia dentro de mim como se eu precisasse de algo pra não me jogar daquela janela naquele momento mesmo e não havia ninguém ali, advinhando o que estava acontecendo comigo, como eu queria que acontecesse. Eu sabia que se eu quisesse ajuda teria que ir atrás e atrapalhar a vida das pessoas que eu amo e eu não queria isso. - Harry viu que louis havia apertado as mãos no volante como se aquilo o afetasse.

   - Eu entendo. Pode continuar- sua voz soava abalada

   - Louis, quero que saiba que nada do que eu pensava estava certo e que pedir ajuda não é algo que atrapalha ninguém, aliás alivia as pessoas que amamos quando nos mostramos

  Louis soltou um suspiro longo e pesado e Harry percebeu que ele chorava e percebeu que ele mesmo também tinha lágrimas nos olhos. Colocou suas mãos nas coxas de Louis e depois na direção, o indicando a parar. Ele parou o carro e olhou para Harry com melancolia.

   - Eu quero que possa me contar tudo Harry, mas eu entendo cada porra de sentimento que você falou e eu não quero que você sinta isso porque eu... - soluçou

   - Você...?- harry sentia que sabia, mas queria ouvi-lo falar. Queria saber que não era o unico que estava se apaixonando ali, por uma pessoa que conhecia a um mes e meio.

   - Eu acho que estou apaixonado por você, Harry Styles e não me entenda mal, mas isso estava longe de ser uma das coisas que eu planejava acontecer.

  Harry perdeu o folego. Ouvi-lo falar aquilo tirou todas as preocupações que estavam na sua cabeça, todas as travas. Harry abriu um sozinho enorme para Louis.

   - Louis eu também a...- antes que Harry terminasse a frase Louis o beijou. Foi um beijo apressado e urgente como se ele precisasse daquilo, como se precisasse parar Harry e apenas mostrar o que estava sentindo.

  Os dois se beijaram por um tempo, um beijo cheio de sentimento ate que Louis separou e disse:

   - Eu quero que continue a história, Harry. Porque eu quero te conhecer no seu momento mais profundo e eu quero que confie em mim para contar a coisa mais pessoal da sua vida.

   - Tudo bem, eu confio.- voltou a se sentar no seu banco- mas agora estou com fome e não quero contar histórias com fome- louis riu.

   - Acho que passamos por um posto a uns 15 km atras, então deve ter outro perto.

   - Ou podemos virar naquela rodovia ali mesmo e ver no que dá- sugeriu Harry

   - Não iamos para Cambridge?

   - Você tem pressa?

   - Não- sorriu para Harry enquanto colocava o cinto- quero estender esse momento com você o máximo possível, não tenho pressa.

  Ai estava. Aquele sentimento de fim em tudo o que Louis dizia. Harry não sabia o que era aquilo, se era por achar que a viagem teria um fim ou se por achar que eles não conseguiriam construir um relacionamento por causa de seu trabalho ou alguma outra coisa, mas ele não gostava do modo definitivo e ao mesmo tempo vago com que Louis dizia aquilo.

  Mas ele havia acabado de dizer que estava apaixonado por Harry e ele tentou se apegar àquilo, afinal não era todo dia que a vida valia a pena.