Começos e finais

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   Emma me encarou pela primeira vez. Ela com certeza tinha chorado, mas parecia em choque agora. Eu não me movia, se não fosse pelo vai-e-vem rápido no meu peito causado pela respiração acelerada.

   - Killian, e-eu não fiz... nada, v-você...

   Balancei a cabeça rápido. Eu tinha mesmo ouvido certo?

   Mamãe?

   Não sabia nem com qual das duas eu falava primeiro. Por fim, abaixei na altura de Hope. Ela não tinha reparado em nada, ainda me olhando com raiva.

   - Como foi que você chamou a Emma, querida?

   - Mam... Ah.

   Só então Hope percebeu, corando imediatamente de vergonha. Ela correu os olhos entre nós dois, para por fim me abraçar e enfiar seu rostinho na dobra do meu pescoço.

   - Papai... Desculpa.

   Eu não sabia o que fazer naquele momento. Mandava ela se desculpar com Emma? Brigava? Aceitava aquilo tudo e, instantaneamente, Hope teria mesmo uma mãe? Ou Emma não aceitaria tal coisa?

   Eram muitas perguntas que eu pensava. Emma ficaria aliviada ou chateada se eu simplesmente virasse e saísse daquele quarto?

   Pela primeira vez desde a fala de minha filha, encarei Emma. Seus olhos verdes pareciam cansados e sem brilho nenhum. Ela os fechou devagar, virando o rosto. Não entendi qual foi a mensagem por trás.

   Hope precisava mesmo chamar ela de mamãe num momento tão tenso entre nós dois?

   Coloquei minha filha no chão, acariciando seu rosto. Ela me encarou esperançosa.

   - Filha... Eu sei que isso tudo é confuso mesmo. Entendo que você sente muito a falta de ter uma mamãe. Mas antes de você ter uma mesmo, ela e o papai precisam conversar sobre isso antes. Ser sua mãe é uma decisão importante, piratinha. Não é qualquer uma que aceitaria ouvir seus roncos de noite.

   Falei em tom de piada, apertando seu narizinho. Hope riu, mas logo em seguida bufou e bateu o pézinho em uma falsa indignação.

   - Eu não ronco de noite, papai! Quem faz isso é porquinho. Eu não sou um porquinho!

   Ri, admirando a fofura daquele momento. Ao subir meu olhar, vi Emma sorrir com a fala de Hope. Ela me encarou com um pouco de... medo? Mas sorri levemente para ela ver que estava tudo bem.

   - Hope... que tal um último abraço?

   Hope correu até a cama imediatamente, envolvendo Emma em seus bracinhos. Swan cheirou os fios infantis, deixando um beijo ali. Em seguida, beijou também o rosto delicado da minha piratinha.

   - Agora que tal você ir passar um tempo com o papai? Já conversamos bastante.

   - Mas... papai?

   - Sim, meu amor?

   - Eu quero ficar aqui com vocês dois!

   - Hope...

   - Não é justo, papai! A Emma ficou fora três dias inteirinhos! Eu tô com saudades dela. Mas eu também quero ficar com você.

   Desde que era bebê, Hope sabia como me ganhar. Um choro falso, sem lágrimas nenhuma, vem dela bem rápido. E não demoram a aparecer as lágrimas quando eu insisto nisso. Bufando, fui até a cama e peguei minha pirracenta no colo.

   - Acho que podemos jantar juntos. Se a Emma quiser, é claro.

   O choro acabou, enquanto Hope se virava para a loira com um sorriso enorme.

A Princesa & O PirataOnde histórias criam vida. Descubra agora