Prólogo

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Secretamente, eu acho que você sabia
Segure-o, woah
Tente escondê-lo, mas meus caminhos são melhores
Segure-o, woah
Tente escondê-lo, mas meus caminhos são melhores
Parado e incapaz
Você me implorou por fio
Para costurar esse buraco que você rasgou na minha cabeça
Estupidamente você pensou ter tudo sob controle?
Amarrado à algo que você não entende
Não sei no que você esteve se metendo
Você deveria saber
Secretamente, eu acho que você sabia
Yellow Flicker Beat - Lorde

O dia estava frio e o cinza predominava o ambiente, as pessoas pareciam conectadas com o tempo e quase nunca sorriam, inclusive eu. Desde o início eu senti que algo ruim iria acontecer e tentei avisar meus pais que não estava sentindo-me bem para ir a mais um dos seus estúpidos eventos – o que é claro, não surtiu efeito algum. Além de ter sido obrigada a comparecer, eu fico sendo comparada com a minha irmã gêmea a cada segundo.

"Nossa Nix, porque você não é tão graciosa como a Anthea?"

Porque isso e porque aquilo.

Eu só queria voltar para casa, passar na biblioteca e pegar um livro novo que vovó tinha indicado, "Edda Em Verso". Mas quando você tem 12 anos suas vontades não são consideradas, o que é uma droga. Distrair-me e fugir daquele lugar não é uma opção.

– Nix, porque está se escondendo aqui? – ouvi a voz de Anthea vindo das árvores e a fitei – A mamãe mandou eu procurar você e avisar que o almoço já foi servido, vamos logo, daqui a pouco ela virá e não vai ser legal.

Suspirei, e tirei os olhos dela. Estamos vestidas exatamente iguais, a única coisa que nos diferencia é o laço na cabeça, cada um de uma cor.

– Avisa para a mamãe que você não me achou, Thea, por favor. Quero ficar aqui mais um pouco.

– Não Nix, mamãe vai ficar brava e acabar punindo você novamente! Venha almoçar logo, você come um pouco e quando acabar pode voltar.

– Eu não quero Anthea! – quase gritei, brava que como sempre, ela insistia para eu fazer o que ela queria fazer – Me deixa em paz! Você pode voltar e continuar sendo a menina perfeita da mamãe e do papai. Eu só quero ficar em paz! É pedir muito?

– Deixe de ser chata Nix! – bateu os pés, colocando as mãos na cintura – A culpa não é minha se você e mamãe estão sempre brigando. Vamos, tire seu laço e me entregue! Vou voltar e fingir que sou você, a mamãe não vai reconhecer.

– Ela vai perceber sim Thea, ela consegue diferenciar nós duas.
– Não hoje, tem muita gente aqui e eu só vou comer no seu lugar. É até legal porque eu posso comer duas vezes a sobremesa, quem vai perder é você.

– Ok, tome, me entregue o seu laço também. Se alguém aparecer eu vou ser tão doce quanto uma bala de caramelo.

– Comporte-se irmã, daqui a pouco eu volto para trocar os laços novamente.

Ela sai saltitante e eu volto a fitar o céu escuro e as arvores dançando com o vento. O tempo passou, pude ver pelo relógio e eu comecei a ficar com frio e entediada, como estava dentro da floresta que ficava nos fundos da mansão dos Akharans, ninguém apareceu, como eu pensei que fosse acontecer, o que era muito estranho.
Limpei meu vestido como pude e fui fazendo a trilha de volta, a fome estava alta e eu suspeitava que a minha irmã não tinha voltado para me punir por não ter ido para o almoço, tomara que a mamãe não tenha percebido nada de diferente em Anthea.

Quanto mais perto eu vou chegando da casa, mais angustiada fico. Ouço de longe o nome da minha irmã sendo chamado, cada vez que me aproximo os gritos ficam mais altos. Paro por um segundo, algo me diz que não quero descobrir o porquê de Anthea estar em apuros, mas é aí que eu me lembro que ela estava no meu lugar e que então sou eu que estou sendo chamada. Droga. Fomos descobertas.

Incomparável Nix (EM PAUSA)Onde histórias criam vida. Descubra agora