[9] livre?

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Quando desci o último degrau da escada, fui surpreendido pela escuridão na sala da minha casa. Apenas as luzes dos postes na rua passavam pelo vidro das janelas fechadas, iluminando parcialmente o lugar.

— Pai? — chamei sem receber resposta alguma.

Caminhei lentamente pelo cômodo grande, esbarrando nas mobílias à procura do interruptor. Era um pouco assustador andar pelo escuro, por isso quando achei o que buscava, logo pressionei meu dedo no botão e a luz da lâmpada iluminou todo o local.

Mas se eu soubesse o que me esperava, teria permanecido na proteção do véu noturno.

À minha frente estava Yifan e ao seu lado, meu pai com uma câmera em mãos. Eu poderia jurar estar minha casa, então como cheguei até o quarto repugnante de Yifan em questão de instantes?

— O que é isso? — Ofeguei, apavorado. Forçando meu corpo trêmulo a se afastar.

— Sentiu a minha falta, Jimin? — Yifan andava perigosamente na minha direção, quanto mais eu me desviava, mais ele se aproximava.

— Não! Fica longe de mim! Fica longe!

— Eu senti tanto a sua falta... — Seus dedos asquerosos se levantaram para acariciar a minha bochecha, mas fui veloz em esbofetear sua mão.

— Não me encosta, você é imundo! — Afastei-me, sentindo minhas costas se chocarem fortemente contra a parede.

— Eu vou te encostar e muito!

Jimin

— Não! Não me machuca! — Abri meus olhos banhados em lágrimas, sentando na cama abruptamente. Meu pijama estava encharcado de suor e minhas mãos tremiam. O ar penetrava de forma dolorosa em meus pulmões, devido à respiração descompassada.

Assim que analisei o lugar ao meu redor, consegui me acalmar, pois, eu não estava no quarto de Yifan, tampouco no local onde morava com meu pai. Eu estava na casa dos Jeon's e já se completaram três meses desde o dia em que cheguei aqui.

Pouco tempo se passara. No começo, pensei que estaria livre, dado que Yifan estava preso e não me machucaria nunca mais e o meu pai havia sumido, nenhum deles poderia me fazer mal, mas eu estava terrivelmente enganado...

Mesmo que os dois não estivessem próximos de mim, me ferindo com suas mãos e palavras, as lembranças estavam... e elas eram dolorosas em demasia, me atormentavam sem descanso.

Senti as lágrimas abundantes descendo pelas minhas bochechas. Toda vez que as memórias me apunhalavam, eu chorava. Mesmo tentando segurar minhas emoções, elas não suportavam a opressão e acabavam se externando, em forma de lágrimas e soluços.

O quarto escuro, logo se iluminou. Olhei para a porta recém-aberta, processando a face preocupada de Jungkook passando por ela.

Passei a manga do pijama no meu rosto, na intenção de dissipar o líquido salgado e abaixei a cabeça, tentando ocultar minha face chorosa e os vestígios de tristeza.

Mas pelos passos de Jungkook se aproximando velozmente da cama e a seu semblante contorcido em preocupação, percebi que era tarde demais para esconder qualquer coisa.

— Jimin... você está bem? Eu escutei você chorando e vim correndo.

— S-Sim. Desculpa se te acordei... — eu disse, com dificuldade, já que os soluços do recém-choro ainda estavam presos em mim.

— Foi um pesadelo? — perguntou, me encarando com seus olhos calmos. Assenti para a indagação e ele continuou. — Posso ficar aqui com você? Acho que uma companhia pode ajudar, eu também não estava dormindo tão bem sozinho... — Eu sabia que era mentira. Jungkook constantemente tentava fazer com que eu me sentisse melhor, ele era preocupado e atencioso, sempre cuidando de suas ações e palavras.

Abuso | JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora