[11] gatilho

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AVISO: o capítulo contém violência!

Jimin

Eu reconhecia perfeitamente quando estava tendo uma recaída.

No primeiro estágio, os pensamentos paranoicos voltavam a me envenenar. No segundo, ficava difícil respirar e no terceiro, eu sentia enjoo e vontade de vomitar ao recordar de todas as cenas do que aconteceu comigo ao decorrer de toda minha vida.

No presente momento, eu sofria com o terceiro estágio... As memórias hediondas circulavam pela minha mente e o desejo de expelir todo o conteúdo em meu estômago, se fazia presente.

Empurrei com força a porta do banheiro da escola e entrei apressado. Meu corpo tremia e minha visão embaçada por lágrimas não ajudava.

Corri em direção à torneira e fui veloz ao abri-la. Olhei de relance para o reflexo do meu rosto pálido no espelho, antes de jogar a água gelada na minha face.

O contato do líquido — em temperatura baixa — contra a minha pele quente, me acalmou. Contudo, o sofrimento de reviver toda a violência que sofri, era devastador em demasia.

Encolhi-me no chão, abraçando minhas pernas.

Puxei meus fios de cabelo, tentando usar a dor para desviar o rumo dos meus pensamentos, mas eu me frustrava cada vez mais ao notar que de nada adiantava, as recordações continuavam...

Quando eu pensava estar indo bem na recuperação, uma recaída me mostrava que não.

Era deprimente manter a desconfiança em todos e o medo constante que eu sentia, sem sequer conseguir controlar.

Queria que Jungkook estivesse comigo, ele sempre me aninhava e dizia palavras reconfortantes em minhas recaídas, mas ele estava em aula e eu não poderia chamá-lo.

Precisava passar pela recaída sozinho.

Não era uma boa forma de superação, se apoiar totalmente em Jungkook.

Senti as lágrimas grossas escorrerem pelas minhas bochechas e tentei abafar os soluços com a palma da mão.

Era desesperador a sensação de estar perdido e sentir como se nada pudesse me ajudar...

Escutei a porta do banheiro se abrindo e rapidamente me levantei na intenção de sair, não desejando que ninguém presenciasse meu estado.

Abaixei a cabeça para me esconder e forcei minhas pernas trêmulas a se moverem.

Quase alcancei a porta antes de sentir uma mão agarrando meu punho, sem sutileza alguma, tal ato, que somado ao meu desespero, me fez lembrar do meu pai.

Olhei apavorado para identificar a presença me tocando e suspirei.

Não era meu pai.

No entanto, era alguém que eu considerava tão perverso quanto ele...

— Aonde vai, florzinha?

Ofeguei em espanto ao reconhecer Kwan e seu amigo. Justo os dois garotos que implicaram comigo quando cheguei na escola. Lembro-me perfeitamente de suas palavras maldosas:

" — Então você é o garoto novo?

— Garoto? Eu achei que fosse uma menina. Acho que precisamos checar para ter certeza..."

As lembranças eram como agulhas perfurando cada cantinho da minha pele.

— Além de ser uma florzinha, ele também é mudo — disse o outro garoto.

Abuso | JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora