Emma

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Emma

   Quando vi minha filha e meu marido serem tirados de mim na brutalidade de um conflito armado, me fiz uma única pergunta durante todo o luto (e mesmo depois) :

   Será que eles sentiram dor?

   É uma pergunta que parece inútil para quem não passou por isso, eu sei. Mas sofrendo sozinha, sem minha pequena família por perto, eu rezava para que eles estivessem em paz, sem dor nenhuma, em um lugar melhor.

   Também comecei a me questionar o que seria bem esse lugar melhor. Uma espécie de paraíso? Após o luto, me perguntei se Neal acharia outra mulher nesse lugar e se essa mulher cuidaria da minha princesinha como se fosse sua.

   Descobri a resposta da minha principal pergunta.

   Não dói. Em um instante, tudo que eu sentia era dor e cada vez mais fraqueza. Quando tudo ficou preto, a dor cessou. Não sentia mais nada de ruim

   No segundo seguinte, acordei em um lugar muito claro. Mas um lugar familiar- um parque de diversões vazio. Ouvi uma gargalhada infantil gostosa, seguida de um riso masculino.

   Por instinto natural, caminhei até esses sons. Cheguei em um Carrossel cor-de-rosa, com cavalos majestosos girando lentamente. Uma menininha era dona dos risos, enquanto um homem a olhava de longe, apoiado na grade do brinquedo.

   E ele eu reconheceria em qualquer situação.

   - Neal?

   - Emma.

   Ele sorriu, como se já estivesse me esperando. Senti meus olhos encherem, enquanto admirava a menina no brinquedo. Ela parou de rir, para passar a sorrir para mim. Um sorriso igualzinho o de Neal.

   - Ela é...

   - Filha, acho que tem alguém aqui que vai adorar te conhecer.

   O brinquedo parou com essa fala, enquanto a pequena descia de seu cavalo e ia até o pai. Os dois deram as mãos, caminhando juntos até mim. Abaixei na altura da menina. Ela riu, colocando as mãos para trás e se mostrou toda orgulhosa ao dizer:

   - Prazer. Hope Margaret Nolan Blanchard Cassidy Swan - Sorri.

   - Prazer. Emma Swan.

   - Oi, mamãe.

   Não consegui segurar as lágrimas. A menina tinha os cabelos em um tom loiro mais claro que o meu, com os olhos iguais ao da avó.  Com uma mão suave, ela secou meu rosto e sorriu.

   - Ela é linda, não?

   - Demais. Eu senti tanto a falta de vocês.

   Neal abaixou também, acariciando meu cabelo. Compartilhou um sorriso com nossa filha, mas logo depois me ergueu e segurou minha mão. Com um gesto na cabeça, me levou a pegar a mão da menina ao meu lado.

   Os dois me conduziram por dentro do parque, sem falar nada. Não perguntei aonde estávamos indo, visto que eu confiava demais neles. Eu estava realmente me sentindo em paz.

   Aos poucos, a paisagem mudou. O parque foi tomando forma do jardim do Castelo de Regina. Comecei a reconhecer cada planta e escultura, para então me assustar com a cena seguinte.

   Toda minha família usando preto, com um caixão fechado. Killian segurava em seu colo uma Hope inconsolável, enquanto seu próprio rosto estava encharcado. Minha mãe estava abraçada em meu pai, enquanto Regina e Zelena não tinham nenhuma reação. Henry parecia sem chão. Neal e Lucy olhavam o caixão sem nem mesmo respirar.

A Princesa & O PirataOnde histórias criam vida. Descubra agora