[7] a verdade

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Jungkook

De todos os lugares existentes no mundo, nunca sequer pensaria na possibilidade de Jimin estar na casa de meu tio, Yifan. Ainda mais no estado devastado em que seu corpo se encontrava.

Assim que Yoongi acendeu o interruptor de luz, pude enxergar nitidamente o corpo miúdo encostado no box de vidro. Não fui capaz de desviar o olhar de seus braços, pernas e torso, repleto de ferimentos. Eram arranhões, hematomas roxos e cortes, todos marcados dolorosamente na pele de Jimin.

Eu não conseguiria definir o que eu estava sentindo, mas doía. Doía observar o estado de Jimin, doía não saber o que aconteceu e doía ainda mais fitar seus olhos arregalados presos em mim.

— Jungkook? O que v-você faz aqui? — A voz dele estava tão baixa, fraca e trêmula... — Sai agora daqui! A-Antes que ele te encontre. — No instante em que as lágrimas desceram pela bochecha pálida dele, corri em sua direção.

Abaixei-me e segurei com delicadeza sua mão machucada, tentando de todas as formas não o ferir.

— Meu Deus... Jimin... — sussurrei contra o ouvido do menor. Tirei minha jaqueta e rapidamente encobertei a nudez de Jimin com ela, o menor agarrou a roupa e tremeu levemente.

Ele continuava chorando e eu não conseguia proferir palavra alguma. Era árduo se manter calmo vendo Jimin tão ferido. Fora inevitável controlar as lágrimas que se formavam em meus olhos.

Eu só pensava em quem foi cruel ao ponto de o machucar com tamanha agressividade?

Mordi meu lábio inferior quando uma imagem do meu tio Yifan viajou em minha memória. Eu nem sequer relutei em acreditar nele como o principal suspeito, visto que somente meu tio morava nessa casa. Quem mais poderia ser, sendo que apenas Yifan vivia aqui? Eu não era ingênuo em pensar que apenas por ser o meu tio, ele seria uma pessoa boa, jamais.

Senti um corrosivo desejo de matá-lo...

— Jimin. — Escutei a voz de Yoongi e olhei na direção do meu irmão, inerte em frente a porta do banheiro. Seus olhos estavam arregalados e notei suas mãos inquietas. — Foi o homem que mora nessa casa que fez isso com você?

Virei-me para Jimin ligeiramente e assisti seus olhos se fecharem quando sua cabeça fez um movimento em confirmação. Ele não disse nada, mas assentiu silenciosamente. Seus soluços engasgados me causavam dor, tamanha era a minha agonia por vê-lo assim.

— Yoongi, liga para a polícia! Escondido e bem longe do... nosso tio. Eu vou ficar aqui até a ajuda chegar! — Minha voz saiu quase desesperada e logo vi meu irmão saindo do cômodo. Eu precisava tirar Jimin desse lugar, precisava proteger ele... — Jimin, respira, ok? Eu vou ficar com você agora...

Fora meu tio Yifan que machucou Jimin, eu não sabia como e talvez fosse melhor eu não descobrir agora, pois meus punhos estavam descontrolados e a qualquer deslize, eu acabaria com a face embusteira do meu próprio tio. Eu sentia a fúria ameaçando a dominar meus membros, entretanto, havia outro sentimento lutando por controle. O de proteção. Mais-que-tudo, eu ansiava proteger Jimin e não sair do lado dele até possuir a certeza de que ele ficaria seguro.

Toquei suas costas de leve, um pouco receoso. Eu desejava somente lhe mostrar estar presente e também, que não deixaria ninguém o machucar, mas não queria assustá-lo.

Também, com muita dificuldade, cessei minhas lágrimas, pois eu precisava demonstrar estabilidade, necessitava parecer forte para que ele se sentisse protegido, mesmo que interiormente, eu estivesse em desespero por observar cada hematoma doloroso em sua pele.

Abuso | JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora