My Dear Teacher – Capítulo Vinte E Seis
Louis acordou com dor de cabeça e de mau humor graças a discussão que teve com Charlotte na noite anterior. Ele desejou que aquilo fosse apenas um sonho e que as coisas pudessem voltar a ser como eram antes.
Porém, o professor estava convencido de que tinha feito a coisa certa. Pela primeira vez, não fora egoísta em um relacionamento. Talvez porquê a moça fosse diferente, especial, ela merecia mais. Como Louis não podia oferecer mais do que um caso às escondidas, era melhor que ela tivesse a chance de ser feliz com outra pessoa.
Após um banho rápido e um demorada olhada no espelho, Tomlinson concluiu que precisa a se barbear, mas estava tarde e com preguiça. Ficaria para outro momento. Ao se vestir, Louis encontrou a blusa perdida de Charlie no seu closet. Certo de que tinha sido a senhora que vai uma vez por semana para arrumar a casa, o professor pensou em devolver a moça, mas seria apenas uma desculpa para vê-la. Devolveria depois.
Tomou um café puro e foi para a faculdade. O dia estava agradável, a única coisa que o incomodava era a lembrança da aluna com o nariz vermelho e quase chorando. Se sentiu péssimo por ter feito Charlotte ficar daquele jeito.
Ao chegar na faculdade, Louis estava em cima da hora para sua aula. De acordo com os horários ele teria a penúltima e a última aula do dia na classe de Charlotte. O professor não conseguiu disfarçar que procurava por alguém quando entrou na sala e sem ao menos dar bom dia, continuou procurando Charlotte com os olhos. Ela não estava lá. Será que ela tinha saído para ir no banheiro ou coisa assim? Ou não teria ido para aula?
Quando se deu conta de que a turma estava sem entender sua atitude, ele deu bom dia e iniciou a aula. Quase dez minutos se passaram quando alguém bateu na porta e pediu licença em seguida.
— Com licença, Tomlinson. — Era o professor de comunicação, Edwald Keplin. — Os alunos estavam comigo, terminando um seminário. Você pode recebê-los?
Era um grupo de cinco ou seis alunos e dentre eles estavam Charlotte e o maldito amigo loiro.
— Claro. — Os alunos entraram em silêncio e Edwald o cumprimentou ao sair.
— Bom dia para os recém chegados. Estava comentando essa questão. — Louis apontou para o quadro e continuou a aula.
Charlotte sentou atrás de Niall e não olhou nos olhos do professor em nenhum momento. O resto da aula passou como de costume e antes de terminar a segunda aula, Louis foi interrompido mais uma vez. Dessa vez era a secretária do reitor.
— Com licença senhor Tomlinson, o senhor Turner pediu que dispensasse a classe mais cedo e fosse conversar com ele imediatamente.
Não era comum isso acontecer e parecia ser algo realmente urgente. A pedido da senhora, Louis dispensou a classe e seguiu para sala do reitor ainda sem entender a situação.
Após três batidas na porta, Louis entrou. Harris Turner era um homem de meia idade extremamente sério e rigoroso. Louis se sentia minúsculo diante dele.
— Me chamou?
— Evidentemente. Sente-se. Temos um assunto seríssimo para tratarmos.
Louis estava nervoso pelo tom de voz do reitor e pelas palavras que saíam de sua boca. Pelo que ele entendeu, uma aluna tinha o denunciado na reitoria por assédio e perseguição. Eles iriam apurar o caso já que não tinham prova ou testemunhas. Caso fosse provado, ele seria demitido e se uma denuncia fosse feita na delegacia, poderia ser preso.
Tudo estava acontecendo muito rápido e Louis fez o que pôde para tentar dizer ao reitor que isso era sem cabimento e que ele jamais faria algo assim. Porém, o reitor se limitou a responder que o caso seria apurado e que no dia seguinte chamaria a vítima e ele para uma conversa.
— Acredito que você esteja ciente de que isso é gravíssimo. E eu não pretendo manchar o nome da universidade com esse tipo de escândalo. O caso será abafado e resolvido entre os envolvidos.
— Eu entendo. E posso lhe garantir que isso não passa de mal entendido. Eu jamais assediaria ou perseguiria ninguém! Posso saber quem fez a denúncia?
— Não. Foi anônima. Amanhã, no primeiro horário, conversaremos com a presença de Charlotte Campbell, a vítima do caso. Você está dispensado.
Louis não sabia o que pensar, as informações ainda não estavam sendo processadas em sua mente. Charlotte não seria capaz de fazer isso para prejudica-lo. Ou seria? Ele sabia que a moça deveria estar com raiva por tudo que aconteceu e já seria motivo o suficiente para que ela o denunciasse.
Dominado por sua fúria e incredulidade, Tomlinson deixou a faculdade às pressas na intenção de organizar seus pensamentos. Dirigindo em alta velocidade e sem pensar nas consequências, Louis seguiu para casa.
Seus pensamentos estavam uma bagunça e o professor não conseguia pensar com clareza. Isso só podia ser um pesadelo! Chegando em casa, Louis estacionou o carro de qualquer jeito e viu que tinha alguém sentado no degrau na porta de sua casa.
Era Charlotte. A moça estava sentada no chão brincando com as unhas. Quando notou sua presença, ela se levantou e limpou a roupa. A morena parecia um pouco nervosa e algo a mais que Louis não conseguiu identificar. Quando ele desceu do carro foi recebido com um sorriso.
Como ela era cínica! Estava lá toda sorridente depois do que fez para prejudica-lo. Charlotte só podia ser burra achando que indo lá ele não desconfiaria de sua culpa nessa denúncia infundada.
— O que você veio fazer aqui? — O professor bateu a porta do carro com mais força do que deveria.
— Eu pensei no que você falou ontem e acho que você está errado. — O nervosismo de Charlotte aumentou quando ela percebeu o tom de voz do professor. — Eu acho que tudo que aconteceu entre a gente foi porque eu quis e nós...
— Como você é dissimulada! — Louis passou por ela enfurecido e abriu a porta.
— Como? — Charlie pensou que ouviu errado, que seus ouvidos a enganaram, mas ele fez questão de repetir.
— Você é dissimulada e falsa. Como você tem coragem de aparecer aqui depois do que você fez? — Louis perguntou nervoso entrando em casa.
— O que? Eu não fiz nada! Você quem fez! — Charlotte o seguiu.
— Agora você vai jogar a culpa em mim? Você não tem vergonha? Vem na minha casa depois do que fez e tem a capacidade de dizer que a culpa é minha? Você deve ser louca. — Louis estava muito alterado e nervoso.
— Opa. Espere aí. Não me chame de louca. Eu não fiz nada, muito pelo contrário, vim aqui tentar resolver as coisas. — Mesmo sem entender o que estava acontecendo, a morena começou a ficar nervosa. Ela nunca tinha visto Louis daquele jeito.
— Você é cínica! Você sabe perfeitamente o que fez! O que você estava pensando? Ficou com raiva porque eu terminei com você e quis se vingar? EU POSSO PERDER MEU EMPREGO POR CAUSA DE VOCÊ! — Sem conseguir se conter, Louis gritou assustando a morena.
— O que está acontecendo? — Charlotte perguntou mais uma vez.
— Vai fazer a louca agora? Mas tudo bem, eu te refresco a memória. — O professor se aproximou dela e apontou um dedo para ela. — Você me denunciou na reitoria por assédio e perseguição e amanhã nós iremos conversar com reitor. Lembrou agora?
A moça deu um passo para trás e tentou controlar a respiração.
— Louis, eu não fiz isso.
— FEZ SIM! PARE DE SER MENTIROSA! — Louis gritou mais uma vez. — Você é igual a minha ex mulher. Baixa, falsa, mentirosa e manipuladora. Não conseguiu o que queria e resolveu se vingar?
— Louis, para com isso. Eu não fiz nada! — Lágrimas começaram a brotar nos olhos da morena e sua respiração não tinha mais controle.
