White Storm

01. after

Azul esverdeado. Essa era a cor favorita de Cassidy. Não como um "azul psina" com as pessoas chamavam. Apenas um azul esverdeado. Como eram os olhos de sua mãe.

Desde que sua mãe sumiu, a exatamente 4 meses atrás, sua rotina mudou totalmente. Antes ela acordava cedo, ia trabalhar, chegava em casa e ajudava sua mãe no almoço, e de noite ia para a casa se sua vizinha, Kelly, onde ficava até meia noite cuidando de seu filho, Douglas, ou Dough, como ele gostava de ser chamado.

Agora quando ela chegava em casa, não tinha mais sua mãe para ajudar no almoço. Não tinha mais Dough para cuidar durante a noite. Os dois tinham virado pó. Seu pai provavelmente estava em algum bar ou em um bordel, tentando esquecer seus problemas. Cassidy ficava apenas em seu quarto, pintando ou desenhando, antes ela quase não tinha tempo para fazer isso, agora ela tem tempo de sobra. Ela ficava lá, horas e horas, somente esperando seu pai aparecer para poder espancá-la durante a madrugada, até finalmente ela desmaiar, onde ela ficava até o outro dia, onde seu celular despertava, ela levantava ia até o banheiro, cobria os hematomas com maquiagem, limpava as feridas, e seguia com sua rotina. Como foi nos últimos 4 meses.

Mas finalmente, depois de tanto apanhar, ela decidiu que estava cansada de apanhar sem motivo. Ela já era de maior, já poderia pensar por si e decidir o que era melhor para ela ou não, e foi o que ela fez, pensou muito, ela viu que estava fazendo exatamente a mesma coisa que sua mãe: apanhar sem saber o porquê, até desmaiar, e esperar que as feridas cicatrizassem até poder apanhar outras vezes.

Dessa vez as coisas seriam diferentes. Ela acordou cedo, e foi trabalhar, e no final de seu expediente, pediu demissão. Foi para casa e lá arrumou suas coisas, apenas o necessário para poder começar novamente, algumas peças de roupas, cosméticos, alguns sapatos e seu dinheiro, o que ela tinha guardado por todos os últimos 10 anos em que trabalhou na lanchonete, mais o que Kelly pagava semanalmente por cuidar de seu filho nos últimos 2 anos. Procurou alguns imóveis na internet, nada muito grande, poderia ser um apartamento simples, só para poder recomeçar, fez algumas ligações e pronto! Já tinha um lugar para ficar. Estava decido e já sabia para onde ir, Nova York.

Depois de comprar sua passagem só de ida, pegou suas coisas e foi tomar um banho longo e relaxante, sentindo todo aquele peso ir embora do seu corpo. Foi para seu quarto, se arrumou e pediu um táxi, e enquanto ele não chegava, ficou se despedindo da casa onde morou desde a sua infância. Lembrou das festas de pijama que fez em seu quarto. Seu primeiro beijo, no sótão da casa. E também seu primeiro coração partido. Da sua felicidade quando Louis apareceu em uma madrugada, faminto e com frio, o que resultou em seus pais deixarem ele ficar. Foi despertada de seus pensamentos quando a buzina do táxi, do lado de fora da casa, avisando que ele já tinha chegado. Pegou suas coisas, e a caixa onde Louis estava e levou tudo para fora, mas não sem antes deixar um bilhete em cima da mesa da cozinha escrito "Adeus otário". E saiu da casa, sem nenhum sentimento de culpa.

O aeroporto internacional de Ohio era do outro lado da cidade, era cerca de 45 minutos, no caminho ficou ouvindo o rádio que passava uma música pop qualquer, mas o locutor começou uma entrevista com o secretário da ONU, que falava do que aconteceu alguns meses atrás.

- Estima-se que sumiram exatamente 50% da população mundial. Ainda não se sabe ao certo o motivo de tal evento, mas temos quase certeza de que os Vingadores tem alguma relação com isso, pois algumas horas antes, foram ouvidos sons de explosões nos territórios de Wakanda, na África. Nós ainda estamos esperando o pronunciamento deles ou da SHIELD.

- E em questão do Capitão América senhor? Ele será preso depois de sua volta? - perguntou Gary Lockhart, o locutor da rádio.

- Nós ainda não sabemos, é muito difícil saber o que fazer em situações assim. Mas os americanos não se preocupem, quando alguém se pronunciar sobre o ocorrido, todos irão ficar sabendo. - o secretário falou, determinado.