Capítulo Dezoito

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"O que as pessoas se esquecem é o quanto é bom quando a gente se livra desses segredos. Sejam bons ou maus, pelo menos eles foram liberados, quer gostemos ou não. E uma vez que seus segredos foram escancarados, você não tem mais que se esconder atrás deles. O problema com os segredos é que mesmo que você pense que está no controle... você não está."  -Grey's Anatomy 

"  -Grey's Anatomy 

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Saber um pouco mais sobre uma parte até então desconhecida da vida de Maurício, me chocou ao extremo, principalmente diante de suas revelações assustadoras e dolorosas. Jamais poderia imaginar que ele havia passado por tanta coisa ainda tão jovem. Então, por esse motivo eu me calei deixando que ele pudesse se perder em seu próprio mundo de pensamentos num canto em paz. Por nunca ter vivenciado algo semelhante, crescendo em um lar repleto de amor e segurança junto de minha família e amigos, eu não seria capaz de mensurar o tamanho de sua dor, de seu sofrimento. Maurício era um ótimo homem, e agora que descobri um pouquinho mais sobre ele, meu respeito e afeto em nada tinham diminuído pela pessoa que ele era. Na verdade, isso fazia com que meu coração se aquecesse um tantinho mais, e o tornava mais admirável aos olhos devido a garra e a coragem que ele demonstrava após um episódio traumático como aquele.

Continuamos o trajeto em silêncio, cada um no seu canto, cabeças baixas, meio sem rumo, ainda a pé na beira da estrada. Todavia, quando estávamos alcançando o fim do primeiro quilômetro percorrido, uma van extremamente barulhenta e com a logo do scooby-doo nas laterais, deu seta reduzindo a velocidade e parou no acostamento bem ao nosso lado.

-E aí, amigos, estão perdidos? -um rapaz, com a aparência de uns vinte e dois anos e traços orientais, usando um gorro de papai noel um tanto torto na cabeça, perguntou abaixando o vidro do passageiro.

-Hum... na verdade não. -Maurício respondeu receoso, passando os olhos pelo interior da van em uma rápida varredura, analisando o cenário a nossa frente. 

-Ei, relaxa, irmãooo. -o rapaz disse arrastando a última vogal da palavra com certa preguiça. -Ninguém aqui dentro é bandido não, parceiro... quer dizer, pelo menos não que eu saiba, né? -ele riu e algumas pessoas do lado de dentro do veículo o acompanharam. -Se liga nas ideias, parceiro, a gente é do bem, não precisa se se borrar de medo não. Claramente você e sua namorada estão precisando de uma carona, tá na cara. O casalzinho não parece fazer muito o tipo de que gosta de caminhar, ainda mais por essas bandas que costumam ser meio perigosas de vez em quando. -ele ponderou por um instante. -Não que eu esteja julgando vocês, longe de mim, irmãoo, aqui dentro todo mundo é paz e amor. -ele se justificou rapidamente trocando um breve olhar com a motorista atrás do volante.

-É isso mesmo, ratón. Não admitimos preconceito dentro da scooby-furgoneta. -a garota afirmou balançando a cabeça em negação e um semblante muito sério no rosto para uma simples conversa como aquela.

Que estranho, pensei comigo mesma.

-E para onde vocês estão indo? -pergunto, me manifestando pela primeira vez naquela conversa.

Transgressores -Os Bertottis #3 [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora