O Convite

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Mesmo com minha vida atarefada, sempre separo um tempo para a Jolly Roger. Mandei lustrar, trocar velas e cuidei da manutenção das cordas. Minha cabine estava limpa e organizada, como raras vezes. Consegui imaginar Milah elogiando o raro evento que é aquele navio tão lustrado.

     Estava escrevendo meu diário de bordo quando deu minha hora. Arrumei tudo novamente e corri para o meu destino, a escola no centro da cidade.

[...]

     - Papai!

     Hope correu na minha direção, como todo dia. Mas dessa vez, seu rostinho estava molhado. Ao invés de um abraço de saudades normal, ela enfiou o rostinho na dobra do meu pescoço buscando proteção.

     - O que houve, amor?

     - Nada.

     - Desde quando minha piratinha chora por nada?

     - Um menino, papai.

     Meu coração protetor se contorceu. Hope era nova demais para uma decepção amorosa na escola, não? Pelos céus, ela tinha só 4 anos! A apertei nos meus braços.

     - O que esse menino fez para você?

     - Ele falou que a minha mamãe não gosta de mim.

     Senti lágrimas se formando nos meus olhos.

     - A sua mamãe gosta, sim, de você, filha. Ela te amava. E agora está brilhando lá no céu pra você.

     - Mesmo?

     - Claro! Hoje de noite, quando todas as estrelas aparecerem, o papai te mostra ela. Que tal?

     - Podemos comer sorvete enquanto procuramos ela?

     Ela limpou uma bochecha com as costas da mão e me ofereceu um sorriso tímido. Beijei seu rosto, terminando de limpar suas lágrimas.

     - Por que esperar até de noite?! Podemos almoçar na Granny hoje, e depois você pode escolher o sorvete que quiser!

     - Posso pedir para a tia Elsa fazer um cachorrinho de flocos?!

     - Aposto que sim. Eu vou pedir uma abelha de... Morango.

     - Abelhas não são rosas, Papai! Você sabe que o sorvete de morango é para unicórnios.

     - Ah, não. Errei de novo. Então eu vou pedir um unicórnio.

     - Eu posso comer o chifre de biscoito?

     - Vou pensar no seu caso, mocinha. Você sempre come o chifre do meu! Isso não é justo.

     - Papai...

     - Tudo bem.

     Ela me deu um beijo molhado na minha bochecha e riu. Sua risada amenizou todo meu nervoso em ter visto seu choro.

     - Ahm... Com licença.

     Olhei para trás, encontrando uma mulher que eu nunca tinha visto antes. O sol do dia batia em seu cabelo loiro, o deixando quase branco. Sua pele clara, os olhos extremamente verdes e seu sorriso discreto a deixavam semelhante às mais encantadoras sereias.

     - Pois não?

     - Me perdoe, mesmo. Acho que tem um garotinho aqui que deve sinceras desculpas para a sua filha.

     Olhei para baixo e vi um menino igualmente loiro com as mãos para trás. Ele olhou receoso para Hope, que apertou seus braços no meu pescoço.

A Princesa & O PirataOnde histórias criam vida. Descubra agora