— Você não cansa, não é? O que você pensou? Que me denunciando e vindo aqui depois eu não ia desconfiar? Pensou que eu ia ficar com você depois disso? Eu odeio gente mentirosa, Charlotte.
— Louis, eu não estou mentindo. Me escuta. — Charlotte tentou tocar nele, mas ele se afastou.
— Isso não vai funcionar! Você não vai me manipular! Você não passa de uma garotinha mimada e infantil que não se importa de prejudicar a vida das pessoas. Você é rica, não está nem aí com os problemas das pessoas. Passou pela sua cabeça que você pode destruir minha vida com sua criancice? Não. Porque você só pensa em você. Egoísta.
Lágrimas escorriam pelo rosto de Charlotte e isso fez com que Louis ficasse com mais raiva.
— PARE DE FINGIR! EU NÃO CAIO NO SEU TEATRINHO DE MERDA!
— Eu não estou fingindo nada! — Charlotte esbravejou dando um passo para frente e limpando as lágrimas.
— Charlotte! Pare! — Louis a segurou pelos ombros e a sacudiu um pouco. — Eu não acredito em você! Pare de mentir!
— Louis, me solte! Isso já passou de todos os limites! — Charlotte tentou se soltar, mas ele não permitiu.
— Eu nem comecei! Você vai me ouvir agora! — Louis continuou a segurando pelos ombros. — Você é mimada, insuportável, egoísta, mentirosa e idiota! Não vai chegar a lugar nenhum mentindo!
— Louis, você está me machucando. Me solte! — Charlie com o rosto banhado de lágrimas conseguiu se soltar.
— Se eu sou tudo isso, por que você quis ficar comigo? — A morena perguntou alisando os braços que deveriam estar vermelhos.
— Sexo. É só pra isso que você serve. — Charlotte não se conteve, as lágrimas que ela insistia em segurar rolaram pelo seu rosto incontrolavelmente.
— Louis, eu não fiz nada disso. Você está sendo injusto e vai se arrepender de cada palavra que disse. Eu estou cansada de ser machucada por você!
— Eu estou cansado de ouvir suas mentiras. Espero que você esteja feliz de ter estragado minha vida! — Louis estava muito irritado. — Quer saber? Saia daqui! Vá embora!
— Louis! — Charlotte estava surpresa com a grosseria de Louis e apesar de humilhada ainda tinha dignidade.
— VÁ EMBORA! — Louis abriu a porta e a empurrou de leve até a saída.
Antes que pudesse sair, Charlotte enxugou as lágrimas e olhou para trás.
— Quando você se der conta dessa injustiça, não me procure. Eu não quero mais olhar pra você. Você me machucou, me humilhou e expulsou como se eu fosse um cachorro. Quando se arrepender, lembre-se dessa cena. Você me expulsando depois de tudo o que me disse. Até nunca mais.
— O que te faz pensar que eu vou te procurar? — O professor perguntou quando a moça começou a andar para ir embora.
— Você está cometendo um grande erro. Não me procure quando descobrir isso. Adeus.
Charlotte não olhou mais para trás. Seguiu andando em passos lentos até em casa. Ela segurou as lágrimas o máximo que pôde, mas acabou desabando. Ela sentou em um banco perto de uma praça e chorou sem parar por vários minutos.
A morena nunca se sentiu tão usada, humilhada e magoada em toda sua vida. Ela abraçou o próprio corpo e chorou por mais um tempo. Em casa ela não poderia chorar com tanta liberdade, tinha que aproveitar para chorar tudo que podia na rua. Depois de longos minutos chorando, ela decidiu ir para casa. Era o melhor que podia fazer naquele momento.
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My Dear Teacher
RomantikAs decisões da juventude nem sempre são as melhores. Charlotte Campbell teve pleno conhecimento disso aos 18 anos. Ela sabia que não deveria se envolver, que não deveria se deixar levar, mas foi maior e mais forte. O sentimento a venceu e acabou se...