[14] declarações silenciosas

5K 669 119
                                    

Jungkook

Respirei fundo, apertando a campainha da bela e extensa construção. As paredes eram altas e tingidas por uma colocação branca, que harmonizava com as inúmeras janelas com bordas cinzentas.

Era a nova casa de Jimin. Tão aconchegante e esbelta quanto ele merecia.

A porta abriu e Goyong, o avô de Jimin, fez-se presente.

O velho tinha um sorriso caloroso, sempre usava roupas neutras e, definitivamente, cuidava bem de Jimin. Era um senhor simpático e gentil, que guardava muito amor pelos netos.

Quando nos conhecemos, eu soube que ele seria uma imagem familiar que meu pequeno amigo nunca teve.

— Jungkook! Pode entrar, menino.

— Com licença — respondi, dando um passo para frente e fechando a porta. Senti um cheiro forte de fumaça dominando o local e rapidamente suspeitei de onde o odor de queimado se originava. — O Ji resolveu fazer outro bolo?

Goyong comprimiu os lábios, assentindo de maneira receosa.

— Tadinho... ele acaba errando ao assar a massa — comentou o avô, enquanto andávamos em direção à cozinha.

Ao chegarmos, o local não estava tão bagunçado quanto imaginei. Jimin encontrava-se abanando com um pano de prato, uma forma com um conteúdo queimado. Creio que aquilo deveria ser a massa do bolo.

— Você precisa começar pelo mais fácil, querido. Que tal um cupcake da próxima vez? — sugeriu Goyong, em uma tentativa carinhosa de consolar o neto.

— Eu misturei duas receitas diferentes, acho que foi isso que deu errado, vovô... — As bochechas grandes estavam sujas de farinhas, o deixando ainda mais fofo.

— Tudo bem, na próxima dará certo — disse Goyong.

Era tão aliviante vê-lo bem. Desde que o conheci, senti uma forte vontade de protegê-lo, as pessoas o machucaram tanto, mas agora Jimin estava bem e seguro, com uma nova família e uma nova vida.

Eu nunca nem sequer cogitei que vizinhos novos pudessem mudar tanto a minha vida.

É claro que Jimin não era mais o meu vizinho e não morava mais naquela casa sombria, que seria futuramente demolida, e no terreno, seria construído um pequeno parque.

— Oh! Jungkook! — Quando ele percebeu a minha presença, sorriu. Senti meu coração bater mais forte ao notá-lo se aproximar.

— Tudo bem, Ji? — perguntei, ao mesmo tempo em que meus braços rodeavam o pequeno corpo dele em um abraço. Funguei os fios de cabelo com cheiro de fumaça, mas não me importei com o odor forte, apenas me foquei em sentir os braços de Jimin me apertando.

— Bem — respondeu, baixinho, porque ele normalmente não falava alto. Afastamo-nos e consegui analisar melhor o rosto sujo do menor. Tinha tanta farinha nas bochechas e no cabelo que talvez fosse possível fazer mais um bolo.

A imagem era adorável e sem dúvidas eu a guardaria nas minhas memórias.

— Vou tomar uma ducha, ok? Já volto para limpar essa bagunça — anunciou Jimin, sorrindo docemente para mim. Retribuí com um leve curvar de lábios.

Entretanto, no instante em que ele levantou os braços para desamarrar a parte de cima do avental, meu sorriso murchou. Porque marcando a pele alva do pulso, havia arranhões vermelhos e aparentemente doloridos.

Empalideci e fiquei tenso, mas Jimin saiu da cozinha sem reparar a minha preocupação.

Não precisei pronunciar uma palavra, Goyong entendeu minha repentina mudança de expressão.

Abuso | JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora