Capítulo Vinte

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My Dear Teacher – Capítulo Vinte
  
   Charlotte ainda não sabia o que responder para Sophie, pois ela poderia acabar dizendo algo que não devia em casa. Além disso, a morena não sabia o que Louis pensava sobre o “relacionamento” deles.
   Antes que algum deles pudessem responder alguma coisa, a garçonete chegou trazendo os bolinhos e com isso a menina esqueceu da pergunta.
— Ela é bem esperta para a idade dela. — Charlotte comentou ainda envergonhada.
— Puxou a irmã. — Os dois trocaram sorrisos após o comentário de Louis.
— Sabe, eu tinha outros planos para o nosso dia. — O professor disse fazendo carinho na mão de sua aluna e com um sorriso de canto no rosto.
— Eu também. Mas, minha mãe sai 10:00 e a babá pode ficar com ela mesmo com meu pai em casa.
— Mas não se preocupe. Estou gostando de conhecê-la. — Charlie olhou para a irmã que comia um bolinho e parecia alheia a conversa.
— Ela é incrível. Todos os dias eu me apaixono cada vez mais. Acompanhar o crescimento dela é a melhor coisa da minha vida. — A morena sorriu enquanto passava a mão nos cabelos da irmã.
   Louis passou alguns segundos admirando a forma como sua aluna tratava a irmã. Era lindo ver as duas interagindo com tanta sintonia e ele só conseguia pensar em como ela seria uma boa mãe. A morena tinha jeito com crianças e certamente ficaria linda grávida. Mas porquê ele estava pensando nisso? O professor afastou esse pensamento e decidiu que iria focar no presente. Eles estavam se divertindo e isso bastava.
    Mesmo correndo um grande risco, valia a pena. Louis evitava pensar mais sobre aquele assunto e seria melhor assim, pois quanto mais ele pensasse mais sua consciência o levaria a fazer a “coisa certa”.
— Certo? — Charlotte perguntou novamente tirando Louis de seus pensamentos.
— Desculpe, o que você falou? Eu me distrai. — Tomlinson se ajeitou na cadeira e voltou a prestar atenção no que a garota falava.
— Eu dizia que a gente podia fazer alguma coisa para passar o tempo. Ainda faltam duas horas para as 10:00. — Charlotte colocou o cabelo atrás da orelha e alternava seu olhar entre Louis e Sophie.
— Nós podemos passear na pracinha. O que você acha?
— Ótima ideia! — Charlotte sorriu e o professor não conseguiu evitar o sorriso.
— O que você acha de brincar no parquinho, Sô? — Louis perguntou para a menina.
— Eba! Vamos! — Sophie bateu palminhas com animação.
— Quando nós terminamos de comer nós vamos, tudo bem? — A pequena apenas concordou balançando a cabeça para a irmã.
   O clima estava leve e descontraído e para Charlie, ver Louis tão a vontade era novidade. Aquilo era quase um segundo encontro, se não fosse pela presença de Sophie.
   A morena tentou pensar que o quê estavam fazendo era errado e por conta da ética entre aluno e professor eles não deveriam estar saindo, mas para Charlie era mais do que alguns encontros casuais. Ela estava conhecendo seu professor cada vez mais e gostando do que estava conhecendo. Era tão errado assim?
   A estudante de jornalismo desejou que em um universo paralelo pudesse ser livre para conhecer Louis sem se importar com os obstáculos. Ela queria que pudessem ter se conhecido em outro ambiente. Mas, se eles tivessem se conhecido em outras circunstâncias as coisas seriam como são agora?
   Afastando os pensamentos mórbidos, Charlotte pensou no momento presente e resolveu aproveitar. Ela não sabia o quanto duraria, mas enquanto durasse iria aproveitar ao máximo.
   Após tomarem café e comerem cupcakes, o “casal” saiu em direção a praça ao lado com Sophie nos braços de Charlotte.
   O tempo passou mais rápido do que a morena gostaria e logo chegou a hora de deixar a irmã em casa. A única desculpa boa que Charlotte conseguiu pensar era que iria fazer um trabalho da faculdade na casa de uma amiga.
— Amor, eu vou deixar você em casa com o papai porque tenho que estudar com uma amiga. Tá bom? — Charlotte disse à irmã enquanto estavam no caminho de casa.
— Não, mamãe. Eu quelo ir com você! Eu plometo que vou ficar quietinha. — Sophie estava com cara de choro quando cruzou os bracinhos.
— Eu sei, meu amor. Mas, você vai assistir Frozen com o papai. Não é melhor? — Charlotte tentou convencer a irmã enquanto Louis dirigia apenas ouvindo o diálogo das duas.
— Tá bom. — Sophie não estava muito animada, mas era melhor do que nada.
   O resto do caminho foi calmo e silencioso. Sophie estava distraída brincando com as unhas da irmã e Charlotte estava com o pensamento longe. Louis, por sua vez, estava pensando na conversa que eles estavam adiando a respeito da noite anterior. De uma coisa ele tinha certeza, não seria fácil.
   Quando chegaram na rua de Charlotte, a morena pediu para que seu professor parasse o carro algumas casas antes para não correr riscos. As duas foram andando normalmente e quando entraram em casa a pequena foi a procura de Molly, como era de costume.
— Pai! — Charlotte gritou da sala.
— No escritório! — Peter respondeu.
   A garota caminhou até o escritório em passos largos e como estava com pressa nem bateu antes de entrar.
— Pai, Sophie está com Molly. Eu tenho que ir pra casa de Niall terminar um seminário, volto mais tarde. Beijo! — A morena falou tudo rapidamente para que o pai não tivesse tempo de questionar.
— Do nada? — Peter perguntou deixando uns papéis em cima da mesa.
— Não, já estava marcado há muito tempo. Mas, Sophie e eu demoramos muito no parque e agora estou atrasada. E falando em Sophie, ela disse que você vai assistir Frozen com ela. Por favor, faça um esforço.
  Charlotte não esperou uma resposta, foi até seu quarto e pegou sua mochila com os cadernos para ninguém desconfiar de nada.
— Que rápida! — Louis comentou quando Charlotte entrou no carro.
— Tive que ser. Caso contrário, meu pai me encheria de perguntas.
                             [...]
   Charlotte desceu do carro e esperou que Louis fosse na frente para abrir a porta. Ela sabia que eles iriam conversar sobre a noite anterior, mas ela não sabia se queria entrar nesse assunto.
   O professor sentou-se no sofá, mas a morena estava distraída no que diria a Louis que não o acompanhou.
— Charlotte? Pode sentar. — Tomlinson disse chamando a atenção da garota.
— Ah sim. Eu estava distraída. — Ela se sentou ao seu lado e deixou a mochila no chão.
— Então, sobre ontem a noite...
— Você não me deve satisfação, Louis. — A voz de Charlie estava calma, mas ela estava borbulhando por dentro.
— Não é isso. Não quero que você pense que ainda mantenho qualquer tipo de relacionamento com a minha ex. E não foi nada legal aquela situação da noite passada. — Charlotte cruzou as penas no sofá e analisou a expressão de seu professor: ele estava sério, porém relaxado.
— Está tudo bem. Eu só fiquei chateada porque ela estragou nossa noite e com a forma que ela falou. Parecia que eu não tinha nenhum valor. — Charlie falou desviando o olhar de Louis. A verdade é que ela não queria entrar no assunto “relacionamento”.
— Ei, não pense isso. Você é incrível! Linda, inteligência, educada, delicada e dedicada em tudo que faz. Você é admirável! — A morena sorriu em agradecimento.
   Os dois passaram alguns segundos em silêncio e a estudante de jornalismo tentou pensar numa maneira de falar o que estava pensando.
— Nós nunca iremos passar disso, não é? — Charlotte perguntou em um tom afirmativo ainda sem olhar nos olhos de Louis.
— Disso?
— É. Tipo, nós nunca iremos ser mais do que somos agora. — Louis viu nos olhos da garota como ela estava triste e de certa forma a culpa era sua.
— Charlotte, você sabe que é complicado. — O professor tentou amenizar.
— Por isso estou dizendo que nunca passaremos disso. — Ela deu um sorriso triste. — Uma pena, estou gostando de te conhecer melhor.
  Louis não conseguiu responder nada, não tinha coragem para enfrentar os obstáculos.
— Se a gente tivesse se conhecido em outras circunstâncias, você acha que daríamos certo? — Charlie questionou brincando com as mãos sem olhar Louis nos olhos.
— Talvez. Se você não fosse minha aluna eu com certeza iria querer passar um tempo com você.
— Me conhecer de verdade e não somente passar o tempo. — A garota completou com a voz calma e sem vestígios de mágoa, era como se ela estivesse abrindo os olhos e constando os fatos.
— Charlotte...
— Falei alguma mentira?
— Não, mas...
— Está tudo bem. Em nenhum momento você me falou que queria um relacionamento. Eu te entendo, de verdade. Mas, não significa que não seja um fato triste.
   Louis se aproximou dela, segurou nas suas mãos e olhou diretamente em seus olhos.
— Charlotte, relacionamentos não garantem nada. Nós podemos manter o que nós temos do jeito que está. Sem que ninguém precise saber, pelo menos por enquanto. A faculdade é muito rígida em relação ao que nós estamos fazendo. Não quero que você se prejudique e não quero perder o emprego. — O professor colocou uma mecha de cabelo da morena atrás de sua orelha.
— Com qual objetivo?
— Como assim, qual objetivo?
— Qual o objetivo de fazermos isso se não temos perspectivas? Quando você deixar de ser meu professor isso ainda será um problema porque você foi meu professor e as pessoas vão comentar. Isso sempre vai ser um obstáculo.
— Vamos viver um dia de cada vez. Ainda está muito cedo para pensarmos no que vai acontecer depois. Eu só tenho o hoje. E hoje eu quero passar o dia com você, comendo nossa comida japonesa que não comemos ontem, assistindo alguma besteira na televisão e sentindo seu cheiro. — O professor se aproximou e cheirou o pescoço da moça. — Beijando cada centímetro da sua pele — Ele depositou beijos em seu pescoço.
   Logo o assunto foi esquecido. Charlotte sabia que iria se machucar no final, mas só quis pensar no presente e naquele presente tão mágico e tão intenso. Talvez ela estivesse gostando cada vez mais de seu professor, mas por hora resolveu não pensar no assunto.
   Quanto a Louis, viver um dia de cada vez realmente funcionava e sua consciência não reclamava muito. Ele não queria pensar nas consequências, nem no que significava aquela necessidade da companhia da moça. Talvez fosse apenas desejo ou carinho. Mal sabia ele que esse carinho só aumentava.
   Não muito distante, Sophie e seu pai assistiam Frozen. Peter não parava de mexer no celular um segundo, mas pelo menos estava do lado da filha caçula.
— Como foi o passeio com a Charlie? — Peter perguntou quando o filme terminou.
— Foi legal. Eu comi bolinhos, colli no parque, vi um auau glandão e teve o tio Louis.
— Quem?
— O auau.
— Não, tio Louis. Quem ele é, Sophie? — Peter questionou sem entender.
— Um coleguinha da mamãe que dilige e é legal. Ele também fez o que faz com a mamãe.
— O quê?
— O beijinho no carro, papai.

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