[3] imã e ferro

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Jimin

Ontem minha experiência na escola nova fora terrível, igualmente sempre.

Ninguém se interessou em falar comigo, a não ser pela curiosidade dos hematomas nítidos em minha face. Eu já me acostumara a ficar só, não era algo novo, minha dificuldade realmente fora suportar tantos olhares direcionados a mim. Chamar atenção era tudo que eu não desejava, mas foi o que aconteceu e o que sempre ocorria.

Eu detestava receber julgamentos equivocados e descobrir fofocas sobre mim, que eram criadas devido a minha imagem. As pessoas destorciam a minha vida em palavras ardilosas. Eu não era considerado uma pessoa de tamanha beleza e não possuía abertura para cuidar-me, mas talvez... merecesse respeito.

Em específico este ano, meu primeiro dia na nova escola, fora divergente de todos. Após Yifan violentar meu corpo e sobretudo minha mente, me senti desprezível, imundo. Como se todos soubessem o quão fraco eu estava, a minha mente me induzia a crer que os olhares em mim, eram de reprovação pelo que acontecera outrora.

Na manhã passada, eu não teria sido capaz de me levantar posteriormente ao que sofri, meu corpo implorava por repouso e minha consciência não desejava despertar para afrontar as consequências, mas também, eu sabia que se não me espertasse por conta própria, meu pai me acordaria.

E pensando nele...

— Terminou de limpar a cozinha? — indagou firme e ameaçador. Seu rosto sem expressões aparentes, me amedrontava. Eu estava assistindo, mas me levantei do sofá assim que o notei se aproximar, pois, sabia que após o trabalho ele chegava aborrecido e eu não desejava ser o seu ponto de descontar frustrações.

— Terminei já — respondi baixo, observando ele desfrouxar a gravata, eu estava prestes a me retirar da sala.

— Estou exausto, trabalhei a manhã toda, então me traz uma cerveja.

— Acabou tudo ontem.

— E por que você não foi no mercado? — perguntou em deboche, como se a resposta fosse óbvia para ele.

— Porque o dinheiro que você me deu, também a-acabou. — Eu me sentia sufocado quando necessitava de dinheiro e precisava pedir-lhe, por isso evitava ao máximo situações assim. Sabia que seria tratado de maneira rude e ninguém se sentia confortável em ser tratado com grosseria.

— Imbecil, se tivesse me avisado antes... não é a primeira vez que você fica atoa por aí. — Ele se ergueu da poltrona que acabara de sentar e eu me encolhi, percebendo sua aproximação.

— Eu só esqueci, não fiquei atoa.

Meu rosto ardeu pelo tapa que levei, principalmente minha narina. Acariciei sutilmente o local atingindo, tentando aliviar o ardor.

— É respondão ainda.

— D-Desculpa — pedi receoso, eu não queria que ele me batesse. Meu corpo estava machucado demais.

— Cala a porra da boca e anda — disse entre dentes, agarrando minha mão e pousando sobre ela, poucas cédulas de dinheiro. Logo ele se virou e sentou novamente na poltrona.


O mercado não era longe da minha casa, mas o tempo que levei para chegar foi extenso. Minhas pernas, meu quadril e cintura, ainda latejavam dolorosamente, eu sentia o fio da sensação lancinante se alojar pelos meus músculos, o que tornava cada passo angustiante.

Adentrei ao estabelecimento, que por sua vez não era gigantesco como um mercado na central, segurei a cesta de plástico que me ajudaria a carregar as compra e andei até o refrigerador que se mantinha distante da entrada.

Abuso | JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora