Pequena Alice

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    Fiquei no mais completo silêncio enquanto a reunião seguia. Como eu esperava, as notícias foram piores. Decidiram adiantar nossa entrada no Palácio para, pontualmente, às 13h. De acordo com Regina, ainda seria uma surpresa.

    Com isso, reparei que teria poucas horas com minha filha. Disposto a terminar logo com o discurso de Regina  David, queria subir para o quarto e aproveitar todo meu tempo com minha pequena Hope; o que ainda me restava como âncora num mundo tão injusto.

    As Mills queriam manter as duplas, e foi  esse o único momento que ergui a voz. Eu claramente não poderia mais estar com Emma. Ao fazer esse pedido de mudança, recebi alguns olhares confusos. Vi a desconfiança novamente no olhar de David, de forma que nem ousei encarar Emma.

    Ficou decidido então que os demais seguiriam as antigas duplas, cobrindo novos lugares, enquanto Zelena e Emma ficariam com a cozinha e eu com Regina no quarto de Hans. Assim que isso foi decidido, pedi licença e os deixei para trás decidindo detalhes que já não me importavam.

    No meu quarto, arrumei todas as minhas coisas nos baús e malas que já tinha. Deixei em cima da cama apenas  roupa que usaria no dia seguinte, com a espada que Emma me dera. Insatisfeito com isso, deixei também a minha antiga junto.

    Entre minhas coisas, achei um papel e caneta. Rabisquei de qualquer jeito para Emma que, após o fim do conflito, tinha partido com Hope em direção à uma vida mais calma. Deixei em aberto um convite para que ela me procurasse e nos desse a chance de uma conversa. Dobrei, assinei e escrevi Emma do lado de fora, assim colocando o papel em baixo do meu travesseiro.

    Em outro papel, rabisquei algo muito semelhante a um testamento. A conversa com Emma me deixou com medo. Esse papel deixei em cima das minhas roupas na minha primeira mala.

[...]

   Foi difícil dormir. Toda hora, ao me revirar no travesseiro, ouvia a carta para Emma fazendo barulho com minha movimentação. Antes que minha noite de sono fosse totalmente estragada, levantei e fui para o quarto de Hope.

   Próximo da minha filha, sendo finalmente tomado pelo sono, não consegui parar de pensar em Emma.

   Tentei tomar raiva dela. Se pensasse que ela era uma das mais infelizes sereias, que me seduziu para depois me deixar naufragar sozinho, deveria passar a odiá-la. Mas não. Só consegui sentir amor pela mais linda das sereias que encontrei e que, por um breve tempo, foi minha.

   Lembrando das noites juntos, dos amores, de cada riso compartilhado e dos sorrisos cúmplices. Ela era mesmo uma mulher incrível. Seus carinhos que fizeram tão bem à Hope...

   Como eu poderia seguir depois sem aquela loira comigo? A ideia de uma maldição para esquecer até que não era tão ruim.

[...]

     Acordei cedo. Arrumei a mala de Hope com tudo que ela poderia precisar, apenas o básico. Pedi que a governanta arrumasse o café na varanda do quarto de minha filha, e o primeiro e único doce que chegou foi a maldita torta de maçã para minha filha.

     Admito que, retomando velhos hábitos, misturei rum à minha xícara de café. Tornaria o dia mais fácil.

     - Bom dia, papai!

     Virei para trás. Ali estava minha bebê, vestindo sua camisola e agarrada no Sr. Urso, o mesmo coelho de sempre. Sorrindo meio emocionado, abaixei em sua altura.

     - Bom dia, meu amor. Ele vai tomar café com a gente hoje?

     - Sim! E ele disse que está atrasado para o chá. Tem chá hoje, papai?

A Princesa & O PirataOnde histórias criam vida. Descubra agora